domingo, 30 de agosto de 2015

Pescadores do Povoado Cadoz fazem campanha para recolher o lixo na Lagoa Mundaú


Quem recolher maior volume vai ganhar um prêmio

Olívia de Cássia - Repórter \Primeiro Momento

Genival Virgínio da Silva é pescador há 30 anos e conta que desde os 14 anos lida com a  atividade. Ele é casado, tem dois filhos com a esposa e outro fora e vive da pesca artesanal no povoado Cadoz, em Coqueiro Seco, que tem em torno de 600 moradores.
Seu Genival Virgínio fala também da falta de conscientização da população e reclama que até mesmo pessoas que trabalham com a pesca jogam lixo na lagoa.. Fotos: Paulo Tourinho
O trabalhador explica que os pescadores do povoado estão fazendo uma gincana para retirar o lixo que encontram na água, provedora do alimento da comunidade. “Estamos pegando o lixo da lagoa e quem mais recolher vai ganhar um prêmio; eu já retirava o lixo muito antes da gincana; quando a gente pesca, a rede já vem com muito lixo”, diz ele.
Seu Genival Virgínio fala também da falta de conscientização da população e reclama que até mesmo pessoas que trabalham com a pesca jogam lixo na lagoa. “Podia ter uma penalidade para essas pessoas que jogam lixo na água. Eu não sei te dizer o nível de poluição da lagoa, mas aqui é bem menor do que no Vergel”, observa. 
Segundo ele, a poluição faz com que a produção de peixes e do sururu tenha diminuído. “A lagoa está aterrando; o sururu morrendo, se não tiver uma atitude pública, vai terminar a gente atravessar da boca da barra para o leito do rio a pé e a embarcação não vai circular mais; a lagoa está assoreando. É mais gente para colocar lixo do que para retirar”, reclama.
Segundo o pescador, devido à poluição da lagoa o camarão que era em maior quantidade no povoado, diminuiu.
Seu Genival demonstra ser um pescador consciente e mostra os pedaços de  naylon da rede que está confeccionando, colocados em um balde, para não caírem na água e matar o alimento dos moradores. “Poucos moradores têm consciência, mas deveriam pensar nos filhos e netos. Se sobrevivemos da lagoa, temos que preservá-la”, observa.
 “Se o peixe come isso ele morre; a gente encontra caneco velho descartado na água; tartarugas enroladas em sacolas de lixo; elas confundem com algas e vão comer. Na realidade, a população que vive da pesca deveria recolher o lixo da maneira correta. Outro dia peguei um balde cheio de lixo na lagoa. Há mais de dez anos que venho tirando lixo daqui.
Seu Genival Virgínio conta que no canal que é braço da Lagoa Mundaú, tem diversas espécies como carapeba; camurim, tainha; siri; camarão barba rocha, entre outras. A água é salobra nessa época do ano, mas nos outros meses ele fala que é salgada e os peixes em maior quantidade encontrados por lá são o camurim e a tainha.
“Ontem fizemos uma pesqueira para cinco pessoas que rendeu 860 reais, em torno de 50 quilos de peixe ou mais”. O pescador conta que o tempo que passa pescando depende de que forma e que espécie vai pegar. “Se for de caiçara, de três a quatro horas; se for de tarrafa é quase o dia todo”, comenta.
Ele conta também que as mulheres do povoado são marisqueiras, a maioria pesca o maçunim e que algumas fazem artesanato, mas falta valorização.
Ele explica que o camurim é um peixe que gosta de água branca. Seu Genival disse que a pesca no local é boa, apesar da poluição, provocada pela falta de consciência do ser humano, que joga muito lixo no local.
Ele conta também que as mulheres do povoado são marisqueiras, a maioria pesca o maçunim  e que algumas fazem artesanato, mas falta valorização. Segundo ele, outro dia uma moça da comunidade fez várias peças de filé e outros bordados, mas não conseguiu vender, mas outras continuam fazendo.
“Eu também sou artesão; confecciono as minhas próprias redes de pesca; faço tarrafa na mão; tenho vários tipos de rede, para cada tipo de pesca que vou fazer. O pescador profissional ele tem que ter todos os apetrechos: para pegar peixe grande e pequeno”, destaca.
O pescador explica que o camarão que aparece no braço do rio com a lagoa é o barba roxa, que é de água salgada, mas quando chove, ele some, porque ele gosta da água salgada, segundo seu Genival. “O rio está com mais força do que a lagoa”. O braço do rio que ele fala é do Rio Mundaú.
Seu Genival disse que a pesca no local é boa, apesar da poluição, provocada pela falta de consciência do ser humano, que joga muito lixo no local.
No povoado Cadoz tem alguns bares que consomem o produto pescado pelos trabalhadores  e também os hotéis. Na região ele diz que os pratos mais consumidos são: sururu, maçunim e camarão. “O pessoal, quando não tem o camarão aqui compra camarão de cativeiro, que tem outro sabor”, observa.
Segundo o pescador, devido à poluição da lagoa o camarão que era em maior quantidade no povoado, diminuiu. “A gente não tem defeso; recebi por dois anos, mas cortaram; teve uma reunião  na colônia de pescadores e o presidente disse que cortaram o defeso da gente. O defeso é só para o camarão rosa, agora. A Lagoa Mundaú e a Manguaba não abrangem o camarão rosa”, explica.
Ele acha errado o corte do defeso pelo governo federal e diz: “Se a gente paga,  deveria receber. Pagamos INSS; sindicato; tem a carteira do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que quando a gente vai renovar a gente paga de novo, aí complica”, avalia.

