domingo, 1 de dezembro de 2019

Recebendo visitas


Hoje foi dia de me deliciar com a visita dos amigos Sérgio Rogèrio, Marcelo, Carlos Sena, JMarcelo e João Paulo Farias. Sempre bom receber amigos. Voltem sempre.



segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Salve Zumbi e Dandara e #LulaLivre

Olívia de Cássia Cerqueira

Em tempos de tanto atraso e retrocesso no Brasil e no mundo, dá até preguiça de escrever, mas como é chegado o 20 de novembro e os olhos do planeta se voltam para a questão da negritude e de Zumbi, como se a temática se reduzisse ao mês de novembro, vamos lá.
Estivemos no dia da proclamação da República, 15 de novembro, lá no nosso pedaço de chão, visitamos a Serra da Barriga; percorri alguns acessos, mas não pude visitar a lagoa sagrada e nem o Baobá de Abdias Nascimento.

Toda vez que eu ia pra a sede do principal quilombo do país, eu descia, mas como o terreno é íngreme e tenho minhas limitações, por conta da Ataxia, fiquei na varanda da casa do Louro, morador da Serra, fotografando o que via e o restante do grupo foi até lá.
Toda vez que visito aquele chão sagrado, eu renovo minhas energias; precisava voltar, justo agora que estou lendo Escravidão, Do primeiro leilão de cativos em Portugal, até morte de Zumbi dos Palmares. Primeiro volume da obra de Laurentino Gomes, autor de 1808, 1822 e 1889 e me senti inspirada para revisitar meu torrão.

Visitar a Serra da Barriga agora, depois de quase dois anos de aposentadoria, me traz muitas lembranças das incontáveis vezes que fui até ali, para reverenciar o herói Zumbi e seus guerreiros; Dandara, Alquatune e outras tantas lideranças que lutaram e deram o grito de liberdade, no 20 de novembro e em outras datas.

A escravidão no Brasil e no mundo foi a maior vergonha que possa ter existido; nosso país foi um dos derradeiros a extinguir, pelo menos oficialmente, a escravidão, da forma como se conta a história; mas tem gente que continua a tratar pessoas como vassalos e sujeitos aos chicotes.
Gente que sente saudade da tortura, da ditadura e da dureza dos anos de chumbo. O que há de novo entre a escravidão e a ditadura?, pergunta Noemia Porto, presidente da Associação Nacional dos Magistrados (Anamatra) em artigo no Estadão.

Segundo Porto,a escravidão moderna atinge 40 milhões de pessoas no mundo e o Brasil é o campeão na América Latina. “A escravidão persiste de outras formas. O conceito de escravidão moderna abrange, não apenas o Brasil”, observa, mas “um conjunto de elementos jurídicos específicos, incluindo trabalhos forçados, servidão por dívida, casamento forçado, tráfico de seres humanos , escravidão e práticas semelhantes à escravidão” , analisa.

Essa condição de indignidade, segundo ela, ainda faz parte do cenário nacional e o Brasil tem compromisso internacional para eliminação dessas práticas. A magistrada lembra que entre 1964 e 1985 do século passado o Brasil viveu anos de chumbo, com prisões torturas, desaparecimento de pessoas, truculência e outras práticas que escandalizaram quem sempre defendeu os direitos humanos.

Os crimes cometidos nesse período, como muitos de agora, vide caso Marielle Franco e Anderson Gomes, não foram suficientemente investigados. Por qual motivos, muitos sabem, outros querem saber. Em tempo de consciência negra e de se reverenciar Zumbi, precisamos dar um basta a tudo o que está estabelecido de absurdo no Brasil e em toda a América Latina. Viva a liberdade, salve Zumbi e Dandara e #LulaLivre.




segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Coletânia de textos


Olívia de Cássia C. de Cerqueira

Por oportuno, posso dizer que meu próximo livro, Cheiro de memória é uma compilação das crônicas e textos publicados em meu blog pessoal, que já teve mais de 300 mil acessos ao longo de sua criação e comemorativo aos seus nove anos, em 2019, na atual plataforma.

Posso concordar que em alguns capítulos há uma semelhanças com Mosaicos do tempo, meu primeiro livro impresso em gráfica, lançado em 3 em agosto de 2018, no Museu da Imagem e do Som (Misa), em Maceió e em 23 de agosto do mesmo ano, em União dos Palmares, por meio de um financiamento coletivo de campanha, feito pelos amigos Odilon Rios e Ana Cláudia Lurindo.

Percebo que nos meus escritos tenho uma verve mais memorialista, não fossem alguns relatos do cotidiano ou avaliações conjunturais que publiquei na internet, ou na coluna. Agora aposentada, tenho meu blog como espaço para os desabafos, opinativos e também as redes sociais, agora publicados em forma de livro.

Não pense o leitor que eu tenha alguma pretensão maior com minhas publicações; estes textos podem ser definidos como um diário de bordo de uma quase sexagenária, dando asas à sua imaginação. Posso dizer que minhas memórias afetivas ficaram lá atrás, nas brincadeiras da infância, na saudosa Rua da Ponte, no pé da Serra da Barriga, ou nas aventuras da juventude, na terra natal, a Terra da Liberdade. Minhas raízes são de lá.

Nasci na Rua da Ponte, de onde veio esse jeito meio atabalhoado, estranho para algumas pessoas, mas sempre com força de lutar pela vida. A força de Zumbi e de Dandara está no nosso sangue. União dos Palmares é terra que tem histórias para se contar, personagens interessantes e intensos.

De dona Irineia Nunes a nosso poeta maior, Jorge de Lima, que é estudado e conhecido lá fora, mas no município, poucos são os que falam nele, da mesma forma que Povina Cavalcanti que dá nome ao terminal rodoviário da cidade. A professora e educadora Olympia, a professora Salomé Barros, entre outros personagens mais populares que permearam a imaginação e as ruas do município e que fizeram a história do local e mereciam destaque. Arrisco-me a dizer que a cultura palmarina está na UTI e urge que seja resgatada.

domingo, 29 de setembro de 2019

Entrevista de Lula o CGM

https://youtu.be/MsiSfnNSx5U

https://www.youtube.com/watch?v=MsiSfnNSx5U&feature=share&fbclid=IwAR0bkxMXgI7Pg4_0aFgoE558wT2WcgDczUGi-L4KiF_5QKiODa8FdrzVvy8



quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Cheiro de memória

Olívia de Cássia Cerqueira

Eu não era uma pessoa feliz. Sempre busquei a igualdade e uma sociedade mais justa e mais fraterna; mas aquilo que eu vivi naquele tempo foi uma farsa; não conseguia enxergar o mau caratismo de quem se aproximou de mim apenas para tirar vantagem, pensando encontrar uma mulher de posses, a quem pudesse explorar e se gabar para seus amigos, como os mais velhos diziam antigamente.

Eu não conseguia enxergar a realidade, depois de uma separação e colocava a culpa daquilo que estava vivendo nos outros. Não admitia que aquela culpa fosse minha, por não enxergar o óbvio. Se alguém teve alguma culpa de todo sofrimento que passei, esse alguém fui eu.
Hoje avalio assim a minha história, já reportada em Mosaicos do Tempo, e tenho vergonha de pensar nas humilhações passadas, em ter sido submissa (apesar das minhas teorias feministas) tentando viver uma história que não era verdadeira.

Vivi um período de anulação pessoal, paralisei no tempo. Sabia que já tinha sintomas de Ataxia spinocerebelar, mas a depressão acelerou o processo, tenho certeza hoje, os meus sintomas se acentuaram.

Apesar de uma infinidade de limitações, posso dizer hoje que, depois de ter me libertado de um sentimento doentio e apenas de uma via, que sou feliz. Estou tentando viver suavemente, sem aquele peso e angústia que sentia. Tentando não errar tanto.
Quando a gente é jovem, muitas vezes não mede as consequência dos seus atos. Pensa que pode tudo; um tudo que nem sempre é o que se deve fazer. O mundo mudou. Mudamos todos nós, ainda bem.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Bem-vinda, fisioterapia


Por Olívia de Cássia Cerqueira

Quando fui diagnosticada com Ataxia, em 2016, Doença de Machado Joseph, SCA3, eu já fazia fisioterapia há dois anos, porque eu já sabia do meu problema, que é hereditário, e minha sobrinha trabalhava na clínica. Quando entrei de benefício, consegui uma vaga no Cesmac, por meio de uma amiga, e lá estou há três anos. Sou muito grata.

No começo, a gente acha os exercícios fisioterápicos leves e não acredita que surtam efeito algum, pura ignorância nossa, mas com o tempo vamos sentindo alguma melhora, embora a DMJ não tenha cura e a fisio seja apenas um paliativo.

Meu irmão desistiu muito cedo de fazer exercícios, dizia que não adiantava, não tomava nenhuma vitamina ou remédio que fosse e quando eu dizia que ele precisava de um remedinho, calmante, ele dizia que a doida era eu.

Conviver com esse problema não é fácil, não. Tem horas que aparentamos estar muito bem mas, de repente, dá uma moleza, uma fadiga, que alguns podem avaliar como preguiça. A vontade que dá é ficar na cama o dia inteiro.

Mas eu sou muito teimosa e não me rendo: eu teimo, sou persistente e insisto, apesar dos vários sintomas de outras doenças que vão surgindo. Eu já afirmei em outros momentos, que só quem está passando por isso sabe o que digo.

Ataxia é uma doença rara e hereditária, de fundo neurológico, causada por genes defeituosos que são transmitidos, pelo pai ou mãe portador da doença, 50% de chance de transmitir para seus descendentes, de geração à geração. Minha família, direta ou indiretamente que o diga, pois os casos foram se multiplicando ao longo dos séculos, vindo de Portugal, segundo os cientistas.

Os primeiros sintomas da Ataxia são dificuldades com equilíbrio e coordenação, depois com a fala e deglutição, e, finalmente, problemas respiratórios, já são do conhecimento de algumas pessoas. Já fui aconselhada a procurar um fonoaudiólogo, pois minha fala começa a ficar atrapalhada, nas ainda não o fiz, talvez por preguiça mesmo.

