Olívia de Cássia – jornalista
Vinha eu caminhando de casa para o trabalho e pensando numa
pauta para o meu artigo da semana. De repente me ocorreu falar de um tema que
me é recorrente na vida: o desapego. De um tempo para cá eu resolvi me
desapegar de sentimentos e coisas que não me servem mais e isso tem me feito
melhor.
Fazer uma limpeza no armário, literalmente; tirar os
relógios de parede que não funcionam e estavam lá só de enfeite: joguei no
lixo; tirar os penduricalhos e moafos sem
serventia e tudo isso tem me feito muito bem.
Todo ano eu faço campanhas de solidariedade para conseguir
donativos para pessoas mais necessitadas ou em situação de risco e aproveito
também nessa época para me desfazer de muita roupa que não uso e só está
ocupando espaço na casa.
Não tive uma vida nababesca, sempre fui remediada.
Antigamente, na juventude, eu tinha mania de colecionar objetos: chaveiros,
selos, cartões postais; as cartas que recebia de resposta dos amigos para quem
eu escrevia desabafando meus sentimentos. Isso numa época em que não existia
internet e nem tecnologias.
Alimentei esse hábito por muitos anos e guardava tudo com
muito afeto e cuidado; depois, com a sucessão de fatos que foram acontecendo e
com o curso normal da vida, muita ‘água passou debaixo da ponte’ e fui aos
poucos me desfazendo daquilo tudo. Ficaram as lembranças.
Costumava ‘viajar’ nos relatos de passeios que meus amigos
me faziam, principalmente Alonsinho, que viajava muito e quando ele chegava me
narrava com detalhes tudo o que tinha aprontado nas viagens. Era como se eu
tivesse ido também naqueles passeios e me deliciava com as passagens descritas
e as aventuras vividas pelo meu amigo.
Com a chegada da maturidade; as limitações de saúde e o
desgaste de tudo em minha vida, eu resolvi me desfazer de grande parte dos
objetos e ficar com o mínimo que eu possa viver. Para que carregar tanto peso?
Até alguns livros eu resolvi doar, embora tenha muito ciúmes de alguns deles,
da mesma forma que tinha dos meus discos de vinil que também me desfiz.
Não me resta muito, mas o que me basta são as lembranças de
um tempo vivido; o aprendizado; as amizades que fiz; meus animais de estimação e
o amor deles que é incondicional. Não tenho muito tempo mais de acumular nada e
nem tenho aporte financeiro para isso.
Se eu pudesse e tivesse saúde ia viajar, conhecer mundos,
lugares, pessoas e desfrutar do que isso nos traz de melhor. Quando chegar a
aposentadoria eu não quero parar, para não atrofiar de vez e vou ver se faço um
curso de pintura, voltar a fazer minhas tapeçarias, ir muito mais ao cinema, a
boas peças de teatro e shows da boa música e aprofundar minhas leituras.
O
resto é desapego total, fazer uma higienização, na vida prática e espiritual.
Bom dia e fiquem com Deus.
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