O que muda na concessão do seguro-defeso dos pescadores

Começou a valer, a partir do dia 1º de abril deste ano, as novas regras para o seguro-defeso dos pescadores no Brasil. É um benefício temporário de um salário-mínimo por mês pago ao pescador artesanal. Entre as mudanças anunciadas, está o limite de tempo de quatro meses para receber o valor. Além disso, não será mais permitido receber dois benefícios.
“O benefício serve para preservar os peixes, protegendo o período de reprodução das espécies durante determinados períodos, já que os pescadores param de trabalhar e recebem o seguro”.  Segundo o ministro da Previdência, Carlos Eduardo Gabas, o objetivo das novas regras é garantir o acesso ao benefício somente a quem é pescador artesanal e não possui outras atividades.
Apenas o pescador exclusivo pode receber o seguro defeso. O seguro também não vai poder ser acumulado com outros benefícios sociais.
 Segundo reportagem da Agência Brasil, o governo detectou irregularidades, como pessoas que recebiam o seguro por um longo período de tempo, emendando um pedido no outro, ou pediam o benefício em estados em que não moravam. Em 2014, 826.174 mil pessoas receberam o benefício, R$ 2 bilhões foram destinados ao pagamento.
Os pescadores também passarão a ser classificados em três categorias: exclusivo (que vive apenas da pesca), principal (que a pesca é a atividade principal, mas possui outro trabalho) e subsidiário (que a pesca é uma atividade complementar). Apenas o pescador exclusivo pode receber o seguro defeso. O seguro também não vai poder ser acumulado com outros benefícios sociais.