Os portadores desse problema vão sentindo suas limitações aos poucos, e vão precisar da ajuda de outras pessoas conforme a doença vai se agravando. Enquanto o cérebro trabalha na velocidade normal, o corpo responde em câmara lenta e isso revolta muita gente acometida do problema.
Ninguém conhece ainda a causa básica da doença, mas no caso da minha é por meio dos casamentos entre primos e parentes. Sabemos que vamos precisar de apoio e solidariedade, sem pieguice, de todos.

Tenho encontrado muita gente solidária e muitos amigos que têm me ajudado a seguir na minha luta, para que eu não desande de vez. Estou procurando viver o que me resta de maneira leve, embora muitos portadores da doença se tornem revoltados e chegam a cometer suicídio, graças a Deus minha vontade de viver e viajar, aproveitar o que me resta, me impedem desse tipo de pensamento negativo.

Nasci e me criei na cidade de União dos Palmares ouvindo histórias de uma doença que afetava a família e da qual ninguém sabia o nome e só se referia à tal como a doença da família ou a maldição dela. Cresci tendo informações de tios e primos e depois meu pai que foram acometidos pela Ataxia; comecei a perceber que eu tinha alguns jeitos e sintomas dos portadores da doença.

No caso do meu pai, seus irmãos de pai e mãe tiveram a doença e já conheci alguns andando de bengala ou inválidos. Meu pai viveu por 14 anos inválido também. Bem no começo dessa história fui dando como certa a possibilidade de alguma pessoa lá de casa vir a ter a Ataxia.

Nesse ínterim, meu irmão do meio, Petrônio José, já falecido, foi apresentando acentuadamente os sintomas, até que deixou de trabalhar, se aposentou, se tornou cadeirante e veio a falecer, depois de uma convulsão provocada pelo engasgo agudo (um dos sintomas da ataxia) e depois do internamento por um mês e os sintomas se agravarem, virou uma estrelinha.

Embora seja apenas para retardar a paralisia de braços e pernas, a fisioterapia me faz um bem enorme e não vou parar de fazer, enquanto eu puder me mexer. Bem-vinda, fisioterapia.,

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Vivências

Olívia de Cássia Cerqueira

Eu tinha muitos conflitos internos na adolescência e juventude. Felizmente me encontrei; a maturidade me trouxe segurança e entendimento sobre situações que eu não entendia e que me causou tanto sofrimento e rejeição de mim mesmo.

Foi preciso sofrimentos internos, apanhar muito da vida e chegar à conclusão que aqueles eram padrões sociais impostos por uma sociedade hipócrita e que não temos a obrigação de ser iguais aos outros. Cada um é cada um e não uma cópia perfeita vinda de fábrica.

Felizmente consegui acessar minhas reais “configurações”, realizei uma ‘restauração interna” para usar uma linguagem tecnológica. Meus pais não entendiam, principalmente minha mãe, aquela menina-moça um tanto quanto infantil, mas inquieta e rebelde. Ela queria mudar o mundo.

Queria e ainda quero viver numa sociedade menos desigual, uma sociedade sem preconceitos e sou acusada ainda de ser sonhadora e utópica; mas como dizia Lenon, felizmente não sou a única pessoa que pensa dessa forma.

Isso não quer dizer que eu seja perfeita e que não tenha tido, em alguns momentos, comportamento feio, preconceituoso, ou agido sem gentileza com algumas pessoas. Aprendi a ser mais vigilante e a obter conhecimentos, por meio de minhas leituras, para atingir esse entendimento que tenho hoje.

No mundo, a desigualdade social é sistêmica e um problema urgente. As diferenças econômicas e de tratamento na sociedade são absurdas, apesar de estarmos no século XXI.

Por aqui a exclusão social é latente, embora tenha diminuído nos governos Lula e Dilma, mas que com esse governo, a exclusão só tem aumentado. Mas esse é um tema para se discutir ao longo dos dias.

A sociedade enxerga e trata as classes menos favorecidas, social e economicamente, ainda, de forma diferenciada. Segundo Carla Mereles, do Politize-se, “a desigualdade social é um tema presente desde a escola, quando se estuda as diferenças econômicas e de tratamento na sociedade, até a faculdade, onde se aprofundam os conhecimentos sobre a área”.

Para Mereles, essa forma de desigualdade prejudica e limita o status social de pessoas por determinados motivos, além de seu acesso a direitos básicos, como educação e saúde de qualidade, trabalho, moradia, boas condições de transporte e locomoção, entre outros.

E eu vou seguindo, diariamente com minhas lutas internas e externas, enquanto me é permitido lutar. Que continuemos a perseguir um mundo melhor e mais justo, que me seja permitido, ainda, lutar pelos meus ideais e dias mais suaves. Bom dia.




domingo, 25 de agosto de 2019

Desabafo

Olívia de Cássia Cerqueira

É domingo. Acordo com os miados dos gatos em frente à porta do quarto e com o chamamento do meu Juca. São seis horas da manhã e eles me fazem entender que está na hora de levantar. Meus filhotes não deixam que eu fique mais do que isso na cama.

Ligo a TV para escutar a missa e vou cuidar do café. Cumpro minha rotina matinal de higiene café e banho e meu casal de Pilcher fica já no aguardo do passeio matinal. Antes vou ao meu jardim ou minha pracinha, como chamo, e vou olhar se minhas plantinhas estão em ordem.

Agradeço a Deus por essa riqueza. Não preciso de muito para ser feliz, apenas de qualidade de vida para viver melhor e com um pouco de resistência para conviver com a Ataxia. Entristeço-me com as notícias que vejo na internet, ao ligar meu notebook ou dar uma olhada no celular.

Ponho-me a pensar que o país poderia estar bem, não fosse o golpe da direita, desde 2014, culminando com o afastamento da ex-presidente Dilma Roussef e a prisão do melhor presidente que o país já teve, Luiz Inácio, nosso Lula da Silva, o homem que deu aos menos favorecidos melhor qualidade de vida e por isso fizeram de um tudo para prendê-lo e transformá-lo em um preso político, há mais de 500 dias.

O personagem eleito para comandar o país não tem condições para ser nem vereador no menor município do país: só fala palavrão, desinformado sobre gestão, bronco, sem caráter. Um ser vil, com uma equipe fraca. Não tem um ministro em sua equipe que me agrade ou que tome alguma decisão que seja em benefício do coletivo.

Governa apenas para empresários ricos e avarentos, que só pensam em ter lucro, acentuando a crise no país. Todos os programas sociais encampados pelos governos do PT foram mexidos ou estão sendo deturpados.

Cortes na educação fundamental e universidades; cortes na saúde, privatizações de setores essenciais e toda uma gama de perversidade estão sendo cometidas por esse desgoverno e o que me causa espécie é a cegueira e entorpecimento, parvonice, burrice e cegueira intelectual de quem votou na criatura e nos ofende desrespeitosamente nas red3s sociais.

Esse desabafo eu faço num momento em que as queimadas na Amazônia se tornaram o assunto mais comentado das redes sociais e ambientalistas, incluído aqueles que votaram em Bolsonaro, observam perplexos e envergonhados, mas que não admitem o erro que cometeram, apenas para justificar o ódio ao PT e a nós que pensamos diferente deles.

Depois da minha aposentadoria, fiquei preguiçosa para escrever meus artigos, mas quero voltar, porque não posso calar, mesmo que as limitações trazidas pela Doença de Machado Joseph me tornem uma pessoa mais lenta nas minhas ações.

Observo amigos da infância se desentendendo e xingando os petistas, democratas, mulheres, comunistas e todos aqueles que pensam diferente deles. Gente que eu aprendi a admirar na infância e que me surpreende com seu ódio e preconceito. Quando é publicado na imprensa alternativa as denúncias contra os golpistas que tomaram o poder, afirmam que são fake news, mas a estratégia dos marqueteiros do coiso para ganharem a eleição, fraudulentamente, são tidas como verdades., Inversão de valores?

E me entristeço e dá uma vontade de me preocupar apenas com minhas plantas, leituras e filhotes, mas não consigo ficar de fora dessa discussão política, não tenho sangue de barata e herdei do meu pai o interesses por esses assuntos. Que tenham todos um bom domingo. Estou de volta.

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Gaspari diz que agressão de Bolsonaro aos argentinos foi assombrosa

247 – O jornalista Elio Gaspari ficou indignado com a agressão de Jair Bolsonaro ao povo argentino, dois dias atrás. "A declaração de Jair Bolsonaro de que a derrota de Mauricio Macri na prévia eleitoral argentina pode significar uma vitória da 'esquerdalha de Dilma Rousseff, Hugo Chávez e Fidel Castro foi coisa inédita, assombrosa. Ele pode achar o que quiser, mas não tem mandato para meter o Brasil numa disputa eleitoral argentina", afirmou.

"Falando de questões internas, pode se intitular 'Capitão Motosserra' ou expor sua teoria da relação do meio ambiente com o cocô. Bolsonaro é assim e, sem dúvida, prefere ver os brasileiros discutindo cocô, em vez do cheiro de uma recessão na economia", escreveu ainda o colunista, que lamentou o fato de o País não ter um chanceler, uma vez que Ernesto Araújo é pau mandado do clã Bolsonaro e não tem qualquer autonomia à frente do Itamaraty.

Saiba mais sobre o caso na reportagem da Reuters:

(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que a Argentina pode enfrentar uma crise migratória, com cidadãos deixando o país em direção ao Brasil, caso a oposição ao presidente Mauricio Macri vença as eleições de outubro, como aconteceu em uma votação primária no domingo.

O neoliberal Macri, que é aliado de Bolsonaro, sofreu uma dura derrota para o candidato de centro-esquerda Alberto Fernández nas eleições primárias argentinas, indicando a derrota do presidente na votação presidencial deste ano.

Fernández tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner, que liderou o país entre 2007 e 2015.

“Não se esqueçam, mais ao sul, da Argentina, o que aconteceu nas eleições de ontem. A turma da Cristina Kirchner, que é a mesma da Dilma Rousseff, que é a mesma de Maduro, Chávez e Fidel Castro, deu sinal de vida aqui”, disse Bolsonaro em discurso durante cerimônia de inauguração de obra de uma estrada no Rio Grande do Sul.

“Povo gaúcho, se essa esquerdalha voltar aqui na Argentina, nós poderemos ter, sim, no Rio Grande do Sul, um novo Estado de Roraima, e não queremos isto, irmãos argentinos fugindo para cá, tendo em vista o que de ruim parece que deve se concretizar por lá caso essas eleições realizadas ontem se confirmem agora no mês de outubro”, acrescentou.

