segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Audiência pública na ALE discute políticas públicas antidrogas no Estado


Olívia de Cássia - Repórter
A Assembleia Legislativa realizou na manhã desta segunda-feira, 14, uma audiência pública para discutir as políticas públicas antidrogas em Alagoas. A sessão teve o plenário lotado de familiares, representantes de entidades e adolescentes que estão inseridos nos programas sociais do governo.
A Assembleia Legislativa realizou na manhã desta segunda-feira, 14, uma audiência pública para discutir as políticas públicas antidrogas em Alagoas. (Fotos: Assessoria)
A iniciativa é do deputado Ricardo Nezinho (PMDB), que teve o requerimento aprovado por unanimidade na Casa. Segundo o parlamentar, a audiência pública foi importante, tendo em vista que a droga é um mal que assola a sociedade.
“Precisamos, enquanto deputados, debater e fazer valer a atuação do Legislativo, bem como entender o que o Governo do Estado tem feito em relação a esse tema”, observou Nezinho. O peemedebista destacou a importância da participação dos diversos segmentos da sociedade na sessão, como entidades e instituições que dão apoio à causa.
O secretário Jardel Aderico, da Secretaria de Estado de Prevenção Social à Violência (Seprev), falou sobre a importância do desenvolvimento de políticas sociais, de ter instrumentos de repressão legítima em funcionamento e da necessidade de garantir a difusão da educação socioemocional para crianças e adolescentes.
Ele fez um relato da situação dos dependentes químicos e Alagoas e disse que o papel da família é fundamental na recuperação do dependente. “A vida de um dependente é de completa desestrutura; ele passa a ser um problema na rua, na comunidade; na família”, destacou.
Segundo o secretário, em 2014 foram atendidos 7.940 dependentes químicos do sexo masculino; 499 mulheres e 905 adolescentes e 266 meninas. Esse ano, já foram atendidos, com a retomada do processo de acolhimento neste começo de governo, 1.362 dependentes químicos já passaram pelo Centro de acolhimento.
A maioria dos acolhidos são do sexo masculino e o tempo de internação do acolhido varia. “Vinte e um por cento passa em média um mês na instituição; 24% de um a dois meses; 19% de três a quatro meses”, destaca.
Segundo o secretário, o serviço de acolhimento se coloca como referência para o dependente químico e a família. Acontece de às vezes o dependente abandonar o serviço e na semana seguinte voltar.  
O presidente do Projeto Sarar, o psicólogo Francisco Lindon Johnson de Almeida, disse que existem interesses por conta de uma má interpretação a respeito da dependência química e do acolhimento.
Segundo ele, em 2009, houve uma caça às bruxas pelo Conselho Federal de Psicologia, tentando colocar num bojo só as clínicas e as comunidades acolhedoras, conhecidas como comunidades terapêuticas.
“Nós somos totalmente diferentes; fazemos um trabalho voltado exclusivamente na área terapêutica e não na área química. O que nós fazemos pelos jovens tem uma proposta extremamente eficaz. Nós não somos clínica; não desenvolvemos atividade com medicação”, destacou.
Francisco Lindon Johnson observou que a entidade Sarar não faz tratamento alopáticos ou fitoterápicos ou outro tipo de medicação com o dependente químico assistido pela  instituição. “O tratamento é feito de forma natural, eles deixam verdadeiramente as drogas, logicamente há um processo, mais demorado, no que diz respeito à questão da abstinência”, avalia.
Segundo ele, há um amparo ao dependente, por intermédio das redes Caps, entidades municipais, estaduais, que dão parcerias ao trabalho da associação. “Nós não catequisamos esses meninos e nem transformamos eles em religiosos, não é essa a proposta. A espiritualidade é uma visão que temos de resgatar valores desses jovens”, argumenta.
“Somos laicos, as nossas comunidades,  católicas e evangélicas, não têm a função de catequisar, mas trazer os valores espirituais na vida desses jovens. O trabalho que é feito é um trabalho muito sério, com programa terapêutico eficaz, que estamos vendo os resultados.  Em 2015, mais de 1.200 jovens estão acolhidos nas comunidades”, pontuou.
O deputado Ronaldo Medeiros disse que os números apresentados a respeito da questão da dependência química no Estado são alarmantes. “Fico preocupado, porque nós temos, além de acolher, temos que ter política pública, que seja proativa e preventiva. Os países e estados onde as políticas públicas funcionam corretamente, com educação; saúde; esporte e lazer, não tem esse índice elevado presos”, avalia.
Segundo o parlamentar, por mais que se construa novas prisões, “nós não vamos conseguir nunca dar conta, se nós não agirmos na base, que é a principal política pública. Enquanto um reeducando custa R$ 3.200 até R$ 4.000, como colocou o deputado Nezinho, estudante da rede pública não custa à União, o ano todo, R$ 2. 500”, destacou.
Ronaldo Medeiros disse ainda que é mais caro um reeducando por mês do que um estudante o ano todo estudando na rede pública. É o nosso grande desafio, trabalhar preventivamente, com escolas em tempo integral, unificando as secretarias de Cultura; Esporte e Lazer, do Trabalho, também atuando conjuntamente; esse é o desafio que essa Casa tem que enfrentar para que não se continue investindo em presídios, pontuou.
Segundo o parlamentar, a reincidência daqueles que saem do presídio é recorrente: “De cada dez que saem, oito voltam; prova que o sistema como um todo é falido e não funciona”. Medeiros destaca ainda que a principal função do sistema prisional é reeducar, devolver à sociedade o ser humano curado daquilo que o levou até lá”, argumenta.
No entanto, o vice-presidente da Casa de Tavares Bastos reforça que o sistema prisional faz o contrário. “Eu vi essa semana passada uma reportagem de um reeducando que saiu naquele dia e no outro dia já cometeu um delito”, observou.

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