Pesca do maçunim garante sobrevivência de moradores do Povoado Cadoz

O povoado Cadoz está localizado no município de Coqueiro Seco e a maioria da população sobrevive da atividade pesqueira do maçunim, molusco encontrado em grandes quantidades nas praias alagoanas.
A reportagem foi conferir como os pescadores do local executam seu trabalho, às margens da imensa lagoa que é braço do Rio Mundaú. Foto: Paulo Tourinho
 A reportagem foi conferir como os pescadores do local executam seu trabalho, às margens da imensa lagoa que é braço do Rio Mundaú. Os trabalhadores do povoado são tímidos ao falarem de sua atividade e dizem frases curtas; preferem retomar ao trabalho.
Luiz Carlos trabalha há um ano com a retirada do maçunin, juntamente com a esposa. Por dia, ele fala que, dependendo da maré eles retiram da água em torno de 15 a 20 quilos do molusco, que garante a sobrevivência das famílias da região.
Luiz Carlos trabalha há um ano com a retirada do maçunin, juntamente com a esposa. Por dia, ele fala que, dependendo da maré eles retiram da água em torno de 15 a 20 quilos do molusco, que garante a sobrevivência das famílias da região.
Um quilo do produto custa R$ 10, mas para grandes quantidades varia em torno de R$ 5 a R$ 7. Homens e mulheres se revezam nas tarefas rústicas, debaixo de cabanas de palha, sem proteção nenhuma e sob forte calor.  
Enquanto os homens fazem a pesca do molusco, outros moradores têm funções divididas na atividade. Uns colocam em latões para ferver por meia hora e soltar o miolo, outros retiram do fogo e batem para retirar a areia e as mulheres cuidam da limpeza e empacotamento do produto, que já tem destino certo. Vai para Sergipe e hotéis de Maceió.
“Esse aqui já é para entrega. A Kombi vem com isopores; coloca os sacos e leva para Sergipe”, explica. Elaine Maria dos Santos é uma das dez mulheres que trabalha com o produto no local. Ela conta que faz a atividade desde criança. “Meu trabalho aqui é lavar o maçunim e meu marido pesca, ele (o rapaz ao lado) peneira para tirar a areia e eu lavo”, conta.
Elaine Maria dos Santos é uma das dez mulheres que trabalha com o produto no local. 
Uma das mulheres, não tendo com quem deixar os filhos, os levou para o serviço e eles ficam brincando por perto, mesmo não sendo uma área apropriada para elas. No local há verdadeiras montanhas de cascas, que pode ser aproveitada para trabalhos da construção civil, na construção de calçadas e para aterros.
O acesso às cabanas de palha onde é feita a retirada e assepsia do produto não é tão fácil e o serviço que os trabalhadores desenvolvem é rústico e sem recursos sofisticados ou tecnologias: é um trabalho manual.  
Tito da Silva também trabalha no local, sua atividade é bater o maçunim na peneira para a retirada da areia e diz que está lá há um ano. 
O jovem Tito da Silva também trabalha no local, sua atividade é bater o maçunim na peneira para a retirada da areia e diz que está lá há um ano. Ele explica timidamente que gosta do que faz e que recebe por semana, dependendo da produção. 
Apesar do duro trabalho exercido na cata do maçunim, os trabalhadores têm o ganho da calmaria da paisagem. Lá a natureza está em abundância em toda a parte e dá vontade de armar uma rede bem próximo ao local e ficar por ali, aproveitando o que a natureza tem de melhor.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Presidente da Associação das artesãs do Pontal reclama da falta de apoio governamental

Olívia de Cássia - Repórter \ Primeiro Momento 


A presidente da Associação das Artesãs do Pontal da Barra, Maria Ligia Minin de Lins, reclama da falta de apoio governamental para os artesãos do bairro, conhecido pela produção do bordado filé e trabalhos artesanais de casca de mariscos. Tombado pelo patrimônio, o bairro tem aspecto bucólico, de cidade do interior. 

A presidente da Associação das Artesãs do Pontal da Barra, Maria Ligia Minin de Lins, reclama da falta de apoio governamental para os artesãos do bairro, conhecido pela produção do bordado filé e trabalhos artesanais de casca de mariscos . (Fotos: Paulo Tourinho)

Ligia Minin defende que o Instituto do Bordado Filé, entidade que poderia definir a identidade geográfica do bordado (IG), um selo de qualidade, trabalhe com o fortalecimento das entidades das bordadeiras, que segundo ela não é o que está acontecendo.
“As artesãs do Pontal não têm apoio governamental que é necessário e se dá quando tem alguma atividade do governo e nos convidam em algumas vezes; não é sempre”.  Segundo Ligia Minin, o Pontal tem que ser olhado pelo poder público de uma forma diferenciada, pois ela observa que o bairro é quem representa o artesanato de Maceió. “A gente precisa de valorização e não de exterminação”, pontua.

Segundo a presidente da entidade, procurou o Sebrae e todos os setores interessados para viabilizar o selo de qualidade e a criação do instituto.

Ligia Minin conta que em 2004 descobriu que o Ceará queria patentear o filé como sendo produto cearense. “Na época eu corri atrás e busquei ajuda para que a gente não deixasse acontecer, porque o filé é um produto genuinamente alagoano”, conta.
Segundo a presidente da entidade, procurou o Sebrae e todos os setores interessados para viabilizar o selo de qualidade e a criação do instituto.  “Começamos a procurar a história do filé, para que pudéssemos ter o IG e criar um Instituto do Bordado Filé, que seria para o fortalecimento das entidades de artesãos; depois de quase tudo pronto,  o Instituto se tornou uma associação que não aglutina as outras entidades”, pontua.
Segundo ela o IB não se tornou a união das entidades; não trabalha o fortalecimento das associações “e está tomando o nosso espaço, o nosso lugar. Tornou-se uma associação à parte e hoje o Sebrae só fala do bordado do Instituto Filé, deixando as bordadeiras do Pontal sem reconhecimento”, afirma.

