sábado, 6 de outubro de 2012

Sem rumo e sem direção

Olívia de Cássia - jornalista

Caminho sem direção, desequilibrada, meus tombos já são visíveis e inevitáveis. Olho ao meu redor e não encontro mais ninguém. Daqui a algum tempo não poderei mais ficar sozinha em casa e vou precisar de alguém para me auxiliar nas tarefas mínimas que sejam. Tomara que isso demore a acontecer, ou que não aconteça comigo, como se fez com meus familiares.

Chego do trabalho em casa e arrumo algumas coisas que estão na bagunça feita pelos meus gatos. Eles fazem a festa, correm pela casa toda, derrubam tudo e o galo da Estação canta lá adiante. É madrugada de sábado e há quase silêncio na rua.

Sigo pensando na vida; tem horas que isso é inevitável. Procuro espantar um pensamento que seja de pesar, de tristeza e não pensar no pior, porque já adotei um comportamento de positividade e motivação em minha vida.  Apesar das dificuldades, eu não vou reclamar.

Não posso deixar que a tristeza apareça e me abata; eu preciso ser feliz, aproveitar o que a vida ainda tem para me oferecer de melhor e mais bonito. Preciso disso com a maior urgência. Sou parte de um todo confuso e desfocado. 

Já passa da meia noite. O tempo lá fora é bom. A previsão é de chuva no fim de semana. Se se confirmarem as avaliações meteorológicas, teremos um fim de semana de tempo fechado. Tomara que isso não atrapalhe o processo eleitoral de domingo.

Olho nos quatro cantos da minha casa e constato o quanto de desarrumação está no local. Parece até que perdi o gosto de arrumar e deixar tudo no seu lugar. Faz tempo que não me dedico à minha casa.
Não nasci para ser do lar.

É tão difícil para mim essa tarefa que às vezes eu avalio que sou de outro mundo, de outra galáxia. Talvez um extraterrestre suburbano que não aprendeu a viver ainda. Não fui treinada para isso, para ser uma dona-de-casa.

Às vezes penso que nasci numa época errada, porque ainda quero desfrutar de coisas da juventude. Gosto de festas, de passeios, de mar. ‘O mar que é das gaivotas, que nele sabem voar’.  Que seria de nós se não houvesse o mar?

De repente alguns sabores me vêm à memória. Tem coisa que não sai da mente da gente, feito uma tatuagem daquelas bem destacadas e chamativas. Engraçado o que acontece comigo: tem comida que tem sabor da infância, outras têm os da adolescência e por aí vai nosso pensamento, voando distante, até chegar na direção que a gente deseja.

Desejos e sonhos, vontades contidas pela voz da razão. Às vezes a gente cria situações na nossa memória e vai dando corpo àquelas que mais nos atraem. Às vezes são histórias impossíveis de se tornarem reais e fazem parte apenas da nossa imaginação fértil e de uma vida cheia de carências afetivas.

Nossos quereres de hoje são bem diferentes dos de ontem, mas muitas vezes eles se confundem e nos confundem também. Penso na utopia do sonho, no desejo do corpo e nos quereres da alma. Vida que segue sem respostas. Boa madrugada!

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