Bolsonaro já havia afirmado no passado que uma vitória da oposição na eleição presidencial da Argentina poderia transformar o país em uma “nova Venezuela”, fazendo referência à crise atravessada pelo país governado pelo socialista Nicolás Maduro.

terça-feira, 2 de julho de 2019

Solidariedade aos jornalistas em greve.


Por Olívia de Cássia Cerqueira



Nunca pensei em toda a minha vida que iria agradecer todos os dias pela miha aposentadoria, por invalidez. Quando fui homenageada ano passado, com a Medalha Denis Agra, de maior reconhecimento para jornalistas, fiquei honrada e ao mesmo tempo lamentando por receber a honraria, justamente num momento de crise por que passa o jornalismo alagoano, em que o principal jornal de circulação demitiu um monte de jornalista e fechou, passando a ser impresso semanalmente.

Agora, por conta do dissídio coletivo da categoria, cuja data-base é o mês de maio, os donos das principais empresas de jornalismo propoem a redução de 40% nos salários da categoria, proposta rechaçada até pelo MP.

É uma indecência isso. Hoje eles tentam desmentir com nota fake nas TVS dizendo que não estão propondo a redução de salário. Isso quer dizer que estão desmentindo o próprio MP, com o intuito de comover a sociedade alagoana.

Fazer jornalismo foi um sonho que durou pouco para mim, barrada pela limitação da ataxia-Doença de Machado Joseph, num momento em que eu estava produzindo ainda, fazendo matérias especiais que me davam prazer e alegria. Mas a gente precisa se acomodar à nova realidade.

Estou solidária com todos os companheiros que estão nessa luta e quero dizer que nunca desistam de lutar. Avante e na resistência até a vitória.

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Bolsonaro edita trapalhadas por decreto

Por Helena Chagas
Publicado por Diario do Centro do Mundo - 26 de junho de 2019

Publicado originalmente no site Os Divergentes

POR HELENA CHAGAS

Raras vezes se viu um presidente da Republica tão indiferente à negociação daquela que será, certamente, a principal reforma de seu governo – a da Previdência. Jair Bolsonaro não move uma palha por ela. Anda ocupadíssimo em confrontos – e trapalhadas – com o Congresso sobre flexibilização de porte de armas, demarcação de terras indígenas e listas tríplices para nomeações em agências reguladoras.

A vida é assim. Cada um escolhe suas batalhas. As de Bolsonaro, porém, o colocam cada vez mais distante da agenda essencial ao país, aquela que, para o bem ou para o mal, poderá impactar na geração de empregos, no crescimento da economia e na melhoria da qualidade de vida dos brasileiros. Nada disso parece estar entre as preocupações imediatas do presidente, concentrado numa pauta acessória de promessas de campanha, demonstrações de força perante o Legislativo e, sobretudo, abobrinhas.

Nesta terça, Bolsonaro mandou ao Congresso seu ex-articulador político Onyx Lorenzoni, destituído de surpresa da função na semana passada, para explicar a trapalhada dos decretos editados e revogados sobre posse e porte de armas. O que deu para entender foi a total incapacidade do presidente da República de se sentar à mesa com líderes do Parlamento para negociar.

Ele tentou impor sua vontade legislando (inconstitucionalmente) por decreto num tema que exige lei. Foi derrotado no Senado com a derrubada do decreto e, antes que o vexame se repetisse na Câmara e no STF, revogou a medida e editou duas outras repetindo trechos da anterior – fazendo o que seu porta voz horas antes negara que faria. Onyx foi explicar a confusão e o acordo final, que envolveu o envio de, finalmente, um projeto de lei para regular a questão das armas com o Congresso.

Quando a situação parecia resolvida, eis que surge um novo decreto, o sétimo, revogando o da véspera, conforme o acerto feito pelo ex-articulador Onyx com os presidentes da Câmara e do Senado. Fez o que prometeu e o que não prometeu, peitando novamente o Congresso ao manter, por exemplo, uma brecha no texto permitindo a compra de fuzis.

Gesto semelhante ao de, dias atrás, ter mandado nova medida provisória ao Legislativo fazendo retornar da Funai ao Ministério da Agricultura a atribuição de demarcar terras indígenas – mudança que havia sido feita pelo parlamento na votação da MP da reorganização administrativa do governo. A medida está sendo devolvida ao Planalto pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, pela flagrante inconstitucionalidade de tentar reeditar proposta já rejeitada na mesma sessão legislativa.

Num caso parecido, Bolsonaro resolveu vetar parte do projeto da Lei das estatais, que tanto orgulho trouxe a deputados e senadores em sua aprovação, por achar que se tornaria “rainha da Inglaterra” se seguisse o rito previsto para nomeação de diretores de agências reguladoras.

O fato é que, em nossa jovem democracia, nunca se viu tão alto índice de escaramuças entre poderes por metro quadrado.

Dallagnol continua dando palpites como se nada tivesse acontecido. Por Moisés Mende

Por Diário do Centro do Mundo - DCM


Dallagnol é o procurador que ficou sob as ordens de Sergio Moro na Lava-Jato, como denunciam as mensagens vazadas dos celulares da turma de Curitiba.

Sergio Moro era o juiz que julgava e agia como acusador. E Dallagnol era o acusador que se submetia às ordens do julgador. Aí Dallagnol aceitava numa boa.

Nesse caso não era pegadinha, era submissão mesmo.

sábado, 22 de junho de 2019

O que significa o colapso da ‘Vaza Jato’?

Por Jessé Souza
DCM - Publicado originalmente no blog do autor

Glenn Greenwald, com sua coragem, mudou a vida da sociedade brasileira contemporânea. Aquilo que só iríamos descobrir quando nada mais importasse, como na ação americana no golpe de 1964, sabemos agora, quando os patifes e eles são muitos ainda estão em plena ação. Muito ainda está por vir, mas todos já sabemos o principal: a Lava Jato, a joia da coroa do moralismo postiço brasileiro, foi para o brejo. Houve “armação política” de servidores públicos, procuradores e juízes, que, por dever de função, deveriam manter-se imparciais. Em resumo: traíram seu país e sua função enquanto servidores públicos para enganar a justiça e a sociedade. São, portanto, objetivamente, criminosos e corruptos. A verdadeira “organização criminosa” estava no Ministério Público (MP) e no âmago do Poder Judiciário. Simples assim. FHC e outros cretinos da mesma laia vão tentar tapar o sol com a peneira. Mas não vai colar. Perdeu, playboy!

Isso vale não apenas para Moro e Dallagnol que já morreram em vida, embora ainda não saibam, mas também para boa parte do aparelho judicial-policial brasileiro envolvido na “Vaza Jato”. Para o juiz e o jurista “a ficha ainda não caiu”, mas em breve serão tratados como quem possui uma doença incurável e transmissível. Se não se livrar de Dallagnol, o MP irá ao esgoto com ele. Se não se afastar de Moro, o Judiciário perderá o pouco de legitimidade que ainda lhe resta. Segue pelo mesmo caminho esse pessoal do judicial-policial que quis aproveitar a “boquinha” de ocasião, fazendo o “serviço sujo” para a elite e sua mídia venal de afastar o PT por meios não eleitorais e se apropriando, sem peias, do Estado, das riquezas públicas e do orçamento público. Na outra ponta do “acordo”, os operadores jurídicos ficavam com as sobras do banquete. Tramoias bilionárias, como o fundo da Petrobras, para Dallagnol e sua quadrilha, e cargos políticos, como a vaga no STF, para o “trombadinha da elite do atraso” Sérgio Moro.

Alguns irão dizer que é precipitado afirmar isso, visto que eles ainda são poderosos, têm os interesses dos bancos e a Rede Globo ao lado deles, envolvida até o pescoço no esquema criminoso. Bolsonaro ainda é presidente e ele faz parte dessa armação podre, e a elite quer colher os milhões do esquema, este sim, verdadeiramente criminoso. É verdade, não tenho “bola de cristal” e confesso que não sei quanto tempo a farsa ainda vai durar. O que eu sei, no entanto, é que toda ação humana precisa ser justificada moralmente. Pode-se provocar mudanças na realidade exterior, mas sem legitimação moral essas mudanças têm vida curta. Toda a história humana nos ensina isso.

Desde 1930 a elite brasileira desenvolveu, com seus intelectuais orgânicos que pautavam a direita e a esquerda, uma concepção de moralidade – da qual eu trato em detalhes no meu livro A elite do atraso: Da escravidão a Bolsonaro – que amesquinha a própria moralidade, ao ponto de abarcar apenas a suposta “corrupção política”. Para os brasileiros, moral deixa de significar, por exemplo, tratar todos com dignidade e ajudar os necessitados, como em todos os países europeus que transformaram a herança cristã em social-democracia, para se resumir ao suposto “escândalo com o dinheiro público”, desde que aplicado seletivamente aos inimigos da elite. A elite de proprietários pode roubar à vontade. Seu roubo “legalizado” passa a ser, inclusive, uma virtude, uma esperteza de negociante.

Como a mesma elite possui como aliada a imprensa venal, e, por meio dela, manipula a opinião pública, a “escandalização”, sempre seletiva, é usada como arma de classe apenas contra os candidatos identificados com interesses populares. Assim, a função real dessa pseudomoralidade amesquinhada passa a ser, ao fim e ao cabo, criminalizar a própria soberania popular e tornar palatáveis golpes de Estado sempre que necessários. O esquema pseudomoralista foi utilizado contra Vargas, Jango, Lula e Dilma, ou seja, todos que não entregaram o orçamento do Estado unicamente para o saque da elite via juros extorsivos, isenções fiscais criminosas, perdão de impostos, livre sonegação de impostos, “dívida pública” e outros mecanismos de corrupção ilegal ou legalizada.