Instalação do Instituto Filé não está sendo aceito por lojistas do bairro

A possível instalação de uma sede do Instituto do Bordado Filé no bairro não está sendo aceito por lojistas e artesãos do bairro, segundo Ligia Minin que é a idealizadora do projeto inicial da instituição.

Segundo Ligia Minin, o Pontal tem que ser olhado pelo poder público de uma forma diferenciada, pois ela observa que o bairro é quem representa o artesanato de Maceió.

 Ao contrário do que foi pensado, Ligia Minin disse que o instituto está acabando com as entidades que existem por causa do bordado. “A gente queria que fosse a nossa base, o nosso elo de fortalecimento das associações. O objetivo era que o IG viria para fortalecer a nossa história”. A artesã ressalta que além do Pontal o ideal seria que o instituto tão sonhado por ela e os artesãos do bairro fortalecesse todas as associações que trabalham com o bordado filé.
 Ligia Minin destaca que a Associação do Pontal, que ela preside e a Coperban se retiraram do processo, “porque nós vimos que a forma que estão trabalhando não é da coletividade, é individual”, ressalta.
 “O Instituto está querendo construir uma sede aqui no bairro, no prédio do Terminal Turístico, que nunca foi utilizado em favor do pescador; foi construído para que a Colônia fizesse um trabalho com os pescadores e as rendeiras; isso nunca foi feito”, comenta.
Segundo Lígia, a concessão do prédio nunca foi pedida pelas filezeiras, porque a associação avaliava que tivesse sido construído diretamente para a colônia, mas ano passado descobriram  que não pertence à colônia e foi só uma concessão. “O prédio está alugado há 20 anos para pessoas de fora e para lucro próprio, nunca foi usado para a comunidade”, explica.
Ligia explica ainda que a associação entrou com o pedido de concessão do imóvel, mas a presidência da colônia já tinha assinado uma ata cedendo o prédio para o Instituto Filé. “Chamamos a presidente e perguntamos como era que ela dava a concessão para vir para o Pontal uma entidade para filezeiras de outro lugar, tendo uma sede dentro da comunidade que se contrapõem a isso?”.

Ligia explica ainda que a associação entrou com o pedido de concessão do imóvel, mas a presidência da colônia já tinha assinado uma ata cedendo o prédio para o Instituto Filé.

Segundo ela avalia, os moradores do bairro é que têm esse direito, mas o poder público quer tirar. “Nós é que temos esse direito e querem nos tirar. As mulheres do Pontal não querem isso aqui; o Instituto vem pra cá para fazer uma sede para ele; o museu do filé, um auditório para as artesãs ligadas à instituição fazerem palestras e reuniões”, pontua.
Ligia explica que as mulheres dessa entidade não vão comercializar as peças delas, mas vão ter a sede com uma placa bem grande com o nome da entidade e quando o turista vier fazer a encomenda, vai comprar lá:  “E a gente que mora aqui, que ajudou esse povo todo a ser conhecido, como fica?”, interroga.
A presidente da associação acrescenta que os moradores do Pontal merecem respeito: “Merecemos o espaço para o fortalecimento da nossa classe, com o Pontal fortalecido, unido, ele não só divulga Maceió, quando a gente está lá fora a gente divulga todo o Estado de Alagoas”, complementa.

A presidente da associação acrescenta que os moradores do Pontal merecem respeito

Segundo ela, as artesãs verdadeiras do Pontal não querem a instalação do IB no bairro. “Se quiserem construir em Jaraguá, podem construir, ou em outro lugar, a gente não se importa, agora dentro da nossa comunidade, trazer as pessoas de um lugar que a gente não tem espaço, e vai pegar o local que tem e dá para outras está errado, não pode acontecer”.
No ano passado, segundo ela, foi feita uma ação na Justiça, a Secretaria de Cultura entrou no circuito e foi dada uma parada no processo, até ser conversado e se chegar a um acordo, mas segundo ela foi feito um documento solicitando a concessão do prédio, com um abaixo assinado de 450 assinaturas das artesãs.

