domingo, 30 de agosto de 2015

Pescadores do Povoado Cadoz fazem campanha para recolher o lixo na Lagoa Mundaú


Quem recolher maior volume vai ganhar um prêmio

Olívia de Cássia - Repórter \Primeiro Momento

Genival Virgínio da Silva é pescador há 30 anos e conta que desde os 14 anos lida com a  atividade. Ele é casado, tem dois filhos com a esposa e outro fora e vive da pesca artesanal no povoado Cadoz, em Coqueiro Seco, que tem em torno de 600 moradores.
Seu Genival Virgínio fala também da falta de conscientização da população e reclama que até mesmo pessoas que trabalham com a pesca jogam lixo na lagoa.. Fotos: Paulo Tourinho
O trabalhador explica que os pescadores do povoado estão fazendo uma gincana para retirar o lixo que encontram na água, provedora do alimento da comunidade. “Estamos pegando o lixo da lagoa e quem mais recolher vai ganhar um prêmio; eu já retirava o lixo muito antes da gincana; quando a gente pesca, a rede já vem com muito lixo”, diz ele.
Seu Genival Virgínio fala também da falta de conscientização da população e reclama que até mesmo pessoas que trabalham com a pesca jogam lixo na lagoa. “Podia ter uma penalidade para essas pessoas que jogam lixo na água. Eu não sei te dizer o nível de poluição da lagoa, mas aqui é bem menor do que no Vergel”, observa. 
Segundo ele, a poluição faz com que a produção de peixes e do sururu tenha diminuído. “A lagoa está aterrando; o sururu morrendo, se não tiver uma atitude pública, vai terminar a gente atravessar da boca da barra para o leito do rio a pé e a embarcação não vai circular mais; a lagoa está assoreando. É mais gente para colocar lixo do que para retirar”, reclama.
Segundo o pescador, devido à poluição da lagoa o camarão que era em maior quantidade no povoado, diminuiu.
Seu Genival demonstra ser um pescador consciente e mostra os pedaços de  naylon da rede que está confeccionando, colocados em um balde, para não caírem na água e matar o alimento dos moradores. “Poucos moradores têm consciência, mas deveriam pensar nos filhos e netos. Se sobrevivemos da lagoa, temos que preservá-la”, observa.
 “Se o peixe come isso ele morre; a gente encontra caneco velho descartado na água; tartarugas enroladas em sacolas de lixo; elas confundem com algas e vão comer. Na realidade, a população que vive da pesca deveria recolher o lixo da maneira correta. Outro dia peguei um balde cheio de lixo na lagoa. Há mais de dez anos que venho tirando lixo daqui.
Seu Genival Virgínio conta que no canal que é braço da Lagoa Mundaú, tem diversas espécies como carapeba; camurim, tainha; siri; camarão barba rocha, entre outras. A água é salobra nessa época do ano, mas nos outros meses ele fala que é salgada e os peixes em maior quantidade encontrados por lá são o camurim e a tainha.
“Ontem fizemos uma pesqueira para cinco pessoas que rendeu 860 reais, em torno de 50 quilos de peixe ou mais”. O pescador conta que o tempo que passa pescando depende de que forma e que espécie vai pegar. “Se for de caiçara, de três a quatro horas; se for de tarrafa é quase o dia todo”, comenta.
Ele conta também que as mulheres do povoado são marisqueiras, a maioria pesca o maçunim e que algumas fazem artesanato, mas falta valorização.
Ele explica que o camurim é um peixe que gosta de água branca. Seu Genival disse que a pesca no local é boa, apesar da poluição, provocada pela falta de consciência do ser humano, que joga muito lixo no local.
Ele conta também que as mulheres do povoado são marisqueiras, a maioria pesca o maçunim  e que algumas fazem artesanato, mas falta valorização. Segundo ele, outro dia uma moça da comunidade fez várias peças de filé e outros bordados, mas não conseguiu vender, mas outras continuam fazendo.
“Eu também sou artesão; confecciono as minhas próprias redes de pesca; faço tarrafa na mão; tenho vários tipos de rede, para cada tipo de pesca que vou fazer. O pescador profissional ele tem que ter todos os apetrechos: para pegar peixe grande e pequeno”, destaca.
O pescador explica que o camarão que aparece no braço do rio com a lagoa é o barba roxa, que é de água salgada, mas quando chove, ele some, porque ele gosta da água salgada, segundo seu Genival. “O rio está com mais força do que a lagoa”. O braço do rio que ele fala é do Rio Mundaú.
Seu Genival disse que a pesca no local é boa, apesar da poluição, provocada pela falta de consciência do ser humano, que joga muito lixo no local.
No povoado Cadoz tem alguns bares que consomem o produto pescado pelos trabalhadores  e também os hotéis. Na região ele diz que os pratos mais consumidos são: sururu, maçunim e camarão. “O pessoal, quando não tem o camarão aqui compra camarão de cativeiro, que tem outro sabor”, observa.
Segundo o pescador, devido à poluição da lagoa o camarão que era em maior quantidade no povoado, diminuiu. “A gente não tem defeso; recebi por dois anos, mas cortaram; teve uma reunião  na colônia de pescadores e o presidente disse que cortaram o defeso da gente. O defeso é só para o camarão rosa, agora. A Lagoa Mundaú e a Manguaba não abrangem o camarão rosa”, explica.
Ele acha errado o corte do defeso pelo governo federal e diz: “Se a gente paga,  deveria receber. Pagamos INSS; sindicato; tem a carteira do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que quando a gente vai renovar a gente paga de novo, aí complica”, avalia.

