segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Pensamentos que voam


Olívia de Cássia – jornalista

Dizem que a dor educa a gente, mas cada pessoa tem uma forma de ser e de encarar a vida. Eu já passei por muitos momentos de angústia e tristeza, instantes depressivos que eu avaliava que nunca iam acabar.

Hoje em dia os vejo como parte de um passado, coisas que serviram de aprendizado e experiência. Muitas das dores que vivi, eu sei,  foram consequência da minha teimosia, da minha rebeldia e da desobediência, por conta do meu radicalismo extremo.

Os mais velhos nos diziam que a gente devia escutar os bons conselhos que eles nos davam e dão, pelas experiências que já tinham vivido. Mas quando a gente é jovem ignora muito desses ensinamentos e talvez todo o sofrimento que eu tenha passado tenha sido por esse motivo.

Pela dificuldade que eu tinha de escutar os conselhos da minha mãe, pelas divergências do nosso modo de pensar, era um choque de gerações e os tempos eram de dificuldades nos relacionamentos entre pais e filhos.

Mas já era tempo de eu aprender alguma coisa, nessa altura da minha vida. Hoje em dia eu penso mais leve, de maneira mais suave, com humor, procurando encarar a vida e os problemas de frente, querendo viver cada instante da vida, cada momento único que ainda me resta.

Não costumo cultuar bens materiais, eles são importantes para o nosso conforto, não digo que não quero ter uma vida sadia e mais folgada, mas não vivo à caça de ter grandes fortunas, até porque eu sei que isso não está ao meu alcance.

Não tenho grandes expectativas na vida, não sonho mais com castelos de areia. Quero apenas um mundo de paz, de sabedoria, uma vida confortável, onde eu possa desfrutar calmamente a natureza e o bem viver, continuar fazendo amigos e alimentar essas amizades, até o fim da minha vida.

Quero continuar a exercer minha profissão com dignidade, sem precisar viver só para o trabalho, mas com amor e dedicação ao que gosto de fazer. Hoje eu já não penso mais em um grande amor como eu costumava idealizar na juventude. Isso se resume apenas aos meus escritos e poesias, para alimentar a minha imaginação de poeta e escrevinhadora. 

Já não sou nenhuma menina que acredite em contos de fadas: eles não existem. A maturidade serve para isso, para trazer algum ensinamento e sabedoria, isso quando traz. Eu não consigo aceitar a velhice, que já bateu à minha porta e todas as complicações de saúde e  limitações do corpo que a gente vai adquirindo.

A velhice é uma tortura. Não consigo me convencer do contrário, principalmente quando vou a alguma abrigo de idosos e vejo a situação daquelas pessoas, muitas vezes abandonadas à própria sorte, dependendo da ajuda de terceiros e da comunidade para terminar seus dias aqui na terra. 

É preciso muita dignidade e firmeza para enfrentar tudo isso sem esmorecer. Coloco-me no lugar daquelas pessoas e fico imaginando como será comigo. Mas não quero pensar nessa situação e por isso procuro viver intensamente, cada momento que posso, procurando colocar um pouco de alegria e jovialidade nas coisas que faço. Boa noite e fiquem com Deus! 

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