quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Lá vai o tempo....


Olívia de Cássia - jornalista

A noite já vai alta, estou em paz comigo, meu coração, apesar de tantos atropelos da vida, está sereno. Busco o equilíbrio e a paz de espírito, quero estar bem comigo mesmo.

Não quero a agonia do mal querer.  Em pensamentos eu viajo numa lenda encantada, criando lugares e pessoas que não existem, onde tudo é uma grande fantasia.

Textos lidos, literatura absorvida, histórias vividas e contadas e muitos pensamentos me invadem nessa hora. A vida da gente é uma eterna busca, uma grande brincadeira se for encarada com suavidade.

Estamos sempre procurando o equilíbrio entre a vida prática e o sonho. No meu caso são mais sonhos. Preciso me desapegar um pouco. Há muitos descaminhos por aí, muitas vezes a gente percebe que eles nos mostram como seguir até o destino desejado.

Nós, às vezes, subestimamos nossa própria capacidade de superação, nossa força, nossa alma, isso acontece comigo. Por meio do aprendizado a gente vai absorvendo o verdadeiro sentido da vida, com as perdas e maus desempenhos.

Podemos entender melhor a complexidade e simplicidade da vida, a realidade na qual somos constituídos e, ao mesmo tempo, podemos dar valor a tudo aquilo que verdadeiramente importa.  Nesse instante, o desejo de ter sossego me aflora, procuro encontrar um destino de paz, amor e encanto.

Eu amo a vida, quero ter um pouco mais de saúde para desfrutar ainda mais o que ela tem de melhor para me oferecer. Penso na possibilidade de ainda encontrar a docilidade desejada, uma vida confortável, sem traumas, sem medos e sem censuras.

Quero um amor que seja do jeito que eu sonhei: descomplicado, diferente, meio maluco, meio normal. Penso na felicidade que eu quero ter, procuro sorrir, para não chorar, quero estar bem com a vida, em paz com minha consciência, rir do meu choro, fazer brincadeiras inocentes na companhia de amigos, gostar da brincadeira e rir também das minhas tolices. Isso é felicidade.

Tenho desejos e anseios reprimidos, eu sei, mas quando a gente não consegue se completar de uma forma, procura fazer substituições práticas no dia-a-dia, que tragam conforto e que nos façam bem. A vida segue seu curso normal, procuro não me angustiar com os entraves que aparecem.

Olho para o lado e me vejo sozinha, mas a segurança que eu procuro só eu posso encontrar em mim. Não renego minha solidão, mas gosto de estar sozinha, faz parte do meu contexto, mas tem horas que uma presença masculina em nossa vida é essencial, não nego isso.

Segundo Bergson, “o tempo é um dispositivo que impede que tudo aconteça de uma vez”, mas a gente tem que se lapidar para aprender isso. São muitas as quimeras que deixei para trás.  A vida seguiu em frente, amigos se foram, o tempo passou, envelheci.

Não consigo ainda amadurecer a tal ponto de me conformar com a velhice. A do corpo a gente não pode evitar. O corpo dá sinais do tempo, mas minha mente insiste em divagar por aí, em ser jovem e gostar de viver. Não quero perder a ternura da juventude, amo a vida.

Sou parte dessa engrenagem, nasci assim: amei demais, dei muito de mim e não posso dizer que tive grandes retribuições; mas não devo reclamar da vida. Tem gente querendo ter a minha.

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