O que muda na concessão do seguro-defeso dos pescadores

Começou a valer, a partir do dia 1º de abril deste ano, as novas regras para o seguro-defeso dos pescadores no Brasil. É um benefício temporário de um salário-mínimo por mês pago ao pescador artesanal. Entre as mudanças anunciadas, está o limite de tempo de quatro meses para receber o valor. Além disso, não será mais permitido receber dois benefícios.
“O benefício serve para preservar os peixes, protegendo o período de reprodução das espécies durante determinados períodos, já que os pescadores param de trabalhar e recebem o seguro”.  Segundo o ministro da Previdência, Carlos Eduardo Gabas, o objetivo das novas regras é garantir o acesso ao benefício somente a quem é pescador artesanal e não possui outras atividades.
Apenas o pescador exclusivo pode receber o seguro defeso. O seguro também não vai poder ser acumulado com outros benefícios sociais.
 Segundo reportagem da Agência Brasil, o governo detectou irregularidades, como pessoas que recebiam o seguro por um longo período de tempo, emendando um pedido no outro, ou pediam o benefício em estados em que não moravam. Em 2014, 826.174 mil pessoas receberam o benefício, R$ 2 bilhões foram destinados ao pagamento.
Os pescadores também passarão a ser classificados em três categorias: exclusivo (que vive apenas da pesca), principal (que a pesca é a atividade principal, mas possui outro trabalho) e subsidiário (que a pesca é uma atividade complementar). Apenas o pescador exclusivo pode receber o seguro defeso. O seguro também não vai poder ser acumulado com outros benefícios sociais.

Pesca do maçunim garante sobrevivência de moradores do Povoado Cadoz

O povoado Cadoz está localizado no município de Coqueiro Seco e a maioria da população sobrevive da atividade pesqueira do maçunim, molusco encontrado em grandes quantidades nas praias alagoanas.
A reportagem foi conferir como os pescadores do local executam seu trabalho, às margens da imensa lagoa que é braço do Rio Mundaú. Foto: Paulo Tourinho
 A reportagem foi conferir como os pescadores do local executam seu trabalho, às margens da imensa lagoa que é braço do Rio Mundaú. Os trabalhadores do povoado são tímidos ao falarem de sua atividade e dizem frases curtas; preferem retomar ao trabalho.
Luiz Carlos trabalha há um ano com a retirada do maçunin, juntamente com a esposa. Por dia, ele fala que, dependendo da maré eles retiram da água em torno de 15 a 20 quilos do molusco, que garante a sobrevivência das famílias da região.
Luiz Carlos trabalha há um ano com a retirada do maçunin, juntamente com a esposa. Por dia, ele fala que, dependendo da maré eles retiram da água em torno de 15 a 20 quilos do molusco, que garante a sobrevivência das famílias da região.
Um quilo do produto custa R$ 10, mas para grandes quantidades varia em torno de R$ 5 a R$ 7. Homens e mulheres se revezam nas tarefas rústicas, debaixo de cabanas de palha, sem proteção nenhuma e sob forte calor.  
Enquanto os homens fazem a pesca do molusco, outros moradores têm funções divididas na atividade. Uns colocam em latões para ferver por meia hora e soltar o miolo, outros retiram do fogo e batem para retirar a areia e as mulheres cuidam da limpeza e empacotamento do produto, que já tem destino certo. Vai para Sergipe e hotéis de Maceió.
“Esse aqui já é para entrega. A Kombi vem com isopores; coloca os sacos e leva para Sergipe”, explica. Elaine Maria dos Santos é uma das dez mulheres que trabalha com o produto no local. Ela conta que faz a atividade desde criança. “Meu trabalho aqui é lavar o maçunim e meu marido pesca, ele (o rapaz ao lado) peneira para tirar a areia e eu lavo”, conta.
Elaine Maria dos Santos é uma das dez mulheres que trabalha com o produto no local. 
Uma das mulheres, não tendo com quem deixar os filhos, os levou para o serviço e eles ficam brincando por perto, mesmo não sendo uma área apropriada para elas. No local há verdadeiras montanhas de cascas, que pode ser aproveitada para trabalhos da construção civil, na construção de calçadas e para aterros.
O acesso às cabanas de palha onde é feita a retirada e assepsia do produto não é tão fácil e o serviço que os trabalhadores desenvolvem é rústico e sem recursos sofisticados ou tecnologias: é um trabalho manual.  
Tito da Silva também trabalha no local, sua atividade é bater o maçunim na peneira para a retirada da areia e diz que está lá há um ano. 
O jovem Tito da Silva também trabalha no local, sua atividade é bater o maçunim na peneira para a retirada da areia e diz que está lá há um ano. Ele explica timidamente que gosta do que faz e que recebe por semana, dependendo da produção. 
Apesar do duro trabalho exercido na cata do maçunim, os trabalhadores têm o ganho da calmaria da paisagem. Lá a natureza está em abundância em toda a parte e dá vontade de armar uma rede bem próximo ao local e ficar por ali, aproveitando o que a natureza tem de melhor.

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