Documento com mais de 500 assinaturas está sendo elaborado

Outro documento está sendo feito com 500 a 600 assinaturas, segundo a Ligia Minin,  mostrando ao poder público que as artesãs querem a sede, “Porque se o Instituto do Bordado Filé fizesse um trabalho coletivo e unido não precisaria da sede e faria reuniões descentralizadas, nas sedes das instituições que já existem há mais de 20 anos, para mostrar o fortalecimento das artesãs do Estado”, pontua.

No ano passado, segundo ela, foi feita uma ação na Justiça, a Secretaria de Cultura entrou no circuito e foi dada uma parada no processo

A líder comunitária culpa os órgãos governamentais de quererem implantar o Instituto do Bordado no bairro e reforça ainda que o IB, além de não aglutinar as entidades, criou uma nova diretoria, diferente da que tinha sido idealizada no objetivo do projeto inicial, que comportaria três membros de cada associação que já existe e que foram eleitas pelos seus sócios.
Ligia Minin argumenta que no início não atentou para o que estava acontecendo. “Me tornei uma pessoa até mais moderada nas minhas opiniões e ações, para evitar muitas polêmicas para que o projeto desse certo mais rápido e a gente patenteasse o filé; mostrasse que esse é um produto nosso; um orgulho nosso”, destaca.

A líder das artesãs do Pontal diz ainda que o grupo que está dirigindo o instituto não tem abertura para um trabalho como se deve fazer.

Mas, segundo ela, “infelizmente eu percebi que o direcionamento que está sendo dado não é coletivo e nem da união de todos e desde novembro do ano passado eu fiz uma carta me desligando de todo esse processo”, explica.
A líder das artesãs do Pontal diz ainda que o grupo que está dirigindo o instituto não tem abertura para um trabalho como se deve fazer. “Hoje se diz assim: se vocês quiserem ocupar o espaço, se filiem ao Instituto do Filé e a Associação dos Artesãos vai ficar para resolver os problemas da comunidade”.
Ela questiona dessa forma, como fica a sede da associação; a história da entidade e as lutas da categoria. “Hoje eu sou uma pessoa que combate o projeto que corri atrás; não concordo com a forma que o instituto está trabalhando”, lamenta.

Bairro é responsável pela geração de emprego e renda

O Pontal da Barra tem atualmente 9.650 habitantes, é um bairro turístico, seja por seu aspecto tradicional, seja pelo artesanato, culinária, bons restaurantes, passeios de barco pela Lagoa Mundaú, dentre outros motivos.

A líder das artesãs do Pontal diz ainda que o grupo que está dirigindo o instituto não tem abertura para um trabalho como se deve fazer.

A presidente da entidade diz ainda que o bairro do Pontal da Barra gera em torno de 15 mil empregos: é responsável pela divulgação de bordados de outros municípios alagoanos e de outros estados do País, que lojistas do local compram para revender e que se tornaram conhecidos em todos os lugares por causa do artesanato do Pontal da Barra.

"A maioria das peças tem no mínimo cinco pessoas envolvidas trabalhando atrás de cada bordado”, explica.

“A gente gera emprego para o Estado de Pernambuco; Sergipe; Natal; João Pessoa; Ceará  e os interiores de Alagoas. Além de divulgar tudo isso, a gente compra e revende, sem contar que aqui nós geramos empregos, mais mil dentro da própria comunidade, fora os lojistas. A maioria das peças tem no mínimo cinco pessoas envolvidas trabalhando atrás de cada bordado”, explica.

Mais lojistas estão se instalando no bairro

O Pontal da Barra tem atualmente 252 lojistas e mais dez estão para abrir no local. Cada um, segundo a presidente da associação, gera no mínimo emprego para 15 famílias. Além disso, as filezeiras terceirizam serviços de outros municípios, gerando renda para cada um deles.

O Pontal da Barra tem atualmente 252 lojistas e mais dez estão para abrir no local. Cada um, segundo a presidente da associação, gera no mínimo emprego para 15 famílias.

