segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Salve Zumbi e Dandara e #LulaLivre

Olívia de Cássia Cerqueira

Em tempos de tanto atraso e retrocesso no Brasil e no mundo, dá até preguiça de escrever, mas como é chegado o 20 de novembro e os olhos do planeta se voltam para a questão da negritude e de Zumbi, como se a temática se reduzisse ao mês de novembro, vamos lá.
Estivemos no dia da proclamação da República, 15 de novembro, lá no nosso pedaço de chão, visitamos a Serra da Barriga; percorri alguns acessos, mas não pude visitar a lagoa sagrada e nem o Baobá de Abdias Nascimento.

Toda vez que eu ia pra a sede do principal quilombo do país, eu descia, mas como o terreno é íngreme e tenho minhas limitações, por conta da Ataxia, fiquei na varanda da casa do Louro, morador da Serra, fotografando o que via e o restante do grupo foi até lá.
Toda vez que visito aquele chão sagrado, eu renovo minhas energias; precisava voltar, justo agora que estou lendo Escravidão, Do primeiro leilão de cativos em Portugal, até morte de Zumbi dos Palmares. Primeiro volume da obra de Laurentino Gomes, autor de 1808, 1822 e 1889 e me senti inspirada para revisitar meu torrão.

Visitar a Serra da Barriga agora, depois de quase dois anos de aposentadoria, me traz muitas lembranças das incontáveis vezes que fui até ali, para reverenciar o herói Zumbi e seus guerreiros; Dandara, Alquatune e outras tantas lideranças que lutaram e deram o grito de liberdade, no 20 de novembro e em outras datas.

A escravidão no Brasil e no mundo foi a maior vergonha que possa ter existido; nosso país foi um dos derradeiros a extinguir, pelo menos oficialmente, a escravidão, da forma como se conta a história; mas tem gente que continua a tratar pessoas como vassalos e sujeitos aos chicotes.
Gente que sente saudade da tortura, da ditadura e da dureza dos anos de chumbo. O que há de novo entre a escravidão e a ditadura?, pergunta Noemia Porto, presidente da Associação Nacional dos Magistrados (Anamatra) em artigo no Estadão.

Segundo Porto,a escravidão moderna atinge 40 milhões de pessoas no mundo e o Brasil é o campeão na América Latina. “A escravidão persiste de outras formas. O conceito de escravidão moderna abrange, não apenas o Brasil”, observa, mas “um conjunto de elementos jurídicos específicos, incluindo trabalhos forçados, servidão por dívida, casamento forçado, tráfico de seres humanos , escravidão e práticas semelhantes à escravidão” , analisa.

Essa condição de indignidade, segundo ela, ainda faz parte do cenário nacional e o Brasil tem compromisso internacional para eliminação dessas práticas. A magistrada lembra que entre 1964 e 1985 do século passado o Brasil viveu anos de chumbo, com prisões torturas, desaparecimento de pessoas, truculência e outras práticas que escandalizaram quem sempre defendeu os direitos humanos.

Os crimes cometidos nesse período, como muitos de agora, vide caso Marielle Franco e Anderson Gomes, não foram suficientemente investigados. Por qual motivos, muitos sabem, outros querem saber. Em tempo de consciência negra e de se reverenciar Zumbi, precisamos dar um basta a tudo o que está estabelecido de absurdo no Brasil e em toda a América Latina. Viva a liberdade, salve Zumbi e Dandara e #LulaLivre.




Semana Santa

Olívia de Cássia Cerqueira (Republicado do  Blog,  com algumas modificações)   Sexta-feira, 29 de abril, é Dia da Paixão de Cristo. ...