sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Boa tarde, Diário.

Olívia de Cássia – jornalista

Boa tarde, meu amigo Diário. Hoje estou aqui de volta para conversar com a única pessoa que não tenho medo de falar o que sinto, a única que me entende, sem críticas e sem censuras, se é que tenho alguma restrição de desabafar minhas dores com alguém.

Sabe, Diário, hoje eu acordei mais uma vez com aquela sensação de vazio, de solidão e angústia no peito. Dizem que isso “é o excesso de passado em nossas vidas e que a ansiedade é o excesso de futuro”.

Bem, meu caro amigo, eu não sei avaliar se é isso o que acontece comigo agora.  O que tenho absoluta certeza é: “não tenho certeza de nada”, neste momento. Não sei Diário, mensurar o motivo desta agonia, vontade de chorar, de me debulhar em lágrimas.

Não sei definir esse incômodo que me acomete nesta sexta-feira, quando eu devia estar celebrando  e dando vivas ao dia de hoje. Sim, porque para todo brasileiro festeiro, o dia de hoje é de comemoração, de cerveja, de agradecer a Deus por mais um dia, pela vida e pelas dádivas recebidas.

Sabe Diário, não há nada melhor do que a vida que Deus nos deu, mesmo que a gente tenha dias de reflexão, introspecção e até chore um pouco, como eu hoje de manhã, enquanto trabalhava; mas as lágrimas servirão para lavar a minha alma às vezes cansada de lutar. Será um impulso para um novo recomeço.

Não me desespero, estou na luta, não desisto nunca, tenho dito sempre. Às vezes peço que Deus me proteja de mim, do que eu possa fazer e pensar. Mas os sonhos fazem parte da nossa vida também, mesmo que eles pareçam irrealizáveis, utópicos e loucos como têm sido os meus até hoje.

Apesar de tudo, de querer ser outra pessoa, de querer ser uma mulher mais forte e mais senhora de si, no fundo eu quero ser assim mesmo: um pouco louca, um pouco normal. Não aprendi certas facetas da vida, me tornei uma mulher ingênua, frágil, suscetível a emoções.

Nem mesmo essa maturidade e a velhice, que às vezes renego, me tornaram mais firme. Eu acho que ainda não me fiz entender e isso me deixa aflita em certos momentos. Tem situação na vida que a gente quer eternizar, tornar para sempre, mas isso nós sabemos que é impossível.

Penso às vezes até em pedir desculpas por eu ser assim. Mas pensando bem, pedir desculpas para quem e para quê? Só as amizades verdadeiras têm sustentação na vida; no mais é coleguismo e quando há isso.

O que eu estou precisando nesse momento em que desabafo, Diário, é  ter um colo de amigo para deitar e desabafar, da mesma forma que eu fazia na juventude com meus amigos queridos em União dos Palmares, quando estava assim.  Tantas vezes deitei no colo deles, para falar dos meus sentimentos, meus medos e sonhos. 

Um tempo em que as amizades eram puras e sinceras. Por que naquela nossa fase da vida, não censurávamos nada e nem ninguém e acreditávamos nos nossos sonhos como se fossem fatos consumados, que só dependeria do tempo.

Estou carente de afeto, Diário, necessitada desses abraços carinhosos que só os amigos sabem dar. Deus me proteja de mim.

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