“O Pontal da Barra tem 289 anos; mas quando o padre José Cabral datou a primeira caderneta, disse que já existia há uns trinta anos”, pontua.  A líder comunitária destaca que o bairro é importante para a história de Alagoas.  “Temos história e somos o primeiro bairro da capital como ponto turístico”.   
Ligia Minin conta como começou a ser mostrado o filé para o mundo. Segundo ela, antigamente as mulheres iam a pé até a Praça Pingo d’Água (no Trapiche da Barra), onde tinha um bondinho e de lá elas iam até o Ponto de Maceió, em Jaraguá, onde só tinha marinheiro, para vender o bordado filé.
“Isso quando o porto foi construído, pois antes as pessoas vinham de navio aportavam nas praias e vinham em botes pequenos; as mulheres que vinham nesses botes compravam o  artesanato”, destaca.

Começo

Logo quando começou a ser feito, o filé era feito de palha e depois passou a ser feito de barbante, “que a gente chamava cordão; lá fora o povo conhece como barbante. Ainda hoje é feito, mas não mais como antigamente”.
A presidente da associação conta que o filé antigamente era só o caminho de mesa e cortina. “Hoje, é o produto da moda, e vai da preta Porter, moda fashion week, à moda popular, depende da criatividade de cada artesão. Não é uma coisa coletiva, é um trabalho de criação, mas também fazemos material por encomenda”, explica.
Peças que custam de R$ 10 a R$ 500 ou mais, dependendo do tamanho, material e tempo empregado para a confecção, além do bordado filé, que é feito em um tear e é um característico do bairro, as artesãs do Pontal comercializam bordados como macramê, redendê, recheliê, entre outros.

Peças que custam de R$ 10 a R$ 500 ou mais, dependendo do tamanho, material e tempo empregado para a confecção

A artesã Cida conta que o comércio no bairro está retraído, mas que a expectativa é de melhorar. “O movimento não está muito bom, mas esperamos que melhore”, observou a artesã, acrescentando que os preços das peças variam, depende do tamanho, tempo e material empregado.
 “Temos caminhos de mesa a R$ 35; R$ 30; bolsas a R$ 10; blusas a R$ 110; saias de R$ 120 e outras peças para compor o vestuário, cama, mesa e banho, jogos americanos, além de redes e diversas peças artesanais de artistas da terra”. Toalhas de filé, roupas e acessórios, tudo é comercializado no bairro turístico do Pontal da Barra, visitado semanalmente por centena de turistas e nativos.   

