quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Abro os olhos ...


Olívia de Cássia - jornalista

Abro os olhos lentamente, para ter a certeza de que tudo não passou de uma miragem. Um instante translúcido. A luz pouco a pouco vai tomando conta de tudo. Lá fora um calor abafado e modorrento toma conta do ambiente e parece até que já é verão.

Respiro fundo e olho as quatro paredes do quarto para ter a certeza de que não há mais ninguém ali, impressionada que fiquei com a cena vivida. O azul das paredes se mescla dando uma coloração mais forte ao ambiente.

A cabeça dói e pesa, parece até que estou de ressaca. São pensamentos que me vêm à memória no instante em que sobe no coletivo um vendedor de doces e dá ‘boa tarde para não passar vergonha’.

O menino fala tão baixo e pausadamente e cita frases tão decoradas e repetitivas que ninguém mais presta atenção ao que ele diz. Essa modalidade de atuação nos coletivos já virou uma rotina e um meio de vida, mais por conta do desemprego também, outros pedem dinheiro para comprar drogas mesmo.

O balanço do ônibus começa a me provocar sonolência. Sinto que vou dar um cochilo e acordo sobressaltada: quase passo do ponto de parada do coletivo. Boa tarde!

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