sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A política desperta paixões

Olívia de Cássia – jornalista



Desde os tempos mais remotos, a política desperta paixões e emoções intensas e profundas. No Brasil, principalmente, ela é até capaz de tirar a razão de qualquer um que se aventure nesse mundo, hoje tão cheio de nuances inesgotáveis, com palavras agressivas e acusações ferozes aos adversários.

O termo política é derivado do grego antigo e se refere a todos os procedimentos relativos à pólis, ou à cidade-estado. Assim, pode se referir tanto a Estado, quanto à sociedade, comunidade e definições que se referem à vida humana.

Teoricamente, a política está destinada a ‘despertar com visão de futuro o espírito de esperança e organizar seus âmbitos com clareza e precisão’. Mas na prática não é isso o que a gente observa.

No Brasil a disputa em época eleitoral é ferrenha e não se atém à apresentação de propostas e planos de governo; a prática é denegrir a imagem dos outros, ao invés de se discutir assuntos sérios, que merecem a atenção dos nossos representantes e os da população também.

Acompanho disputas políticas há muitas décadas, muito antes de entrar na faculdade e a disputa sempre foi ferrenha, mas hoje em dia parece que a prática da baixaria vai se acentuando e se aperfeiçoando com o avançar da tecnologia, aliada à corrupção.

Parece que a política, assim como a religião e o futebol, cega a capacidade de reflexão das pessoas e cada partidário de um lado só enxerga negatividade e os erros do lado oposto: ou seja, só vê aquilo que quer. É impressionante como isso acontece com frequência .

Da mesma forma que a eleição acabou há 12 dias e tudo ainda está muito recente, parece que muita gente ainda não desceu do palanque e continua agindo como se ainda estivesse disputando o voto do eleitorado.

Disse um autor que o nome agora me foge à memória, que “a política sacia nossa alma, alimenta nosso espírito e provoca-nos o gozo, ao ensejo da satisfação plena”. É um vício se a gente for observar com mais cuidado.

Quem se embrenha na política, na maior parte das vezes, não quer mais sair: está sempre arrumando uma desculpa para disputar cargos. Uma hora diz que foi a vontade das bases  ou  do partido, ou que quer fazer o bem da sociedade.

Com a queda do Muro de Berlim, o suposto fim das ideologias e das utopias, parece que muita gente se esqueceu de tudo aquilo que pregou no passado e adotou a filosofia do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), que mandou esquecerem tudo aquilo o que escreveu e defendeu.

No livro ‘O Principe,  Nicolau Maquiavel  observa que a política é a arte de conquistar, manter e exercer o poder, o próprio governo. Outros autores avaliam que "trata-se da convivência entre diferentes", pois a política "baseia-se na pluralidade dos homens”.

Ainda existem algumas divergências sobre o tema pois, para alguns, política é a ciência do poder e para outros é a ciência do Estado. Maquiavel descreve como o governante deveria agir e quais ‘virtudes’ deveria ter a fim de se manter no poder e aumentar suas conquistas.

A expressão maquiavelismo teve origem em seu nome. Já dá para imaginar, mesmo quem não leu a obra, do que se trata. O Príncipe seria ‘uma espécie de manual político para governantes que almejassem não apenas se manter no poder, mas ampliar suas conquistas’.  

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