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

A arte de fazer cerveja pelas mãos de um triatleta

Muniz Falcão comenta que, em 2011, passou seis meses em São Paulo fazendo cursos

Olívia de Cássia - Repórter Primeiro Momento
Sebastião Muniz Falcão, além de triatleta conhecido internacionalmente, é cervejeiro artesanal e faz desse hobby um prazer.  No nosso bate-papo, em seu apartamento, ele contou que sempre gostou de cerveja e explicou como montou uma engrenagem para produzir a bebida no tipo longuinete artesanal e comenta que sonha em montar uma casa dessa modalidade em Maceió.
Sebastião Muniz Falcão, além de triatleta conhecido internacionalmente, é cervejeiro artesanal e faz desse hobby um prazer. (Fotos: Paulo Tourinho)
Muniz Falcão argumenta que sempre teve vontade de abrir um negócio. Conta que já teve  lanchonete, restaurante. “Sempre gostei de gastronomia e de bebida e Gabriela (a esposa) é ligada nessa área”, destaca.
No nosso bate-papo, em seu apartamento, ele contou que sempre gostou de cerveja e explicou como montou uma engrenagem para produzir a bebida no tipo longuinete artesanal
Segundo o cervejeiro, quando ele e Gabriela começaram o relacionamento, viajaram muito: “E como eu já gostava dessa área de bebidas, ela me incentivou a fazer cursos de vinhos e sommelier de cerveja”, explica.
Muniz Falcão comenta que, em 2011, passou seis meses em São Paulo fazendo cursos nos finais de semana: ia e voltava, por conta de seu trabalho na Justiça. “Os cursos eram nos finais de semana; me formei em sommelier de cerveja e na época não existia cervejas especiais importadas aqui em Maceió, ninguém conhecia”, observa.
O cervejeiro destaca ainda que trouxe a cerveja especial importada para Alagoas e o chamaram de louco. “Diziam você é louco, ninguém vai pagar 15, 20 reais numa cerveja; eu trazia caixas de cerveja de lá e fazia degustação em casa; convidava os amigos e começava a ensinar a tomar a cerveja e o pessoal adorava”, pontua.
O cervejeiro destaca ainda que trouxe a cerveja especial importada para Alagoas e o chamaram de louco.
Ele explica que começou a levar consultoria para algumas empresas em Maceió, mas reclama que uma delas utilizou o seu projeto, sem consulta. “Não me deram resposta e pegaram um funcionário, mandaram para São Paulo, para os meus contatos e trouxeram a cerveja. Quando entrei nesse supermercado, Gabriela disse: ‘você não vai acreditar’; estavam lá todas as cervejas importadas; pegaram meu projeto e utilizaram”, comenta.
Sebastião Muniz conta ainda que por causa dessa e de outras questões se afastou um pouco;  não conseguiu capital para viabilizar o projeto, mas agora voltou com toda força e diz que tem um público preparado para receber a cerveja.
Sebastião Muniz conta ainda que por causa dessa e de outras questões se afastou um pouco; não conseguiu capital para viabilizar o projeto, mas agora voltou com toda força
“Hoje, Maceió tem cerveja importada especial, mas as pessoas ainda não sabem beber. As cervejas estão nas prateleiras; os supermercados colocam lá para vender, mas as pessoas não sabem o que é e nem como degustar”, pontua.
O cervejeiro avalia que hoje tem um público preparado para que ele monte a casa (restaurante) e fazer o trabalho da cerveja. “Este ano fui a São Paulo fazer um curso de como preparar a cerveja e aí comecei a preparar minha própria bebida: fiz a primeira receita, não ficou boa; ficou tomável; na segunda receita errei e tive que jogar toda a cerveja fora”, explica.
Cervejeiro também está se especializando em vinhos, queijos e presuntos
Depois que errou a segunda receita de cerveja artesanal, Muniz Falcão explica que fez outro curso e agora vai fazer a terceira receita. “Estamos nos especializando; fiz cursos de vinhos e  estou estudando queijos, pimentas; pão; presuntos, crus; calabresas artesanais: são coisas que eu gosto e estou estudando para ver se trago alguma coisa nesse sentido. Ou aqui em Maceió ou voltar para São Paulo fazer alguma coisa lá”, destaca.
Por enquanto ele diz que não pode comercializar a bebida ainda. “Para comercializar precisa de autorização: para fabricar e vender. Por enquanto é um projeto caseiro, eu posso fabricar e vender para meus amigos, mas se eu me tornar um artesanal, eu tenho que ter um registro”, explica.
Por enquanto ele diz que não pode comercializar a bebida ainda.
O cervejeiro mostra ainda todo o equipamento e fala das etapas para produzir a cerveja artesanal: cevada (para cada uma tem um tipo de cerveja); lúpulo, que dá o amargor da cerveja e o que fermenta para fazer o álcool; levedura.
O cervejeiro mostra ainda todo o equipamento e fala das etapas para produzir a cerveja artesanal: cevada (para cada uma tem um tipo de cerveja); lúpulo, que dá o amargor da cerveja e o que fermenta para fazer o álcool; levedura.
“Para dar início a uma receita, eu escolho que tipo de cerveja vou querer. As cervejas se caracterizam por suas famílias e estilos. A cerveja do tipo Pilsen faz parte da família Lager; as cervejas de trigo (Weizenbier e Witbier) fazem parte da família Ale”, ensina.
