segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Arquivo vivo da história política do Estado, Djalma Falcão analisa impeachment de Muniz Falcão

Olívia de Cássia - Repórter \Primeiro Momento


Arquivo vivo da história política do Estado, Djalma Falcão comenta que acompanhou todo o processo impeachment movido contra o governador Sebastião Muniz Falcão, seu irmão. Segundo ele, aquele era um período completamente diferente do de hoje. Até hoje, mais de 50 anos depois, o episódio é considerado um dos mais significativos da história alagoana e ainda suscita discussões sobre a figura de Muniz Falcão e seu governo.


Djalma Falcão comenta também que de outro lado estava a luta de políticos e militantes que tinham visões socialistas; libertárias, mas sufocados pelo peso do poder econômico, aliado com o poder das oligarquias.Foto: Paulo Tourinho

“Eu era estudante de Direito e com atuação no jornalismo alagoano por onze anos e acompanhei todo o processo, que ocorreu na vigência daquele período democrático de 18 anos entre o fim da ditadura do governo Vargas, em 1945, e o golpe militar de 1964”, explica.

 “O processo de impeachment movido contra Muniz Falcão é o retrato perfeito e acabado de uma luta desigual em Alagoas: de um lado o poder econômico, concentrado geralmente com os usineiros; também naquela época os donos de fábricas de tecido, plantadores de cana e os plantadores de fumo somavam mais de 60% da economia do Estado”, pontua.

Djalma Falcão comenta também que de outro lado estava a luta de políticos e militantes que tinham visões socialistas; libertárias, mas sufocados pelo peso do poder econômico, aliado com o poder das oligarquias.

Naquele tempo, segundo o ex-prefeito, outra personalidade da política alagoana, Silvestre Péricles, desenvolveu uma luta quase excessiva contra o Sindicato de Usineiros. “Em 1946 se elegeu governador do Estado e rompeu com esses setores de poderosos”, pontua.

Nessa época, a UDN, que sempre representou a essência destas castas políticas, segundo ele, ensaiou um processo de impeachment contra Silvestre Péricles, mas ele tinha em seu favor, o respaldo do chefe militar mais poderoso e mais respeitado do Brasil, que era o general Pedro Aurélio de Góes Monteiro, e a proposta não prosperou.

Djalma Falcão comenta que Silvestre Péricles, levou a coisa na brincadeira e falou: ‘impeachment é uma palavra inglesa e não se aplica no Brasil’. “O Silvestre perdeu a eleição para Arnon de Mello e Arnon restabeleceu o poder político aliado do poder econômico do Estado”, destacou.

Em 1954, Muniz Falcão que já tinha sido deputado federal, lançou-se candidato ao governo, venceu Arnon de Mello e foi o mais votado nas eleições para governador de Alagoas. Segundo Djalma, por iniciativa própria; pelas suas convicções humanísticas; sua visão social avançada, Sebastião Muniz Falcão retomou a bandeira das lutas populares contra a hegemonia do poder político e econômico do Estado de Alagoas e por isso teria sofrido o processo de impeachment.

“Eu quero deixar bem claro para a posteridade , qual foi a motivação do fato: não havia nada de improbidade que atingisse a honradez de Muniz, que morreu limpo de tudo isso; ele tinha integridade. O recolhimento aos cofres do Tesouro do Estado, ele não tirou;  acrescentou dinheiro”, destaca.

Djalma Falcão conta ainda que tinha uma verba, que era paga, mensalmente,   por um cidadão  que entrou numa concorrência pública e ganhou o direito de explorar a Loteria do Estado de Alagoas,  o jogo do bicho, que foi instituído no final do governo de Arnon de Mello; uma lei que ele mandou para a Assembleia Legislativa, mas não tinha sido regulamentada.

“O dinheiro foi recolhido para um fundo social que se destinava a ações incipiente, privadas; segunda coisa, ele assegurava a liberdade política das oposições, que estavam sendo perseguidos, foram essas as causas”, explica.

Segundo Djalma Falcão, o governador Muniz Falcão cumpriu toda as etapas do processo de impeachment, e ao final de 20 dias de afastamento do Governo do Estado, foi julgado e foi absolvido sem qualquer arranhão na sua dignidade.
Segundo matéria do jornalista Fábio Costa, publicada em jornal em 2010, A sexta-feira 13 de 1957, dia da votação do impeachment do governador Muniz Falcão,  transformou a Assembleia em uma praça de guerra.

Tiroteio e morte na ALE marcou a história de Alagoas

“No início da tarde do dia 13 de setembro de 1957, uma sexta-feira, um grupo de deputados chegou ao prédio da Assembleia Legislativa de Alagoas com uma peça de vestuário muito pouco adequada ao clima da cidade nessa época do ano. Num calor de 38ºC, os parlamentares estavam usando pesadas capas de chuva, sob as quais tentavam ocultar metralhadoras”, observa o jornalista Fábio Costa, em matéria em O Jornal, em 2010.

Segundo o relato, “mal entraram no plenário, sem dizer uma palavra, abriram fogo a esmo, provocando a reação de deputados que já estavam entrincheirados no local. O intenso tiroteio durou cerca de 40 minutos e deixou um deputado morto e várias pessoas feridas, entre elas um jornalista carioca e um servidor da casa. O motivo do bangue-bangue: a votação do pedido de impeachment do governador Sebastião Marinho Muniz Falcão”.
Dos 35 deputados estaduais, 22 estavam contra o governador. No dia da votação do impeachment, o próprio Muniz Falcão teria pedido que sua bancada não comparecesse à sessão, entretanto, o deputado Humberto Mendes (PTN), seu sogro e líder do governo, discordava dessa posição. Ilustração
Dos 35 deputados estaduais, 22 estavam contra o governador. No dia da votação do impeachment, o próprio Muniz Falcão teria pedido que sua bancada não comparecesse à sessão, entretanto, o deputado Humberto Mendes (PTN), seu sogro e líder do governo, discordava dessa posição.

Segundo relato de jornais da época, Mendes e os deputados Claudionor Lima e Abraão Moura decidiram ir à Assembleia dispostos a “matar ou morrer” e não atenderem nem mesmo aos apelos do arcebispo de Maceió, D. Adelmo Machado, para que fossem desarmados.

“Portando metralhadoras, os três rumaram para a Praça D. Pedro II e, agitados, condenavam os golpistas, sob aplausos da multidão que se aglomerava no local em apoio ao governador. Os deputados oposicionistas também estavam preparados para o confronto”, diz o texto.

Segundo relatos da história, o boato que corria na cidade era que Humberto Mendes havia encomendado 22 caixões para o enterro coletivo da bancada. Por precaução, foram montadas barricadas com sacos de areia para proteger a Mesa Diretora”, contam os jornais. [Mais informações sobre o tema no lin khttp://textofinal.blogspot.com.br/2010/05/sexta-feira-13-que-abalou-alagoas-em.html.


Fonte:http://1momento.com.br/noticias/politica/arquivo-vivo-da-historia-politica-do-estado-djalma-falcao-analisa-impeachment-de-muniz-falcao

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