Olívia de Cássia - jornalista
A noite já vai alta, estou em paz comigo, meu coração,
apesar de tantos atropelos da vida, está sereno. Busco o equilíbrio e a paz de
espírito, quero estar bem comigo mesmo.
Não quero a agonia do mal querer. Em pensamentos eu viajo numa lenda encantada,
criando lugares e pessoas que não existem, onde tudo é uma grande fantasia.
Textos lidos, literatura absorvida, histórias vividas e
contadas e muitos pensamentos me invadem nessa hora. A vida da gente é uma
eterna busca, uma grande brincadeira se for encarada com suavidade.
Estamos sempre procurando o equilíbrio entre a vida prática
e o sonho. No meu caso são mais sonhos. Preciso me desapegar um pouco. Há
muitos descaminhos por aí, muitas vezes a gente percebe que eles nos mostram
como seguir até o destino desejado.
Nós, às vezes, subestimamos nossa própria capacidade de
superação, nossa força, nossa alma, isso acontece comigo. Por meio do
aprendizado a gente vai absorvendo o verdadeiro sentido da vida, com as perdas
e maus desempenhos.
Podemos entender melhor a complexidade e simplicidade da
vida, a realidade na qual somos constituídos e, ao mesmo tempo, podemos dar
valor a tudo aquilo que verdadeiramente importa. Nesse instante, o desejo de ter sossego me
aflora, procuro encontrar um destino de paz, amor e encanto.
Eu amo a vida, quero ter um pouco mais de saúde para
desfrutar ainda mais o que ela tem de melhor para me oferecer. Penso na
possibilidade de ainda encontrar a docilidade desejada, uma vida confortável,
sem traumas, sem medos e sem censuras.
Quero um amor que seja do jeito que eu sonhei:
descomplicado, diferente, meio maluco, meio normal. Penso na felicidade que eu
quero ter, procuro sorrir, para não chorar, quero estar bem com a vida, em paz
com minha consciência, rir do meu choro, fazer brincadeiras inocentes na
companhia de amigos, gostar da brincadeira e rir também das minhas tolices.
Isso é felicidade.
Tenho desejos e anseios reprimidos, eu sei, mas quando a
gente não consegue se completar de uma forma, procura fazer substituições
práticas no dia-a-dia, que tragam conforto e que nos façam bem. A vida segue
seu curso normal, procuro não me angustiar com os entraves que aparecem.
Olho para o lado e me vejo sozinha, mas a segurança que eu
procuro só eu posso encontrar em mim. Não renego minha solidão, mas gosto de estar
sozinha, faz parte do meu contexto, mas tem horas que uma presença masculina em
nossa vida é essencial, não nego isso.
Segundo Bergson, “o tempo é um dispositivo que impede que
tudo aconteça de uma vez”, mas a gente tem que se lapidar para aprender isso.
São muitas as quimeras que deixei para trás.
A vida seguiu em frente, amigos se foram, o tempo passou, envelheci.
Não consigo ainda amadurecer a tal ponto de me conformar com
a velhice. A do corpo a gente não pode evitar. O corpo dá sinais do tempo, mas
minha mente insiste em divagar por aí, em ser jovem e gostar de viver. Não
quero perder a ternura da juventude, amo a vida.
Sou parte dessa engrenagem, nasci assim: amei demais, dei
muito de mim e não posso dizer que tive grandes retribuições; mas não devo
reclamar da vida. Tem gente querendo ter a minha.
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