Olívia de Cássia – jornalista
Ando evitando sentimentos negativos dentro de mim. Procuro
colocar alegria em tudo o que faço, para esquecer os problemas da minha frágil saúde,
meus questionamentos, minhas inquietações e tudo o mais não muito positivo que
possa vir a me acometer.
Tenho muita facilidade de fazer amizades, adoro conversar
com gente jovem, mas às vezes avalio que sou mal interpretada; não pela maioria
dos jovens, mas por aqueles que tentam me analisar segundo os seus princípios e
conceitos.
São pessoas que tentam conceituar os outros se esquecendo da
sua própria vida. Acredito que ninguém é dono da verdade e que também não se
deve olhar para a vida dos outros enquanto na sua casa passa um vendaval.
Não tenho especialidade nesse campo, mas às vezes gosto de
observar o comportamento do ser humano. A vida da gente já tem tanto problema e
para quê vamos nos preocupar com os particulares dos outros?
Estou passando por uma fase de muitas incertezas, no campo
pessoal e financeiro, mas não quero permitir que isso abale as minhas
estruturas interiores e nem afetem o meu trabalho, que para mim é a coisa mais
importante da minha vida.
A solidão que acompanha meus dias não é ruim. Como disse Friedrich
Nietzsche, minha solidão não tem nada a ver com a presença ou ausência de
pessoas. Eu gosto de ficar sozinha para pensar, escrever, analisar, ler.
São tantas as possibilidades de crescimento que a gente tem morando
sozinha e ainda mais não há nada melhor do que a nossa individualidade
preservada.
Não posso negar que às vezes não sinta falta de uma boa
companhia para conversar, tomar um drinque, falar sobre leituras, livros, música,
cinema, poesia, política e outros assuntos que surgirem. Isso é salutar. Mas
nos dias de hoje é muito difícil para uma pessoa na minha idade alcançar isso.
Parece até que as coisas boas da vida estão se perdendo por
aí em algum lugar que não consigo encontrar. Por esses e outros motivos eu
decretei o fim dos meus relacionamentos que foram tão escassos e que ‘não deram
certo’ na minha vida.
Costumo dizer que joguei a chave do coração fora e não quero
saber onde está. Mas às vezes a gente tem vontade de dar uma saída, uma
escapadela, olha os quatro cantos e não encontra. Na falta de uma companhia, vai
sozinha mesmo e se diverte pra valer. Já estou acostumada com isso.
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