Só a sonegação de impostos da elite em paraísos fiscais, uma corrupção abertamente ilegal, chega a mais de 500 bilhões de dólares, segundo os especialistas de universidades britânicas que compõem o Tax Justice Network. Isso é centenas de vezes maior que o dinheiro recuperado pela “Vaza Jato”, mas a imprensa venal da elite nunca divulga essas informações. É como se não existisse, até porque é crime compartilhado pelos barões da mídia. Lógico que a corrupção política dos Palocci e dos Cunha é recriminável e tem de ser punida. No entanto, não é ela quem deixa o país mais pobre nem quem rouba nosso futuro. Mas a estratégia da elite é “desviar” o foco do seu assalto sobre todo o restante da população e criminalizar a política e o Estado, que são, precisamente, quem pode diminuir o crime de uma elite da rapina, que domina o mercado e o Banco Central, sobre uma população indefesa. Indefesa posto que lhes foram retirados os mecanismos para compreender quem provoca sua ruína e sua pobreza.

A “Vaza Jato” é a forma moderna desse esquema criminoso e faz o mesmo que Lacerda fez com Getúlio Vargas em 1954. Com o apoio da mesma Rede Globo, dos mesmos jornais e da mesma mídia. Também não ficara provado que Getúlio tivesse roubado um centavo, assim como não ficou provado que Lula tivesse cometido qualquer ilegalidade. Mas a “Vaza Jato” fez mais que Lacerda. Uma turma de deslumbrados medíocres meteu os pés pelas mãos e comprometeu a dignidade do MP e da Justiça ao fazer justiça com as próprias mãos. Processos sabidamente falsos e manipulados mudaram a vida política brasileira e empresas criadas com o esforço e a luta de várias gerações de brasileiros foram entregues de bandeja aos americanos e seus aliados. A elite nacional fica com as sobras desse roubo. Tudo graças ao “trombadinha da elite do atraso”, Sérgio “Malandro” Moro, e à sua quadrilha no MP.

Mas o pior componente dessa história é o fator que explica a colaboração maciça da classe média branca ao seu herói: o racismo covarde contra os mais frágeis, os negros e os pobres. Se a elite quer roubar à vontade, a classe média branca, majoritariamente italiana em São Paulo e no Sul como o próprio Moro e portuguesa no Rio de Janeiro e no Nordeste, quer humilhar, explorar e impedir qualquer ascensão social dos negros e pobres. Nossa classe média branca, importada da Europa, foi criada para servir de bolsão racista entre elite e povo negro e mestiço. Se retirarmos a capa superficial de “moralidade”, mero enfeite para Moro e sua quadrilha, o que sobra unindo e cimentando a solidariedade de toda essa corja é o racismo cruel e covarde contra a população negra e mais humilde, o foco do lulismo.

Em virtude disso, o ódio a Lula é a mera “personalização” do ódio ao negro e ao pobre. Como o racismo entre nós não pode ser explicitado, nem por psicopatas como Bolsonaro e Witzel, devido à nossa tradição de “racismo cordial”, a “corrupção seletiva” sempre apenas dos líderes populares foi criada para ser uma capa de “moralidade” para o racismo real. Assim, todos os canalhas racistas que elegeram Bolsonaro e se identificam com Moro podem, ainda, dormir com a boa consciência de que representam a “fina flor da moralidade”. É com essa canalhice brasileira que a revolução de Glenn Greenwald está ajudando a acabar.

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Glenn enquadra Moro: continua mentindo



247 - Um dos fundadores do site Intercep Brasil, o jornalista Glenn Greenwald sinalizou que o minsitro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, mentiu em depoimento no Senado, onde o titular da pasta afirmou que as mensagens trocadas com procuradores da Operação Lava Jato podem ser alteradas.

"Moro continua tentando insinuar que as conversas que estamos publicando podem ser alteradas, mas ele não sabe, porque afirma que não as tem mais. Mas Deltan os tem. LJ tem eles. Se eles foram alterados, eles poderiam facilmente provar isso. Mas eles não fizeram e nunca vão", disse Glenn no Twitter.

"Além disso, já começamos a trabalhar com outros jornais, revistas e jornalistas com esses materiais. Ninguém jamais alegou, e muito menos provou, que qualquer coisa que publicamos foi alterada. Isso porque todos - especialmente Moro e LJ - sabem que são autênticos", continuou.

"Mais uma vez, senadores: não precisam pegar as mensagens de Moro do Telegram (embora Moro tenha se recusado se autorizaria sua divulgação). Deltan os tem. LJ tem. Se alguma coisa fosse 'alterada', eles poderiam facilmente provar. Por que eles não têm? Todos nós sabemos porque", escreveu.

Moro afirmou que um "grupo criminoso" acessou a troca de mensagens dele com procuradores e cometeu uma "baixeza" para "minar os esforços anticorrupção". "Fiquei surpreendido pelo nível de vilania", complementou.

O ex-juiz também criticou o que chamou de "sensacionalismo exarcebado" e também se queixou do site Intercept Brasil, que divulgou a troca de mensagens dele com procuradores. "O veículo não me consultou, violando uma regra básica do jornalismo", disse.

Moro continua tentando insinuar que as conversas que estamos publicando podem ser alteradas, mas ele não sabe, porque afirma que não as tem mais. Mas Deltan os tem. LJ tem eles. Se eles foram alterados, eles poderiam facilmente provar isso. Mas eles não fizeram e nunca vão.
Além disso, já começamos a trabalhar com outros jornais, revistas e jornalistas com esses materiais. Ninguém jamais alegou, e muito menos provou, que qualquer coisa que publicamos foi alterada. Isso porque todos - especialmente Moro e LJ - sabem que são autênticos.

terça-feira, 18 de junho de 2019

Da Lava Jato à derrubada de Dilma, prisão de Lula e destruição da Petrobrás, o nome disso tudo é guerra híbrida

O NOME DISSO É GUERRA HÍBRIDA

por Ângela Carrato, especial para o Viomundo

O que têm em comum o Mensalão Petista, a Operação Lava Jato, o golpe, travestido em impeachment, contra Dilma Rousseff, a prisão do ex-presidente Lula, a perda de direitos dos brasileiros e a privatização de empresas estatais?

A resposta é algo que a maioria dos brasileiros nem desconfia do que seja: guerra híbrida.

Foi e continua sendo através dela que os interesses dos Estados Unidos e de seus aliados, dentro e fora do Brasil, passaram a dar as cartas, primeiro com o governo do ilegítimo Michel Temer e, depois, com o de Jair Bolsonaro, através de eleição fraudada.

Guerra híbrida é um novo modelo de confrontação que se seguiu ao fim da Guerra Fria, após o desmoronamento da União Soviética em 1991.

Ela consiste na utilização de uma enorme variedade de técnicas cujo objetivo é a desestabilização e derrubada de governos considerados hostis aos interesses dos Estados Unidos.

A finalidade última é garantir a condição de superpotência única ao Tio Sam, diante dos avanços no cenário internacional de países como a China, a Índia, a Rússia e, até três anos atrás, do próprio Brasil.

Preocupar-se com a manutenção do poder é tema recorrente entre as potências desde que o mundo é mundo. Teorizações sobre o assunto existem várias.

A Guerra Híbrida é das mais recentes e pode ser creditada a uma série de pesquisadores e militares estadunidenses.

No Brasil, as publicações sobre o assunto são poucas, com destaque para o livro do jornalista e analista político russo, Andrew Korybko (Editora Expressão Popular, 2018) que, além de criar o conceito de guerra híbrida, detalha a tática político-militar dos Estados Unidos para substituir governos não alinhados à sua política no século XXI.

OS ALERTAS DO TIO SAM

Desde a primeira vitória de Luiz Inácio Lula da Silva para a presidência da República, em 2002, que os órgãos de inteligência do Tio Sam (CIA e NSA à frente) alertavam a Casa Branca para “os riscos de um governo de esquerda no maior país da América Latina”.

Mesmo o Brasil sendo “amigo”, a preocupação era evitar que se aproximasse de potenciais rivais aos Estados Unidos, como Rússia e China e, sobretudo, que o Brasil, ele próprio, passasse a desempenhar papel de relevância nas relações internacionais, vindo a ser um competidor em termos dos interesses dos Estados Unidos.

Na época, os alertas não surtiram maiores efeitos, porque George W. Bush estava com a atenção voltada para o combate aos países que ele denominava de Eixo do Mal – Irã, Iraque e Coréia do Norte. Países que acusava de terroristas e de possuírem armas de destruição em massa, após os ataques aos Estados Unidos no 11 de setembro de 2001.

Os alertas, no entanto, começaram a dar resultados em 2009, já na administração de Barak Obama, quando esses mesmos órgãos de inteligência, recomendaram ação contra Lula e o PT.

Coincidentemente, foi durante a reunião de líderes do G20, em 4 de março de 2009, em Londres, aquela em que Obama afirmou que Lula era o cara, que os órgãos de inteligência se inquietaram de vez.

Nesse mesmo dia, Lula teve uma agenda cheia e se encontrou com o dirigente chinês Hu Jintao. A conversa girou sobre a possibilidade da criação de uma moeda internacional sem ligação com qualquer país para substituir o dólar. Algo inaceitável para os Estados Unidos.

Até hoje há dúvidas se o comentário de Obama sobre Lula foi realmente um elogio.

Seja como for, Lula passou a ser considerado inimigo pelos Estados Unidos e os mais diversos esforços e esquemas foram colocados em prática para desmoralizá-lo e ao seu partido, o PT.

Era e continua sendo inaceitável aos olhos da maior potência que o Brasil tenha uma política externa que se paute por interesses próprios.

THINK TANKS E MANIFESTANTES

Ao contrário da guerra convencional, marcada por bombardeiros e tanques, a híbrida se vale de novos padrões de confronto para alcançar seu objetivo. Ela difere também da Guerra Fria, porque a disputa não se dá mais entre agentes secretos e sabotadores ocultos e, sim, através de protagonistas desvinculados do Estado, que se comportam publicamente como manifestantes.

A “munição” contra o adversário passa a ser fornecida por think tanks, as “fábricas de ideias”, conforme as definiu em 1972, o escritor estadunidense, Paul Dickson. Um think tank é uma instituição ou grupo de especialistas cuja função é pensar e propor estratégias intelectuais, que podem ser utilizadas para as mais diversas finalidades.

Desde 2002, existem centenas desses think tanks atuando no Brasil (isolados ou em parceria) com o objetivo de preparar conteúdos de interesse dos Estados Unidos a serem difundidos entre a população como um todo ou entre setores específicos dela.

