segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Não sei dizer...


Olívia de Cássia - jornalista

Passei minha vida lutando contra as marés e isso não foi fácil para mim. Na adolescência, os desentendimentos e conflitos de gerações com minha mãe me fizeram uma menina infeliz: era uma adolescente cheia de complexos e de baixa autoestima, me achava feia, desinteressante e  posso dizer hoje que precisava de um tratamento psicológico e de um olhar mais carinhoso.

 Eu queria lutar contra o mundo e esse mundo significava aqueles que me criticavam, porque eu queria porque queria mudar o mundo com minhas ideias e minhas amizades. Coisa de adolescente rebelde.

Depois vieram os primeiros amores que nunca se firmaram e ficavam apenas na minha imaginação de menina inocente, dócil e cheia de sonhos. Na juventude o primeiro amor veio cheio de complicações, fruto de uma cabecinha problemática.

Amei mais do que devia e fui obrigada a renunciar ao grande amor da minha vida, por falta de argumentos maiores, por preconceitos sociais e valores que eu comecei a questionar e abominar.

Depois achei que alguém pudesse me amar algum dia e me deixei levar pela boa conversa e pela esperteza de quem, apesar da juventude, era mais esperto que eu. Enfrentamos o mundo a nossa volta, tivemos momentos felizes e outros nem tanto.

Na minha ingenuidade e vontade de que tudo aquilo seguisse em frente, fingi não perceber muita coisa e abstrai outras, até que a traição foi maior e mais frequente e tudo desmoronou em minha vida.

Naquele tempo eu pensei que meu mundo tivesse ruído e que não era possível mais me reerguer. Hoje eu posso dizer que lutei e venci. Hoje, não sei dimensionar em que momento da minha vida eu deixei de  amar e  tento não pensar mais em tudo o que vivi.

Nossa história teve um começo tumultuado, mas cheia de enfrentamentos, de lutas, de significados. Eu pensava que isso seria suficiente para nossa vida, um longo período de entrega e despojamentos, mas me enganei.

Talvez o começo desse desamor tenha sido naquele momento que eu percebi o abandono total, sem nenhum argumento plausível, quando descobri o quanto eu tinha sido passada para trás.

Hoje eu não sei dizer o que sinto: se é saudade, compaixão, amizade ou que nome possa ter isso.  Só sei que já não sofro com essa ausência. Aos poucos eu fui renascendo das cinzas, feito uma fênix.

Fui me despojando de todo sentimento maior que eu tinha por você. A cada sofrimento lembrado, uma lágrima caída, e eu fui me levantando e me reerguendo, aprendendo a viver sem a tua presença.

Não há sentimento pior do que a gente se sentir traída, humilhada, desvalorizada, despedaçada  nos nossos mais puros sentimentos. Hoje eu posso dizer que me refiz de todo sofrimento e que posso ser mais forte do que eu imaginava.

Não há nada melhor na vida do que as experiências que nós acumulamos. Servem-nos de lições de enfrentamento para os dias que se seguem. Hoje procuro levar a vida com mais humor, sem tanto pesar dentro de mim.

Assumo meus erros, não digo que eu também não tenha errado em algum momento durante esse tempo de vida a dois. Meu maior  engano foi ter confiado muito e cegamente em quem não devia, mas eu não guardo raiva, não guardo rancor. Só espero ter mais uma chance na vida. A chance de ser feliz. 

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