sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Consciência e negritude

Olívia de Cássia – jornalista


Em União dos Palmares, desde a segunda-feira, 12, estão havendo várias atividades para celebrar o Mês da Consciência Negra e Zumbi. A Fundação Cultural Palmares, a Secretaria de Cultura do município, a ONG Tambores da Liberdade, o Coletivo A Fábrica elaboraram programações diferenciadas que vão da dança, recitação de poesias, Sarau Negracor, apresentação de teatro, exposições e mostra fotográfica.  

Também foi organizada a Cavalgada da Liberdade, pelo ministro dos Esportes, o viçosense Aldo Rebelo, para celebrar a data, quando todo o País homenageia o herói negro Zumbi dos Palmares, um baluarte que lutou contra a intolerância religiosa, o preconceito racial e pela liberdade do seu povo.

O legado de Zumbi e a história do Quilombo dos Palmares são itens para ser reverenciado durante o ano todo. Zumbi formou um exército de mais de 30 mil homens, na Serra da Barriga, que comandou com pulso e determinação.  Em 20 de novembro 1695 teria sido morto pelas tropas de Domingo Jorge Velho, data que tornou-se símbolo para o povo negro.

A Serra da Barriga, local onde se instalou o maior quilombo das Américas, é um lugar sagrado, onde bancos, negros e índios se refugiaram para lutar contra a escravidão e contra a falta de liberdade. Quando a gente chega ao platô da Serra, sente uma energia e uma paz que só podem  transcender dos que ali viveram e ainda vivem por lá.

Há ainda hoje muita polêmica a respeito da história de liberdade de Zumbi, mas vamos nos ater ao que ele representa para todos aqueles que lutam por uma sociedade melhor, mais igualitária e mais justa e sem preconceitos de raça ou de cor.

O Brasil foi o último país independente do continente americano a abolir completamente a escravatura. A sociedade brasileira não aceitava o término da escravidão, porque a estrutura política e econômica do Brasil dependia dos escravos.

O café estava se tornando a grande riqueza do país e a lavoura dependia da mão-de-obra escrava. Mesmo depois de oficialmente ter sido extinta a escravidão no País, demorou muito para que os escravos, homens e mulheres, negros e brancos, fossem considerados livres.

Ainda hoje há na nossa sociedade resquícios de escravidão, coronelismo e opressão. Infelizmente, no Brasil e em nosso Estado, vivemos numa sociedade racista, cujo preconceito é velado e camuflado, por trás de atitudes às vezes bem sutis.

O Brasil é um país mestiço, temos nossas raízes africanas e isso é o que nos faz diferentes de outros povos. Somos um povo bonito por causa da nossa cor, da nossa mistura de raças. Nosso país proclama ser uma democracia racial, mas no que diz respeito às oportunidades, há uma lacuna a ser preenchida.

Ainda há muito o quê se fazer para que se dê fim às desigualdades sociais e à intolerância, seja ela de que modalidade for. Vivemos numa sociedade onde a discriminação por causa da cor ou da religião ainda é uma realidade e isso precisa acabar.

 Precisamos de uma sociedade livre, onde homens e mulheres, sem discriminação de raça ou de cor, tenham as mesmas oportunidades e os mesmos direitos. Salve Zumbi!

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