Olívia de Cássia – jornalista
Dizem que a dor educa a gente, mas cada pessoa tem uma forma
de ser e de encarar a vida. Eu já passei por muitos momentos de angústia e
tristeza, instantes depressivos que eu avaliava que nunca iam acabar.
Hoje em dia os vejo como parte de um passado, coisas que
serviram de aprendizado e experiência. Muitas das dores que vivi, eu sei, foram consequência da minha teimosia, da minha
rebeldia e da desobediência, por conta do meu radicalismo extremo.
Os mais velhos nos diziam que a gente devia escutar os bons
conselhos que eles nos davam e dão, pelas experiências que já tinham vivido. Mas
quando a gente é jovem ignora muito desses ensinamentos e talvez todo o
sofrimento que eu tenha passado tenha sido por esse motivo.
Pela dificuldade que eu tinha de escutar os conselhos da
minha mãe, pelas divergências do nosso modo de pensar, era um choque de
gerações e os tempos eram de dificuldades nos relacionamentos entre pais e
filhos.
Mas já era tempo de eu aprender alguma coisa, nessa altura
da minha vida. Hoje em dia eu penso mais leve, de maneira mais suave, com
humor, procurando encarar a vida e os problemas de frente, querendo viver cada
instante da vida, cada momento único que ainda me resta.
Não costumo cultuar bens materiais, eles são importantes
para o nosso conforto, não digo que não quero ter uma vida sadia e mais
folgada, mas não vivo à caça de ter grandes fortunas, até porque eu sei que isso
não está ao meu alcance.
Não tenho grandes expectativas na vida, não sonho mais com
castelos de areia. Quero apenas um mundo de paz, de sabedoria, uma vida
confortável, onde eu possa desfrutar calmamente a natureza e o bem viver, continuar
fazendo amigos e alimentar essas amizades, até o fim da minha vida.
Quero continuar a exercer minha profissão com dignidade, sem
precisar viver só para o trabalho, mas com amor e dedicação ao que gosto de
fazer. Hoje eu já não penso mais em um grande amor como eu costumava idealizar
na juventude. Isso se resume apenas aos meus escritos e poesias, para
alimentar a minha imaginação de poeta e escrevinhadora.
Já não sou nenhuma menina
que acredite em contos de fadas: eles não existem. A maturidade serve para isso, para trazer algum ensinamento
e sabedoria, isso quando traz. Eu não consigo aceitar a velhice, que já bateu à
minha porta e todas as complicações de saúde e
limitações do corpo que a gente vai adquirindo.
A velhice é uma tortura. Não consigo me convencer do
contrário, principalmente quando vou a alguma abrigo de idosos e vejo a
situação daquelas pessoas, muitas vezes abandonadas à própria sorte, dependendo
da ajuda de terceiros e da comunidade para terminar seus dias aqui na terra.
É
preciso muita dignidade e firmeza para enfrentar tudo isso sem esmorecer. Coloco-me no lugar daquelas pessoas e fico imaginando como
será comigo. Mas não quero pensar nessa situação e por isso procuro viver intensamente,
cada momento que posso, procurando colocar um pouco de alegria e jovialidade
nas coisas que faço. Boa noite e fiquem com Deus!
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