Assunta Brasil terá muito humor, poesia e textos inteligentes
Olívia de Cássia - Repórter
Sucesso do programa a Praça é Nossa (SBT), o multiartista (humorista, ator, apresentador, cantor, narrador e compositor) brasileiro Saulo Laranjeira se apresenta neste domingo, 20, às 20h30, no Teatro Deodoro, em Maceió, em um show beneficente que terá renda revertida para o tratamento do radialista Carlos Miranda, que está passando por tratamento de saúde em consequência da esclerose lateral amiotrófica (ELA).
Nascido em Pedra Azul, município de Minas Gerais, localizado no nordeste do Estado, na região do vale do rio Jequitinhonha, o artista conversou com a reportagem no restaurante A Bodega do Sertão, no começo da tarde deste domingo, e falou um pouco da sua trajetória profissional.
O espetáculo Assunta Brasil existe há dez anos e tem muito humor, poesia e textos inteligentes com personagens emblemáticos que vão surgindo no palco, criando um clima de imediata empatia com os espectadores.
Ele comenta que mudam os personagens, as funções e o nome continua o mesmo. Dentre os personagens do espetáculo, o Deputado João Plenário. O que muita gente não conhece é o trabalho do artista como divulgador da música regional brasileira.
“O nome foi inspirado em um personagem, vaqueiro e filósofo que sempre falava no assunta Brasil, sempre com uma parábola, uma história, uma citação filosófica, por conta disso; trabalho na área do humor; poemas; personagens críticos, em sua maioria, que aborda a reflexão, as questões sociais”, destaca.
No evento deste domingo haverá convidados especais de Alagoas como os cantores Julio Uçá, que vem de um tour pela Europa, a cantora Elisa Lemos e o musico Tony Augusto, além do apresentador Paulo Poeta que vai declamar poesias. A noite será imperdível.
O show também faz parte do Projeto Encontros , que trouxe para Alagoas recentemente as belas apresentações de Cezzinha e do cantor Léo Maia, filho de Tim Maia. O ingresso para a apresentação custa R$ 50 inteira e R$ 25 meia entrada , para estudante e pessoas da melhor idade.
O projeto Encontros tem como objetivo proporcionar ao público alagoano conhecer e prestigiar os artistas da terra, em um bom encontro no mesmo palco e mesmo espetáculo de um artista de renome nacional.
Artista mineiro tem várias parcerias
“A história é longa, porque comecei muito cedo na carreira. Nasci em Minas fui para o Rio de Janeiro, depois São Paulo”, comenta. Saulo Laranjeira é apresentador do programa televisivo Arrumação, que surgiu a partir da música de Elomar.
O programa divulga o trabalho de artistas de raiz, como Xangai; Elomar (músicos, cantores, poetas e contadores de causos) entremeado com apresentação de causos e personagens humorísticos interpretados por ele.
Para quem quer conhecer seu trabalho, o humorista e compositor fala que dentre tais personagens estão o contador de causos Geraldinho, a Véia Messina, Zé da Silva Pereira, o boêmio Sabiá, Kelé Metaleiro, o sambista Juriti e o bicho grilo Zé Roberto.
Além destes, Saulo ainda interpreta o Deputado João Plenário do programa humorístico A Praça é Nossa exibido pelo SBT. O multiartista dentro da sua trajetória profissional faz um resgate e preservação das tradições nordestinas.
Saulo Laranjeira já gravou trabalhos de grandes poetas, a exemplo de Camillo de Jesus Lima, com seu Viola Quebrada - sendo que o personagem João Macambira, deste poema, também integra o rol daqueles personificados pelo artista.
Em 2011, participou como narrador do espetáculo Auto da Catingueira do Grupo Giramundo. Dentre os principais parceiros ou companheiros de shows de Saulo Laranjeira estão Paulinho Pedra Azul, Elomar Figueira de Mello, Dércio Marques, Titane, Tadeu Franco, Túlio Mourão, Celso Adolfo, Pereira da Viola e Tavinho Moura. Além de todo esse currículo, o multiartista é secretário de Cultura do município mineiro de Sabará.
JOÃO PLENÁRIO
Sobre o personagem João Plenário, ele diz que é fruto de observação do que acontece no cenário da política nacional – as características culturais e as expressões dos políticos histriônicos, etc.
“É fruto da observação da polícia brasileira; nenhum político reclama, ninguém quer vestir a carapuça. O sucesso do personagem é muito grande em todo o Brasil, como ele é um personagem camaleônico, que se molda aos sotaques e expressões de várias regiões, o público termina se identificando”, observa.
O humorista conversa também sobre seu envolvimento com o folclore e as tradições e observa que sempre se envolveu com a cultura popular brasileira, pesquisando os folguedos populares, principalmente no Vale do Jequitinhonha, e esse material de pesquisa terminou sendo uma importante referência para o seu trabalho não só teatral como também musical.
Segundo Saulo Laranjeira, o folclore, a cultura regional, não apenas no Brasil, não faz mais parte da mídia. O interesse dos veículos de comunicação pelo produto cultural de massa terminou prevalecendo.
“Mas sabemos que existe um público carente, ávido por consumir cultura regional, como também existem artistas regionais com trabalhos expressivos, porém com dificuldades em divulgar os seus trabalhos”.
Saulo Laranjeira destaca quer é uma questão do poder público interferir para atender a esse universo de consumidores. “Os jovens universitários não se manifestam mais como um público de vanguarda. Passaram a ser um público que só tem interesse em consumir cultura estabelecida pela a mídia atual”, reclama.
Saulo comenta que teve um Bar/Centro cultural Chamado Fulô da Laranjeira, onde muitos músicos conhecidos tocaram lá e fala da experiência. O artista comenta que também participou do programa Som Brasil, entre outros.
“Na década de 80, tivemos um importante espaço cultural em São Paulo – Fulô da Laranjeira – um local de encontro de vários artistas emergentes da época – Renato Teixeira, Elomar, Xangai, Almir Sater, Tarancon, Geraldo Vandré, etc… Foram oito anos convivendo com um público amante da boa Música Popular Brasileira e com artistas formadores de opinião. Uma experiência das mais importantes para a minha trajetória artística”, pontua.
COMPOSITOR
Como compositor, Saulo laranjeira tem mais de 50 composições: “Nos meus shows, a música, a poesia e o humor sempre estiveram juntos. É formato do meu trabalho há anos. As canções intercalam os momentos de emoção e de humor. O meu parceiro e companheiro de show mais frequente é o meu filho Tuca Graça, com quem tenho um CD gravado em parceria denominado “Faróis do Tempo””, explica.
Outro parceiro do artista é o cantor e compositor cearense Saldanha Rolim. “Eu e o Saldanha desenvolvemos dois projetos: “Saulo Laranjeira e Saldanha Rolim cantam Vandré e Gonzagão” e Carnaval de Todos os Tempos”.
Sobre o momento que o país está passando ele diz que é muito ruim, mas espera que o país supere. “É um momento terrível, de tensão de todos nós brasileiros, uma expectativa muito grande; essa coisa que veio à tona, cada dia é uma novidade, ter que conviver com isso [a corrupção] e não ver uma perspectiva é triste, mas esperamos que disso saia um resultado positivo”, finaliza.
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