Em geral, esses conteúdos, praticamente sem variação, abordam a defesa da livre iniciativa, do livre mercado, do empreendedorismo, da responsabilidade individual, da propriedade privada, das liberdades individuais, da meritocracia e da limitação de ação dos governos.

Neles, os Estados Unidos aparecem como o “líder do mundo livre e desenvolvido” e críticas abertas ou veladas são feitas à Rússia e à China. Cuba e Venezuela, considerados “satélites” desses países, também são alvo de duras críticas.

A principal contribuição que os think tanks dão ao processo de desestabilização de um governo consiste em estudar os valores, a cultura e a visão de mundo dos alvos e, a partir daí, abordá-los com uma programação neurolinguística feita sob encomenda para ser introjetada pelas pessoas.

Abordagem que foca exatamente os pontos nevrálgicos para enfraquecer os adversários. Nessa nova modalidade de guerra, a manipulação dos fatos e a mentira (fake news) se transformam em armas letais, potencializadas pela mídia corporativa e pelas redes sociais.

Um dos principais think tanks estadunidenses em atuação no Brasil é o gigante Atlas Network, presente também em 95 países. Além dele, o Instituto de Estudos Empresariais, Instituto Liberal, Instituto Millenium e Estudantes Pela Liberdade são exemplos de instituições mantidas e/ou afinadas com ele na divulgação dos princípios neoliberais e de temas que interessam aos Estados Unidos.

A MÍDIA RECONFIGUROU OS PROTESTOS

De acordo com o Ibope, Lula deixou o governo no final de 2010, com 87% de aprovação popular, um recorde brasileiro e mundial. Sua candidata à sucessão presidencial, Dilma Rousseff, foi eleita e conseguiu, no primeiro mandato, índices ainda maiores em termos de aprovação. Segundo os dados da pesquisa CNI/Ibope, a aprovação de Dilma em março de 2013 chegou a 79%, mais do que as de Lula e de Fernando Henrique Cardoso no mesmo período de seus primeiros mandatos.

Quatro meses depois, em junho de 2013, no entanto, protestos envolvendo o aumento de 0,20 centavos no preço da passagem de ônibus em São Paulo, que diziam respeito exclusivamente ao plano municipal, acabam extrapolando para diversas capitais e atingindo o governo federal.

Turbinados por críticas contra os “gastos exorbitantes” e a “corrupção” envolvendo a realização da Copa do Mundo no Brasil, milhares de manifestantes saíram às ruas exigindo mudanças e acabaram tendo sua atuação canalizada para o “Fora Dilma”.

Uma virada tão rápida assim só foi possível, porque houve ação articulada entre os think tanks e a mídia, que reconfigurou esses protestos, numa articulação que teve início em 2005, no chamado Mensalão Petista. Mensalão que, diga-se, envolvia tanto o PT quanto o PSDB, mas foi servido ao grande público como sendo coisa exclusiva do PT.

O mensalão do PSDB, aliás, aconteceu antes do petista, em 1998, durante a tentativa de reeleição do governador de Minas, Eduardo Azeredo.

O articulador do Mensalão Tucano, Marcos Valério, foi o mesmo do Mensalão Petista. Mesmo assim, só o PT e os petistas foram criminalizados e tiveram seus julgamentos transformados em espetáculo midiático.

Estava montado o cenário para as atuações que viriam contra Dilma.

PT COMO SINÔNIMO PARA CORRUPÇÃO

A palavra de ordem na mídia brasileira e nos protestos passou a ser corrupção. E o PT passou a ser apresentado por essa mídia como uma espécie de sinônimo de corrupção, ao mesmo tempo em que não se falava nada sobre a corrupção, existente desde sempre, em todo o sistema político brasileiro.

Apesar dos protestos, Dilma foi reeleita no ano seguinte. Fato que encheu de cólera seus opositores, com o candidato derrotado, o tucano Aécio Neves, anunciando não reconhecer o resultado.

Como, naquele momento, o TSE não se prontificou a entrar no jogo, a armação contra a presidente se deslocou para o Congresso Nacional, onde centenas de parlamentares foram eleitos com o apoio – inclusive financeiro – do que há de mais conservador no país (evangélicos, ruralistas, policiais, empresários devedores do INSS e ligados ao capital internacional).

O impeachment contra Dilma, sem que fosse comprovado crime de responsabilidade, constituiu-se em golpe. Mesmo diante das evidências da falta de provas contra ela, o STF não julgou, até hoje, o pedido de seus advogados e não há data prevista para isso ocorrer.

Em outras palavras, Dilma foi alvo de uma atuação típica da guerra híbrida, onde a manipulação da opinião pública combinada com acerto entre os conservadores pró-Estados Unidos nas três esferas do poder no Brasil deram o tom.

Não por acaso, a oposição acusa os golpistas de agirem “com o Supremo e com tudo”, em referência a uma declaração tristemente célebre do então senador Romero Jucá.

Lula e Dilma incomodavam os Estados Unidos em vários aspectos. O principal era a política externa independente (Unasul e Brics) através da qual o país se projetava como um ator de peso no cenário internacional.

Como assinala o linguista, filósofo e ativista politico estadunidense, Noam Chomsky, Lula, com sua atuação, “mudou o equilíbrio do mundo”.

Outros aspectos que igualmente incomodavam aos Estados Unidos foram a insistência de Lula e Dilma em fortalecer a Petrobras para a estatal comandar a exploração do então recém descoberto pré-sal e o apoio financeiro a empresas brasileiras (empreiteiras, frigoríficos e agronegócio) para que ampliassem sua atuação no exterior.

Como os governos Lula e Dilma, sobretudo o primeiro, haviam se notabilizado também pela ênfase no combate à pobreza e às desigualdades (Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, reajuste do salário mínimo acima da inflação), fazendo com que o Brasil vivesse, de 2003 a 2013, sua “década de ouro”, segundo relatório do próprio Banco Mundial, aos interesses contrariados dos Estados Unidos se somaram os da “elite do atraso” nativa.

Como alerta o sociólogo Jessé Souza, essa elite nunca admitiu direitos trabalhistas para as empregadas domésticas e jamais aceitou ver o filho da empregada na universidade pública. Daí ter engrossado o coro do “Fora PT”.

LAVA JATO E FAKE NEWS

Para essa elite, qualquer um, desde que não fosse do PT, podia estar no poder. Daí, num grande acordão, “com o Supremo” e referendado pela mídia, o vice-presidente Temer foi alçado à condição de presidente. E o que fez Temer? Deu início à colocação em prática do programa de governo neoliberal do candidato tucano derrotado, Aécio Neves.

Só que Temer, em meados de 2017, como meros 3% de aprovação, já despontava como o presidente pior avaliado em toda a história da República. O golpe híbrido fazia água e era preciso que Washington e seus parceiros agissem rapidamente.

É aí que ganha protagonismo uma operação da Polícia Federal, que teve início em 17 de março de 2014, cujo objetivo era o combate à lavagem de dinheiro. A operação não tinha um foco definido, mas com o passar dos meses, tornou-se possível verificar que seu alvo era a Petrobras, maior estatal brasileira e a responsável pela descoberta do pré-sal e que se buscava, através dela, atingir Lula e Dilma.

O juiz federal de primeira instância, Sérgio Moro, da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, acabou sendo o responsável pela autorização de várias das operações da Lava Jato e, de forma no mínimo estranha, acabou avocando para si o julgamento do processo do tríplex atribuído ao ex-presidente Lula.

Mesmo sem quaisquer provas que ligassem Lula ao tríplex, ele foi condenado por Moro e teve sua pena aumentada em segunda instância, pelo TRF-4.

Apesar de manter seus direitos políticos, Lula, que liderava todas as pesquisas de intenção de voto, foi impedido de disputar a eleição presidencial de 2018.

ome-se a isso que o candidato do PT e de Lula nessas eleições, Fernando Haddad, foi alvo de intensa campanha de fake news, e não só terminou derrotado, como as mentiras divulgadas derrotaram candidatos para o Senado em Minas, São Paulo e Paraná.

As fake news elegeram também nomes desconhecidos e alinhados aos golpistas para os governos desses estados. Em São Paulo, por exemplo, João Dória deve muito do seu sucesso eleitoral ao Grupo Lide, uma espécie de think tank que reúne dirigentes empresariais em defesa do estado mínimo, das privatizações e do alinhamento aos Estados Unidos.

Não houve qualquer investigação sobre as graves denúncias de fake news nas eleições de 2018. Denúncias que envolviam mais de uma centena de empresários brasileiros, que teriam bancado, de forma criminosa, através de caixa 2, os disparos de mensagens pelo whatsapp contra Haddad e o PT.

O “HERÓI” E A CRISE

A mídia corporativa brasileira, Rede Globo à frente, cuidou de caracterizar Moro como “herói em luta, sem trégua, contra a corrupção”, não lhe poupando elogios e fazendo a defesa veemente da operação Lava Jato, sempre equiparada à italiana Mãos Limpas (Mani Puliti).

Coube à Globo a exclusividade na divulgação das operações da Lava Jato, sempre anunciadas com estardalhaço.

Em alguns casos, a equipe da emissora chegou antes da própria polícia -, sem falar nos vazamentos seletivos, que privilegiavam os veículos da família Marinho.

Um desses vazamentos envolveu um grampo ilegal em conversa entre a presidente Dilma e o ex-presidente Lula.

Em qualquer país democrático do mundo, Moro, que autorizou a divulgação, iria para a cadeia. Aqui, continuou seu trabalho sob aplausos e sem que as críticas à sua atuação ilegal tivessem quaisquer consequências.

Moro parecia ter se transformado no próprio Judiciário brasileiro.

O clímax de sua atuação aconteceu quando do julgamento e da condenação de Lula, sem provas, num processo que, desde o início, se mostrou uma farsa.

Para essa condenação, ele se valeu de dezenas de delações premiadas e destruiu ou quase destruiu algumas das principais empresas brasileiras. A Petrobras perdeu bilhões e ainda foi alvo de estranhos processos nos Estados Unidos, a partir de informações confidenciais fornecidas pela própria Operação Lava Jato, um crime de lesa pátria.

Sob o argumento do combate à corrupção, o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, o físico que colocou o Brasil entre os poucos países que dominam a tecnologia nuclear, foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 43 anos de prisão.

