Olívia de Cássia - jornalista
Fiz uma pesquisa e descobri que muitas pessoas sentem a mesma coisa que eu. Quando a gente está assim, sensibilizada, acha que é a única a sentir isso, mas não é.
Existem milhares de pessoas sozinhas no mundo: eu não estou só quando me angustio e sinto esse apertinho no peito.
Talvez esse seja o mal desse século, cada dia mais o ser humano vai se sentindo mais sozinho, isolado do mundo, apesar de um monte de gente ao seu lado, ou não.
Sinto um nó na garganta e uma vontade imensa de chorar e sair por aí dizendo ao mundo que eu existo, que sou uma pessoa, tenho sentimentos profundos, que quero, que amo e não sou amada.
Como é estranha a solidão de quem ama unilateralmente. É como se algo tivesse faltando em nossa vida para nos completar.
Mas não estou reclamando da vida, nem da minha sorte. Pelo contrário, agradeço a Deus todos os dias pelo meu lento caminhar, mesmo que já bastante cambaleante por causa da ataxia.
Não é a falta de Deus no meu coração, isso o que estou sentindo agora, é a falta de um carinho, de um conforto, de um ombro amigo para desabafar minhas dores.
A angústia é uma sensação psicológica, causada talvez pelo não desabafo dos sentimentos, pela insegurança, uma dor que dói sem doer e fere a alma da gente.
Dizem os estudiosos que na moderna psiquiatria a angústia é considerada uma doença que pode produzir problemas psicossomáticos.
Mas eu não vou me deixar levar por isso, já passei situações piores e venci. As minhas angústias sempre precedem alguma coisa.
É como se meu corpo estivesse me alertando para algo que aconteceu ou vai acontecer comigo, sempre é assim.
Pode-se dizer que o sentimento de angústia é um conflito existente dentro da gente. É como se metade do corpo quisesse algo e a outra metade tivesse alertando para que eu tenha cuidado.
É assim que eu a entendo e é assim que me sinto agora.
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