sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Vem aí o ‘Cinema no Balanço das Águas – Segunda Edição’

por Sebage  Jorge Barboza
FOTOS JUAREZ CAVALCANTI

Envolvendo as crianças e adolescentes dos povoados Ilha do Ferro (Pão de Açúcar) e Entremontes (Piranhas), mais uma vez o “Cinema no Balanço das Águas” leva ao sertão alagoano seu projeto de arte educativa, cultivando naquela região de grandes artistas populares a beleza e a magia do cinema e o desenvolvimento sociocultural.

Contemplado pelo Programa BNB de Cultura (do Banco do Nordeste e BNDES), o projeto proposto pelo museu Coleção Karandash de Arte Popular e Contemporânea, acontecerá este ano no mês de dezembro, com oficinas de cenografia, vídeo, fotografia e cinema de animação. E, além das aulas que serão ministradas pela arquiteta Rejeny Rocha, pela artista plástica e arte educadora Maria Amélia Vieira, pelos vídeoartistas Pedro Octávio Brandão, Glauber Xavier e Daniel Macedo, pelo fotógrafo Juarez Cavalcanti e pelo professor de animação Ricardo Elia (do festival Anima Mundi), filmes clássicos e modernos do cinema nacional e internacional serão exibidos nas duas comunidades às margens do rio São Francisco.

Desde a primeira edição do “Museu no Balanço das Águas”, iniciando em 2008 essas navegações culturais entre Pão de Açúcar e Piranhas – passando também por outros municípios e comunidades ribeirinhas em Alagoas e Sergipe, como Belo Monte, Niteroí, Gararú, Ilha do Ouro e Traipu –, o barco Santa Maria cumpre sua renovada função de desbravador das artes e da cultura. 

Antes de tornar-se museu flutuante, a embarcação fazia o transporte de passageiros entre as margens alagoana e sergipana do São Francisco. No ano passado, a jornada do “Museu” deu lugar à primeira edição do “Cinema no Balanço das Águas”, contando, entre sua equipe de professores de arte educativa, com o toque cosmopolita do conhecido grafiteiro paulistano Zezão.

“Minha preocupação é dar continuidade às oficinas, porque não adianta abrir uma janela para a comunidade e depois desaparecer. A Ilha do Ferro é uma comunidade preparada para o mundo”, diz Maria Amélia, confiante na receptividade do projeto entre os jovens da Ilha do Ferro e de Entremontes. “Os garotos e garotas dessas comunidades são muito interessados. E são descolados – participam ativamente das oficinas”, diz Pedro Octávio. Juarez Cavalcanti assinala a espontaneidade da garotada. “Uma menina na oficina do ano passado me surpreendeu. Ficava ali, fotografando sem parar. Fui ver as fotos, estavam ótimas.”

Em Entremontes, há a Casa das Bordadeiras, com suas sábias mulheres e seus bordados maravilhosos; na Ilha do Ferro, a magnífica arte popular de Fernando Rodrigues e Aberaldo Sandes, entre outros mestres, e do precioso bordado Boa Noite, único no Brasil. Toda essa riqueza cultural alagoana, ribeirinha e sertaneja, foi documentada por essa juventude forte e criativa, realizando, sob orientação dos professores do Santa Maria – dois vídeos de curta-metragem, “Uma Ilha de Arte” e “Entremontes, um Jeito de Viver”. Além desses trabalhos, há o vídeo oficial do projeto, “Os Argonautas do São Francisco”, assinado por Maria Amélia e Dalton Costa.

Este ano, o convidado do “Cinema no Balanço das Artes – Segunda Edição” é o escritor e roteirista Ricardo Elia, do quadro de professores da Anima Escola, no Rio de Janeiro. Ele dará um curso de animação em stop motion.  O designer gráfico alagoano Jorge Santos será seu assistente.
Os diretores do museu Coleção Karandash, os artistas visuais Dalton Costa e Maria Amélia Vieira, capitães dessa jornada cultural, viajam este mês para inspeção do barco, em Pão de Açúcar. O diário de bordo começará a ser escrito. Aguardem.

Além do patrocínio do Banco do Nordeste, BNDES e Ministério da Cultura, o “Cinema no Balanço das Águas – Segunda Edição” recebe apoio do Sebrae-AL, Galeria Karandash e Sesc-AL.

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