Sob o argumento da corrupção, Moro destruiu também a indústria naval brasileira e as principais empreiteiras nacionais, a exemplo da Odebrecht, que já atuava em vários países da África, Ásia e América do Sul. Como consequência, o Brasil entrou em profunda crise econômica, com 14 milhões de desempregados e sem luz no final do túnel.

Em maio de 2013, pouco antes de eclodirem as manifestações no Brasil, o ex-administrador de sistemas da CIA e ex-contratado da NSA, Eduard Snowden, tornou públicos detalhes de vários programas que constituem o sistema de vigilância global dos Estados Unidos.

Programas que, sob o argumento de estarem monitorando o terrorismo, possibilitavam aos Estados Unidos vigiar ilegalmente governos de países como o Brasil, a França, a Alemanha e o Japão.

Na época, as revelações de Snowden, divulgadas pelos jornais The Guardian e The Washington Post, provocaram um terremoto político no mundo. Barak Obama, então presidente dos Estados Unidos, fingiu de morto.

No Brasil, essas revelações tiveram impacto reduzido, mesmo que entre elas constasse a denúncia, com provas, de que os Estados Unidos monitoraram a presidente Dilma e a elaboração dos editais para os leilões do pré-sal.

Um indício, não devidamente levado em conta pelo PT e pela centro-esquerda, de que setores nacionais, inclusive a mídia, já se articulavam com os Estados Unidos contra Dilma.

LAWFARE CONTRA LULA

Quem divulgou as denúncias de Snowden para o mundo foi o jornalista estadunidense Glenn Greenwald, que, já naquela época, passou a assombrar os adeptos da guerra híbrida.

Esse assombro voltou à cena outra vez, agora com a divulgação, pelo mesmo Greenwald através do portal The Intercept Brasil, de um amplo material (mensagens eletrônicas trocadas através do aplicativo Telegram) que mostram como Moro agiu para condenar Lula.

O material já divulgado, que segundo Greenwald não representa nem um milésimo do total de que dispõe, é explosivo. Apresenta Moro combinando ações com a acusação de Lula e orientando a acusação.

Põe a nu o que a defesa de Lula denunciava: o ex-presidente foi alvo de lawfare, ou seja, o emprego de manobras jurídico-legais como substituto de força armada, visando tirá-lo da cena política.

É importante destacar que, na guerra híbrida, o Judiciário assume o papel antes conferido aos militares e às armas no combate aos adversários. Não por acaso os integrantes da Lava Jato visitavam com frequência os Estados Unidos e fizeram tantos cursos por lá.

Greenwald escancarou para o mundo que por trás da condenação e prisão de Lula estão ações da guerra híbrida.

Em qualquer país democrático, Moro seria obrigado a deixar o cargo de ministro da Justiça e responderia a processo que, certamente, o levaria à prisão. Lula seria solto e teria novo julgamento e as eleições de 2018, anuladas.

Só que no Brasil da guerra híbrida, os golpistas, com o apoio dos chefes militares encastelados no governo Bolsonaro, e dos Estados Unidos, insistem em se manter no poder e tentam fingir que tudo segue na normalidade.

Para tanto, dão murro na mesa, como fez o general Augusto Heleno, ministro do gabinete de Segurança Institucional, ao defender prisão perpétua para Lula, ou como o próprio Bolsonaro ao afirmar que Moro tem “100% de chances” de permanecer no cargo.

Em um mês, no entanto, a oposição realizou três grandes manifestações – 15 de maio, 30 de maio e a greve geral de 14 de junho – com os cidadãos voltando a ocupar praças e vias públicas no Brasil, agora, contra o governo Bolsonaro.

Essas manifestações, que devem se intensificar em função das denúncias do The Intercept Brasil e do ataque aos direitos e à soberania nacional promovidos pelo governo Bolsonaro, não constavam do script da guerra híbrida.

Os próximos meses prometem muitas emoções. Afinal, como diria Snowden e o próprio Greenwald, aqui se trava uma disputa vital para a nossa sobrevivência enquanto país e nação soberana.

Agência revela que divulgou campanha de Bolsonaro nas eleições por App

Empresas brasileiras contrataram uma agência de marketing na Espanha para fazer, pelo WhatsApp, disparos em massa de mensagens políticas a favor de Bolsonaro nas eleições

NOTÍCIAS AO MINUTO

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (PSL) comentou nesta terça-feira (18) sobre os envios em massa de mensagens a favor de sua campanha eleitoral pelo WhatsApp e afirmou que, assim como houve disparos favoráveis, também houve milhões de mensagens contrárias.

As declarações foram feitas após cerimônia de hasteamento da bandeira nacional que contou com a presença de ministros e do novo secretário de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, que substituiu o também general Carlos Alberto dos Santos Cruz. "Teve milhões de mensagens a favor da minha campanha, e talvez alguns milhões contra também", afirmou, ao ser questionado sobre o assunto.

Reportagem do jornal Folha de S.Paulo desta terça revelou que empresas brasileiras contrataram uma agência de marketing na Espanha para fazer, pelo WhatsApp, disparos em massa de mensagens políticas a favor de Bolsonaro, então candidato à Presidência.

A publicação teve acesso a gravações obtidas do espanhol Luis Novoa, dono da Enviawhatsapps. Nos áudios, ele diz que "empresas, açougues, lavadoras de carros e fábricas" brasileiros compraram seu software para mandar mensagens em massa a favor de Bolsonaro.

À reportagem da Folha de S.Paulo, o empresário espanhol disse não saber que seu software estava sendo usado para campanhas políticas no Brasil e que só tomou conhecimento quando o WhatsApp cortou, sob a alegação de mau uso, as linhas telefônicas de sua empresa.

O WhatsApp confirmou à Folha de S.Paulo que cortou linhas da empresa. "Não comentamos especificamente sobre contas que foram banidas, mas enviamos uma notificação judicial (Cease and Desist) para a empresa Enviawhatsapps."

Não há indicações de que Bolsonaro ou sua equipe de campanha soubessem que estavam sendo contratados disparos de mensagens a favor do então candidato. Procurada pela reportagem da Folha de S.Paulo, a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto afirmou que não iria comentar.Doação de empresas para campanha eleitoral é proibida no Brasil. Doações não declaradas de pessoas físicas também são ilegais.

ENTENDA O CASO

Empresários - Em 18 de outubro de 2018, o jornal Folha de S.Paulo revelou que empresários impulsionaram disparos por WhatsApp contra o PT na campanha eleitoral. O serviço foi vendido pelas agências Quickmobile, CrocServices e Yacows. Uma ação foi aberta no TSE para apurar o caso.

Marido de Greenwald, David Miranda diz que “Ameaças não vão interferir na minha conduta como deputado

PUBLICADO NO BRASIL DE FATO

POR EDUARDO MIRANDA

O deputado federal David Miranda (Psol-RJ) informou nesta segunda-feira (17) que encaminhou à Polícia Federal mensagens anônimas com ameaças de morte a ele e a seus familiares. O parlamentar é casado com o jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil, site responsável pela divulgação de conversas do então juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, com integrantes da força-tarefa Lava-Jato.

Segundo o deputado, as primeiras ameaças surgiram no início do ano, depois que o então deputado federal Jean Wyllys (Psol) abriu mão de seu mandato parlamentar também em decorrência de ameaças de morte a ele e à sua família. Na época, Miranda, vereador pelo Rio de Janeiro e na condição de suplente de Wyllys, assumiu a vaga na Câmara Federal.

No último dia 11, David Miranda encaminhou à PF novas mensagens, desta vez com referências à atuação de Greenwald como jornalista no escândalo que ficou conhecido como “Vaza-Jato”. O deputado disse que houve um aumento nos últimos dias das ações de grupos de ódio e homofóbicos contra ele e sua família.

“As ameaças que venho sofrendo via e-mail nas últimas semanas não vão interferir na minha conduta como deputado federal. Permaneço atuando com o vigor de sempre, em defesa das causas sociais e dos Direitos Humanos. Preocupo-me com a minha segurança e da minha família e, para nos resguardar, fiz os devidos encaminhamentos às autoridades competentes”, afirmou Miranda.

O deputado do Psol é casado há 15 anos com Greenwald e tem dois filhos. Segundo Miranda, após o envio das mensagens criminosas à Polícia Federal, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), ofereceu apoio do Departamento da Polícia Legislativa.

O portal de notícias The Intercept Brasil vem divulgando nos últimos dias conversas que Moro manteve com procuradores da Lava-Jato e que mostram a influência que o juiz exercia nas decisões do Ministério Público Federal sobre o processo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A Constituição Federal estabelece que um juiz não pode influenciar nem a acusação nem a defesa.

O perigo bate às nossas portas: não se pode negligenciar com o fascismo.

Por Afrânio Silva Jardim
PUBLICADO NO FACEBOOK DO AUTOR

Posso ser acusado de radical, entretanto, trata-se de um sentimento que aflora independentemente de minha vontade. Quem já estudou o fascismo como eu, bem sabe do perigo que se está passando.

Na minha opinião, nada justifica dar respaldo a quem não tem o menor apreço pelos melhores valores cunhados por nosso sofrido processo civilizatório.

Nada justifica se relacionar com quem se declarou, reiteradamente, ser a favor da tortura de seus adversários políticos e lamentou que a ditadura militar não tenha matado mais pessoas, embora já presas e imobilizadas.

Recentemente, o ex-capitão truculento que, de forma absurda, ocupa a presidência do nosso país, declarou, em solenidade pública, que era preciso armar a população para reagir a um futuro governo que tenha ideologia diversa da sua.

Ademais, este controvertido cidadão já declarou, na Câmara dos Deputados Federais, que era a favor de uma milícia que estava matando no Estado da Bahia, sugerindo que ela fosse para o Rio de Janeiro. Aliás, é notória a ligação de seus familiares com este segmento marginal no Estado do Rio de Janeiro.

Notem que dei apenas alguns poucos exemplos das barbaridades que disse este ex-capitão truculento. No Youtube, estão publicados dezenas de vídeos onde ele mostra todas as suas bizarras concepções, que chegaram a espantar vários líderes da extrema direita mundial.

Não consigo entender ou admitir como todos assistem passivamente a este processo de turbulência e de futura violência.

A escalada do fascismo ao poder, em nossa sociedade, não pode ser encarada como algo normal, como algo comum ao cotidiano de todos nós.

