Olívia de Cássia - jornalista
Chico Anysio disse certa vez que a única coisa boa que a
velhice traz é a sabedoria. Entendimento para saber lidar com os problemas
adversos, contornando situações e amenizando a rotina: mas nem sempre a idade
nos traz esse detalhe no nosso cotidiano.
Eu tenho procurado viver, de um tempo para cá, descomplicando a vida: resolvi
me desfazer de muitos objetos e entulhos que fui acumulando ao longo do tempo e
que depois não me servem mais. Quero ficar com o mínimo possível, para quando
partir para outro plano, não dar tanto trabalho para quem for se desfazer daquelas
sucatas.
Penso que o que importa na vida é o amor que dedicamos a uma
causa, seja ela pelos animais, causas sociais e construtivas. Entendi isso a
partir do acentuamento das minhas limitações e venho procurando observar mais as atitudes dos
outros, para não cometer desatinos. A observação faz parte do entendimento e
dos anos vividos.
Não compreendo um ser humano que não respeite os outros
seres vivos: entendo que cada um tem um entendimento; tem direito de gostar ou
não de outros seres, mas que deveriam em primeiro lugar se conhecer melhor,
fazer terapia e saber o motivo de ter ojeriza a outros seres viventes.
Quando viemos ao Planeta Terra, não chegamos sozinhos; o
mundo foi povoado por muitas espécies e todos devem tentar conviver de forma
pacífica e sem conflitos. Li num artigo científico sobre psicologia que um antigo
psiquiatra, já falecido, não se cansava de dizer que a maior causa de
aborrecimentos do ser humano é outro ser humano, muito embora dissesse também,
que a maior causa de alívio desses aborrecimentos é outro ser humano.
Parece difícil, mas para ser mais sucinta, o que a
psicologia diz é que muitas vezes nosso estado de espírito se complica devido a
atitudes que não concordamos dos outros e nos pomos irritados.
Para os estudiosos no assunto, para o bem-viver emocional
devemos aperfeiçoar nossa capacidade de convivência com nosso semelhante; ser
tolerante é o melhor remédio. “Ao falar sobre a capacidade de nossos
semelhantes em nos aborrecer estamos falando das frustrações, mágoas e
irritabilidade que eles podem produzir em nós”.
“Podemos dizer que nossas frustrações, mágoas e
irritabilidade, são proporcionais àquilo que esperamos dos outros; quanto mais
esperamos, mais sofremos”, observa um autor cujo nome não me lembro agora.
Conviver em sociedade é difícil, mas em algumas ocasiões a
gente precisa, ‘engolir alguns sapos e
outros bichos’ e não esperar nada de ninguém, porque quando mais geramos
expectativas e esperamos uma atitude de alguém, mais corremos o risco de ter
frustrações que nos levam à irritabilidade, às mágoas e ao ressentimento.
Diferentes dos nossos animais de estimação, o ser humano é
muito complicado e por esse motivo, cada dia eu amo mais meus gatos e cachorros
e admiro o amor incondicional que eles me dedicam, sem pedir muito em troca:
querem apenas carinho e alguns cuidados.
A recomendação que recebi dos meus mestres, sejam elas nos
livros ou nos ensinamentos foi que, “para prevenir frustrações futuras, é bom
fazer tudo que fazemos sem esperar nada em troca, fazemos por uma questão de
arbítrio, escolha e consciência. Se algo de bom vier de nossos semelhantes será
um lucro agradável e, se não vier nada, será normal”, me ensinaram. Bom dia e
fiquem com Deus.
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