por Sebage Jorge Barboza
FOTOS JUAREZ CAVALCANTI
Envolvendo as crianças e adolescentes dos povoados Ilha do
Ferro (Pão de Açúcar) e Entremontes (Piranhas), mais uma vez o “Cinema no
Balanço das Águas” leva ao sertão alagoano seu projeto de arte educativa,
cultivando naquela região de grandes artistas populares a beleza e a magia do
cinema e o desenvolvimento sociocultural.
Contemplado pelo Programa BNB de Cultura (do Banco do
Nordeste e BNDES), o projeto proposto pelo museu Coleção Karandash de Arte
Popular e Contemporânea, acontecerá este ano no mês de dezembro, com oficinas
de cenografia, vídeo, fotografia e cinema de animação. E, além das aulas que
serão ministradas pela arquiteta Rejeny Rocha, pela artista plástica e arte
educadora Maria Amélia Vieira, pelos vídeoartistas Pedro Octávio Brandão,
Glauber Xavier e Daniel Macedo, pelo fotógrafo Juarez Cavalcanti e pelo
professor de animação Ricardo Elia (do festival Anima Mundi), filmes clássicos
e modernos do cinema nacional e internacional serão exibidos nas duas
comunidades às margens do rio São Francisco.
Desde a primeira edição do “Museu no Balanço das Águas”,
iniciando em 2008 essas navegações culturais entre Pão de Açúcar e Piranhas –
passando também por outros municípios e comunidades ribeirinhas em Alagoas e
Sergipe, como Belo Monte, Niteroí, Gararú, Ilha do Ouro e Traipu –, o barco
Santa Maria cumpre sua renovada função de desbravador das artes e da cultura.
Antes de tornar-se museu flutuante, a embarcação fazia o transporte de
passageiros entre as margens alagoana e sergipana do São Francisco. No ano
passado, a jornada do “Museu” deu lugar à primeira edição do “Cinema no Balanço
das Águas”, contando, entre sua equipe de professores de arte educativa, com o
toque cosmopolita do conhecido grafiteiro paulistano Zezão.
“Minha preocupação é dar continuidade às oficinas, porque
não adianta abrir uma janela para a comunidade e depois desaparecer. A Ilha do
Ferro é uma comunidade preparada para o mundo”, diz Maria Amélia, confiante na
receptividade do projeto entre os jovens da Ilha do Ferro e de Entremontes. “Os
garotos e garotas dessas comunidades são muito interessados. E são descolados –
participam ativamente das oficinas”, diz Pedro Octávio. Juarez Cavalcanti
assinala a espontaneidade da garotada. “Uma menina na oficina do ano passado me
surpreendeu. Ficava ali, fotografando sem parar. Fui ver as fotos, estavam
ótimas.”
Em Entremontes, há a Casa das Bordadeiras, com suas sábias
mulheres e seus bordados maravilhosos; na Ilha do Ferro, a magnífica arte
popular de Fernando Rodrigues e Aberaldo Sandes, entre outros mestres, e do
precioso bordado Boa Noite, único no Brasil. Toda essa riqueza cultural
alagoana, ribeirinha e sertaneja, foi documentada por essa juventude forte e
criativa, realizando, sob orientação dos professores do Santa Maria – dois
vídeos de curta-metragem, “Uma Ilha de Arte” e “Entremontes, um Jeito de
Viver”. Além desses trabalhos, há o vídeo oficial do projeto, “Os Argonautas do
São Francisco”, assinado por Maria Amélia e Dalton Costa.
Este ano, o convidado do “Cinema no Balanço das Artes –
Segunda Edição” é o escritor e roteirista Ricardo Elia, do quadro de
professores da Anima Escola, no Rio de Janeiro. Ele dará um curso de animação
em stop motion. O designer gráfico
alagoano Jorge Santos será seu assistente.
Os diretores do museu Coleção Karandash, os artistas visuais
Dalton Costa e Maria Amélia Vieira, capitães dessa jornada cultural, viajam
este mês para inspeção do barco, em Pão de Açúcar. O diário de bordo começará a
ser escrito. Aguardem.
Além do patrocínio do Banco do Nordeste, BNDES e Ministério
da Cultura, o “Cinema no Balanço das Águas – Segunda Edição” recebe apoio do
Sebrae-AL, Galeria Karandash e Sesc-AL.
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