O fascismo vai levar a nossa sociedade à perigosa convulsão social e vidas humanas poderão ser ceifadas no seio de provável turbulência.

O terror é quase que inerente ao fascismo. Historicamente, sempre fez parte de seus métodos e estratégias para incutir o medo na sociedade e colocá-la sob seu jugo.

Evidentemente que tudo isso vai desencadear uma reação violenta e, para ela, já devemos nos preparar. Em algum momento, o povo vence o medo e reage contra a opressão e o obscurantismo.

Tendo em vista esta trágica situação que estamos prestes a vivenciar, não posso deixar de ter total desprezo por todas as pessoas que fazem parte ou auxiliam, de alguma forma, este perigoso e perverso governo. Talvez possa se justificar a presença de alguns poucos militares, caso eles ali estejam justamente para controlar os impulsos fascistas destes grupos daninhos.

Concluo dizendo que eu jamais sequer apertaria a mão de pessoas que tenham concepções teóricas próximas do pensamento fascista. Da mesma forma, tenho total repúdio por quem esteja do lado da barbárie e da negativa dos valores que sempre me acompanharam por toda a minha existência.

Enfim, nego-me a travar qualquer tipo de relação amistosa com fascistas, simpatizantes ou seus colaboradores.

Contra este perigo é preciso denunciar e radicalizar. O passado nos ensina quais foram as nefastas consequências de tolerar a lógica da violência e de se acomodar diante de perigo tão letal para as nossas vidas e para a nossa civilização.

Com a coragem para vencer eventual medo, eu conclamo todos: vamos recusar e resistir, custe o que custar !!!

sábado, 8 de junho de 2019

Volto em breve

Estou dando um tempo para escrever no blog, por motivos pessoais, mas volto em breve. |Peço aso amigos que continuem a visitar esse espaço. Até breve.

sábado, 18 de maio de 2019

Canto escuro

Por Olívia de Cássia Cerqueira

Mais uma vez, o autor Daniel Barros leva o leitor/leitora até a última página, sem nem sequer pensarmos em parar a leitura. É uma leitura de impacto. Confesso que quase li Canto escuro de um fôlego só, querendo mais.

O livro tem uma leitura instigante, na história de vida do personagem principal, Paulo Henrique. Um homem de ideias e princípios, que se vê às voltas de uma investigação sigilosa no trabalho, que tem uma companheira ciumenta, possessiva (peça de estudo para quem trabalha com psicologia) o que deixa o leitor ou leitora com extrema curiosidade e qUerendo adivinhar desfecho, até o fim.

Canto escuro segue o padrão dos livros anteriores (O sorriso da cachorra, Enterro sem defunto e Mar de Pedras), sem ser continuação, com uma BOA ARGUMENTAÇÃO, pegada de sensualidade, tal qual a gente encontra na obra de Jorge Amado, o qualificando entre bons escritores brasileiros e alagoanos, porque o autor, apesar de morar em Brasília, é alagoano. Gosto do estilo de Daniel Barros, autor que tem um texto excelente e que sempre deixa com gosto de quero mais. Recomendo a leitura.

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Brasil pátria amada


Olívia de Cássia Correia de Cerqueira

Brasil, Pátria amada.
Nem tão amada
por quem deveria cuidar.
De belas paisagens,
Belos campos,
Muita riqueza,
Solapada, vilipendiada,
Roubada. Destruída.
Brasil, que chora o luto
Dos teus filhos perdidos,
Vítimas da violência
Sem freios
que mata que destrói.
Até quando??

terça-feira, 16 de abril de 2019

Um ritual de passagem...

Olívia de Cássia – jornalista

Aprendi desde cedo na escola, como católica apostólica romana, que a Páscoa é um ritual de passagem e que representa a passagem de um tempo de trevas para outro de luz, isto muito antes de ser considerada uma das principais festas da cristandade.

Estamos vivendo nos dias atuais também um ritual de passagem. Páscoa é uma ocasião muito especial e segundo Fernanda Ferraz, muita gente pensa, principalmente as crianças, que esta data está somente ligada ao coelhinho da Páscoa e os ovos de chocolate; mas na verdade, o verdadeiro significado desta data tão importante e única é a ressurreição de Jesus Cristo, um fato que marcou o mundo e todas as gerações.

Os historiadores contam que a celebração da Páscoa era feita desde a antiguidade, principalmente pelos povos europeus, mas com o objetivo de comemorar a entrada da primavera, que traz vida e a possibilidade de plantio e colheita de alimento.

Dizem que para entender a Páscoa é necessário que se volte para a Idade Média e a gente lembre dos antigos povos pagãos europeus que, nesta época do ano, homenageavam Ostera, a deusa da Primavera.

Com o passar dos anos essa época passou a ter significações religiosas, com interpretações diferentes dependendo da religião. A palavra Páscoa vem do hebreu e significa a passagem da escravidão para a liberdade. Será que voltaremos no País a ter uma verdadeira Páscoa?

É nessa data que se celebra a ressurreição de Cristo e é uma festa móvel, ou seja, varia o dia dependendo do ano, pois ocorre aos 47 dias após o Carnaval, e esse período é chamado de Quaresma.

Depois de ser crucificado e morrer na cruz, o corpo de Jesus foi colocado em um sepulcro, onde permaneceu por três dias, até sua ressurreição. Esse momento onde Jesus ressuscitou que dá o verdadeiro significado para a Páscoa, pois foi um ritual de passagem, tornando-se o dia santo mais importante para os cristãos.

Diante da história de Jesus, o Homem que morreu para nos salvar, segundo a tradição cristã, o que seria dele se estivesse por aqui, diante de um Brasil que defende torturadores, armamento e morte?

Sempre me emocionei nessa época do ano, pois quando a gente era criança, lá na Rua da Ponte, meus pais jejuavam e nos davam orientações de que durante esse período era um tempo de orações e de a gente procurar ser melhor, não machucar os animais, não brigar com os irmãos e ficávamos na torcida porque não íamos apanhar, caso fizéssemos um mal feito.


Na Sexta-feira Santa, nós também só fazíamos as principais refeições e era um dia triste. Papai levava a gente para beijar o Senhor morto na igreja; os santos ficavam todos cobertos de panos roxos, na igreja e nas casas também.

Seu Antônio Timóteo, pai das amigas Nivalda e Tita, proprietário de um bar na cabeça da ponte, passava o dia todo ouvindo bem alto a história de Jesus e eu me comovia ouvindo aquela saga de um homem tão bom que morreu na cruz para salvar a humanidade.

No cinema era exibida a história do ‘Marcelino Pão e Vinho’ e lembro-me de uma única vez que meu pai foi com toda a família ao cinema para assistir a fita. Além disso, minha mãe preparava um verdadeiro banquete, além da casa arrumada que era sempre um brinco, como se dizia no interior.

Sinto-me reflexiva também nessa época do ano. E a gente não deve esquecer do que representa para todos nós: o ritual de passagem para uma vida melhor. É o que espero para todos os brasileiros e alagoanos. Uma feliz Páscoa para todos e que possamos meditar um pouco sobre o que estamos fazendo das nossas vidas.

domingo, 14 de abril de 2019

Estamos ficando sem memória...


Olívia de Cássia Cerqueira

Jornalista

Estamos ficando sem memória. O patrimônio arquitetônico das cidades está sendo destruído e ninguém toma providência, salvo raríssimas exceções como aconteceu em 2008 com a restauração do palacete que serviu de residência ao poeta Jorge de Lima, em Maceió, entregue aos alagoanos no dia 15 de dezembro daquele ano, com recursos do governo federal (governo Lula) e a intervenção do deputado Paulão (PT), que foi pessoalmente a Brasília solicitar os recursos para que a restauração acontecesse, embora a imprensa, na época, não tenha dado o destaque devido.

Também teve o empenhbo do dr. Ib Gatto, vale lembrar que a obra só saiu com esses esforços.

Salvo isso e algumas poucas obras, o resto está sendo literalmente tombado, ou seja, demolido, por causa da ganância de alguns empresários que só visam lucro e não têm consciência da destruição que estão causando à história do País e ao patrimônio cultural da humanidade. Estão mais interessados no lucro do que na preservação da identidade cultural das cidades.

Só para citar um exemplo, basta que o alagoano percorra o centro de Maceió. Na Rua do Imperador, dois casarões foram destruídos. Um foi sede do Diretório Central dos Estudantes na década de 80, quando o movimento estudantil de Alagoas era atuante, e agora serve de depósito de lixo para os catadores e recicladores.

O outro prédio, vizinho, depois que os proprietários faleceram, está quase todo destruído. As janelas foram fechadas com tijolos e logo se transformará em lucrativo estacionamento, a exemplo do que tem acontecido com diversos casarões de Alagoas.

Na Rua Barão de Atalaia, bem próximo a esses dois exemplos citados, outro casarão de cor rosa está só com a parte da frente inteira, mostrando o descaso dos nossos governantes com o patrimônio histórico e cultural.

Na Rua Pedro Monteiro acontece o mesmo. Casas que serviram de residência para a classe média de Maceió estão sendo derrubadas, transformadas em laboratórios, em estacionamentos e em pontos comerciais. Quando eu vejo uma situação igual a essa eu fico de coração partido.

Na minha cidade natal, União dos Palmares, o descaso não ficou por menos. Primeiro demoliram a casa onde morou a professora Salomé de Barros. Um casarão histórico ajardinado onde muitos dos seus alunos freqüentaram e que poderia ter se transformado em museu. Depois demoliram a Vila Magdala, antiga residência da família Cardoso, tradicional no município.

Outros exemplos em União foram a demolição da residência da família Sarmento, em frente à drogaria Palmarina e que hoje virou galeria, o fechamento da casa da professora e jornalista Maria Mariá, que é um museu.

Sempre que percorro as ruas, agora de táxi devido as limitações impostas oela Doença de \Machado Joseph, me ponho a observar tudo isso. Do shopping da Mangabeiras até o centro, sentido Santa Casa, é só bagaceira.

Em todo o Estado de Alagoas é possível perceber isso. É necessário que a Defesa Civil, as prefeituras, as secretarias de Cultura, o governo do Estado tomem uma providência imediata para que isso estacione e não aconteça mais, porque estamos correndo o risco de não deixar legado nenhum para as gerações que estão vindo, no que diz respeito à história do nosso País. É preciso atitude e uma atitude urgente, pois a cultura do nosso Estado pede socorro.