As da família  Langer são as de baixa fermentação. “Na sua grande maioria são estilos de cervejas mais leves e claras, mas também temos dentro dessa família uma grande variedade de cores, aromas, potência de corpo e complexidade”, explica.
 Alguns exemplos de estilos da família Lager: Pilsen: estilo de cervejas douradas, brilhantes, quem apresentam leve amargor. Estilo original da cidade de Pilsen na República Tcheca. Exemplo: Wäls Bohemian Pils (Belo Horizonte, MG).
“Para dar início a uma receita, eu escolho que tipo de cerveja vou querer. As cervejas se caracterizam por suas famílias e estilos. A cerveja do tipo Pilsen faz parte da família Lager; as cervejas de trigo (Weizenbier e Witbier) fazem parte da família Ale”, ensina.
Schwarzbier: estilo de cervejas escuras feitas a partir de maltes torrados. Possui aromas estonteantes de torrefação, que lembram chocolate, café e cacau. Apresenta baixo para médio corpo e de paladar seco ao final. Exemplo: Eisenbahn Dunkel (Blumenau, SC).
Bock: estilo de cervejas em sua maioria avermelhadas, mas há as versões claras (Heller Bock) e também escuras (Dunkler Bock). Apresentam aromas maltados, médio corpo e teor alcoólico superior a 6,3%. Exemplo: Bierbaum Bock (Treze Tílias, SC)
Família: Ale são as cervejas de alta fermentação. “Geralmente possuem maior corpo e de paladar frutado. Mas os seus gostos e aromas são os mais variados. Alguns exemplos de estilos da família Ale: Weizenbier ou Weissbier: cervejas de trigo típicas Bavária, região mais ao sul da Alemanha”.
Muniz explica que é um erro achar que a cerveja chamada mofada é a ideal para se tomar.
Segundo Muniz Falcão, na sua grande maioria são não filtradas, mas também existem as versões filtradas e também a bock (Weizenbock) desse estilo. Exemplo: Colorado Appia (Ribeirão Preto, SP).
Stout: estilo de cerveja típico do Reino Unido e Irlanda, a marca mais conhecido é a irlandesa Guinness. Apresenta aromas e sabores de torrefação, e dependendo da variante do estilo (Dry Stout, Foreign Extra Stout, Oatmeal Stout, American Stout, Russian Imperial Stout) ela pode ter baixo ou alto corpo. Exemplo: Bierland Imperial Stout (Blumenau, SC).
Dubbel: estilo típico belga, de coloração marrom, desperta aromas frutados, médio e corpo e equilibrado sabor. Exemplo: Wäls Dubbel (Belo Horizente, MG).
Muniz explica que a cerveja que vai produzir é mais tipo Gourmet, não é para a pessoa se embriagar, porque tem um teor alcoólico maior. Segundo ele, as cervejas mais fortes são as belgas.  
Para cada tipo de receita aumenta-se ou diminui a quantidade de água
 Muniz tem em seu apartamento uma coleção de copos para cada bebida e garrafas de cervejas vazias que já degustou e diz que utilizará sua coleção para decorar seu negócio. “Se eu quiser extrair 20 litros de cerveja, eu vou colocar um volume maior de água, que vai ter uma fervura, evaporação e vou perder água nesse processo. Para essa receita, são necessários cinco quilos de cevada; onze gramas de levedura; e 30 a 40 gramas de lúpulo”, explica.
Muniz tem em seu apartamento uma coleção de copos para cada bebida e garrafas de cervejas vazias que já degustou e diz que utilizará sua coleção para decorar seu negócio.
Segundo ele, vai usar uns 32 litros de água para a obtenção final dos 20 litros de cerveja. A receita começa na panela maior, onde é colocada água para ferver;  coloca-se os ingredientes nessa água, em temperatura X para se evitar que depois vá para outra temperatura.
“Faço o caldo quente da cerveja (mosto); depois faz uma filtragem dela, tira todo o malte e passa para o balde fermentador, coloca o fermento e ele vai passar seis dias fermentando; extraindo o álcool. O mosto é fervido, normalmente de uma a duas horas”.
Durante a fervura, o lúpulo é adicionado em momentos variados, “com a finalidade de conferir amargor, paladar e aroma que o cervejeiro deseja. No final da fervura, o mosto é separado do lúpulo e resfriado, sendo preparado para a fermentação”, destaca.
No final da fermentação, a cerveja é engarrafada, é colocada de quinze a vinte dias para maturar, numa temperatura de quaro a cinco graus abaixo de zero.  Depois de 20 dias ela está pronta para o consumo.
No final da fermentação, a cerveja é engarrafada, é colocada de quinze a vinte dias para maturar, numa temperatura de quaro a cinco graus abaixo de zero.  
Muniz explica que é um erro achar que a cerveja chamada mofada é a ideal para se tomar. “À baixa temperatura, a papila degustativa congela e não consegue sentir o sabor. A cerveja deve ser consumida em três a quatro graus, para tomar uma cerveja dessa que a gente toma”. Ele explica que a temperatura ideal também depende da cerveja que se toma. “É uma arte”.

Vai melhorar

Olívia de Cássia Cerqueira   Todos os dias, procuro repetir esse mantra. “Vai melhorar, tem que ter fé”. Sei que pode ser clichê para mu...