(Esse mesmo assunto eu abordei em 2008, em meu primeiro blog)


Da série Meus pets


Fotos: Olívia de Cássia Cerqueira

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quinta-feira, 21 de março de 2019

Meus modelos mirins...

Usando a lente 50mm 1.8


Olívia de Cássia Cerqueira

Retratos infantis__________________

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domingo, 17 de março de 2019

Homenagem

Foi com muita honra que recebi neste sábado, 16, em Uião ds Palmares, pela direção do PT municipal, em comemoração ao Dia Internacional da Muler e os 39 anos do partido, a placa Marielle Franco, junto a outras companheiras merecedoras da homenagem. Daqui vai, mais uma vez, o meu agradecimento a todos que fazem o Partido dos Trabalhadores e dizer que a resistência continua e a luta é por um mundo melhor e mais justo. Obrigada a todos e todas. #LulaLive e Marielle presente!


quarta-feira, 13 de março de 2019

Não quero isso pra mim

Olívia de Cássia Cerqueira - jornalista e escritora


Não quero esse mundo pra mim. Não foi esse o país que sonhei. Estamos vivendo dias de ódio e desamor. Como disse um autor que não lembro agora o nome, "o Brasil está na triste imitação aos EUA". É uma lamentável constatação.

É muita notícia ruim, muita coisa negativa todo dia. Procuro me afastar um pouco de tudo isso, procuro suavidade em minha vida, diante de situação de limites do meu corpo, mas é impossível não se indignar com o que estamos vivendo em nosso lindo país. Triste fim.

Ainda teremos quatro anos de retrocesso e notícias escabrosas. O delegado que desvendou o assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista foi afastado, depois de citar que um dos assassinos mora no condomínio do “presidente”. Entre aspas mesmo, porque pra mim esse senhor não me representa.

Um dia depois, dois adolescentes ensandecidos invadem uma escola e matam dez pessoas, até agora, segundo o último boletim médico, fere outras tantas e se matam. A blogueira Helena Chagas escreveu no blog Divergentes, que são de congelar o sangue os gritos de pavor dos adolescentes que se defrotaram com os atiradores em sua escola em Suzano.

Fico me perguntando se isso não é o resultado do ódio espalhado nas redes sociais e a propaganda do armamento da população por membros do desgoverno. É uma tragédia atrás da outra e a imprensa explora, “até o último sumago”, como diria minha mãe, talvez para que esqueçamos das anteriores.

Mas não podemos e não devemos esquecer: quem matou Marielle e seu motorista? Agora vejo a notícia do afastamento do delegado, “para fazer especialização na Itália”. Só pode ser piada ou cortina de fumaça, para esconder o óbvio.

Quando da morte da vereadora, o então ministro Raul Jugman disse que havia políticos poderosos envolvidos no crime. Vejo hoje em sites confiáveis que arma com inscrição dos Fuzileiros Navais dos EUA é encontrada no arsenal da milícia. Publicado no Brasil de Fato.

“A Divisão de Homicídios (DH) da Polícia Civil do Rio de Janeiro apreendeu 117 armas na residência de um amigo do policial militar Ronnie Lessa, suspeito de ter executado a vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista, Anderson Gomes, há um ano. Em uma foto divulgada do material apreendido, consta um componente de um fuzil M27 com inscrição dos Fuzileiros Navais dos EUA [USMC, em inglês]”.

“O M27 é produzido pela Heckler & Koch, empresa de armas alemã que também tem fábricas nos EUA, na França e no Reino Unido. O modelo se tornou o fuzil padrão dos Fuzileiros Navais dos EUA em 2018”.

Enquanto isso o tal que está na presidência diz que precisamos nos igualar aos EUA. Não precisamos disso. E no mesmo dia do massacre, ele anuncia que vai flexibilizar porte de armas.

Toda a violência que já temos não vai diminuir com a liberação de armas, isso já está claro e pelo contrário, só vai incentivar os loucos ainda mais a saírem matando por aí. E segundo a ex-presidente Dilma, injustiçada e expulsa da presidência em 2016, “a lei anticrime de Moro é o encontro marcado com tragédias como a de Suzano” . E o retrocesso continua, até quando, depende de nós.

quinta-feira, 7 de março de 2019

Pouco a comemorar

Por Olívia de Cássia Cerqueira

Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, nós não temos muito a comemorar, a não ser estar unidas na luta contra a violência. É um flagelo, em pleno século XXI o que vemos todos os dias estampado na mídia. Ficou pra traz na sociedade a visão de que a violência doméstica só acontecia com mulheres pobres.

A estupidez vai aumentando num crescendo absurdo, segundo dados da imprensa nacional. “São múltiplas discriminações a que as mulheres estão sujeitas e que pesam de uma forma muita dura as suas vidas".

Ao longo dos anos, várias pesquisas vêm sendo feitas, para constatar o número crescente de agressões, seguidas de morte, por companheiros inconformados com o fim do relacionamento ou por namorados estúpidos em crises de ciúmes.

Nana Soares, jornalista especializada em direitos da mulher e combate à violência, diz que “Inúmeras pesquisas mostram, há anos, a vergonhosa prevalência da violência contra as mulheres no Brasil. A realidade, no entanto, muda pouco.

Nana tenta dar alguma dimensão da banalização da violência contra a mulher. “compilei alguns dados importantes de pesquisas recentes, especialmente referente à agressões, violência sexual, feminicídio e percepções sobre violência. Todas já foram noticiadas pela imprensa”, diz ela.

“Depois das manifestações do #Elenão que reverberaram por todo mundo contra o discurso do ódio e o sexismo representados pela candidatura de Jair Bolsonaro(PSL), as mulheres voltam às ruas neta sexta-feira.

A edição deste ano alerta para as ameaças de retrocessos com o atual governo, observa a redação do site Forum. “A proposta de “reforma” da Previdência, o aumento da militarização, a criminalização dos movimentos sociais, a política de “entreguismo” dos recursos naturais que afeta a soberania nacional são alguns dos pontos pautados por movimentos e pela Marcha Mundial das Mulheres.

As manifestações também vão protestar contra o machismo, a violência de gênero, a desigualdade, o racismo e o preconceito contra pessoas LGBTs”. O assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ), caso ainda sem solução quase um ano após o crime, será destaque na marcha que acontece em várias cidades do país, sob a bandeira “Somos todas Marielles”.

Também serão lembrados nas manifestações do 8 de março o recente crime da Vale em Brumadinho (MG). “O lucro não Vale a vida” chamando a atenção para o passivo ambiental deixado no estado pela ganância das mineradoras.

É considerada violência, além da agressão física, também ameaças, ofensas e xingamento, imposição de sofrimento psicológico, danos morais ou patrimoniais. Todos estes itens estão previstos no artigo 50 da Lei Maria da Penha, que incluem violências sofridas no âmbito familiar ou domiciliar.

Já no abuso sexual, não é preciso que haja penetração para que seja considerado estupro. A prática de atos libidinosos sob ameaça ou violência também enquadra-se no crime, previsto no artigo 213 do Código Penal Brasileiro.

As penas variam de seis a dez anos de prisão, com agravantes em caso de morte, lesões corporais graves ou prática com menores de idade.
Mesmo ciente das definições, quando a agressão acontece, a mulher acaba ficando sem saber como agir e que providências tomar. As autoridades orientam como proceder em casos de violência de gênero:

O que fazer em caso de agressão física?

A primeira coisa é ir à delegacia mais próxima e registrar um Boletim de Ocorrência. Em todos os casos de violência, é recomendado que a vítima procure uma delegacia o quanto antes, para que os indícios e marcas da agressão não sumam, assim, haverá mais provas.
Como funciona este procedimento?

O delegado irá instaurar um inquérito policial e encaminhar a vítima para o IML (Instituto Médico Legal), para registrar os vestígios da agressão. Ele também vai oferecer medidas protetivas de emergência.

Quais são essas medidas?


Tirar o agressor do lar, determinar uma distância mínima entre a vítima e o agressor e encaminhar a mulher para um abrigo, cujo endereço é secreto.

O que fazer caso a agressão ocorra em um momento em que a Delegacia da Mulher está fechada?
A vítima deve se dirigir a qualquer delegacia mais próxima e registrar a ocorrência normalmente. Todas as delegacias devem receber as vítimas.
O que uma mulher deve fazer se for ameaçada?

Ela pode se dirigir à delegacia e registrar a ocorrência. A palavra da mulher é de grande valia nestes casos. Após o registro da ocorrência, a Polícia Civil vai investigar o caso e encaminhar para o fórum. Provas e testemunhas auxiliam no inquérito, como mensagens de texto, áudios, familiares ou vizinhos que presenciaram as ameaças.

A mulher que foi ameaçada recebe alguma medida protetiva?

Sim. Ela também pode ser encaminhada a um abrigo, onde ficará longe do agressor.

Que medidas são tomadas após o registro de estupro?


A vítima é encaminhada a um hospital para realizar exames e receber medicamentos antirretorvirais, que possam impedir a contaminação por doenças sexualmente transmissíveis. Além disso, a mulher também recebe gratuitamente a pílula do dia seguinte, para evitar gravidez.

Se a mulher for casada e o marido forçar sexo, é estupro?

Sim. Neste caso a palavra da vítima também é de grande valia e o delegado encaminha para o IML em busca de provas de agressão, como um apertão, por exemplo.

O que acontece com o suposto agressor durante o processo de investigação e caso seja condenado?

O suspeito vai responder criminalmente e, se condenado, pode ser preso. Caso alguma medida protetiva seja descumprida, a prisão preventiva pode ser decretada. Quando a pessoa é indiciada, consta nos antecedentes criminais se o processo foi arquivado ou se houve condenação.


O que pode atrapalhar o inquérito?

Ausência de testemunhas, quando a vítima se arrepende e retira a queixa ou muda para outro estado. Em casos de lesão corporal, não é possível retirar a queixa, mas em casos de ameaça e injúria sim, apesar de não ser recomendado.

(Com informações das agências de notícias especializadas)



Semana Santa

Olívia de Cássia Cerqueira (Republicado do  Blog,  com algumas modificações)   Sexta-feira, 29 de abril, é Dia da Paixão de Cristo. ...