domingo, 19 de dezembro de 2010
Reflexões sobre a vida prática
Olívia de Cássia – jornalista
Eu não posso, de repente, começar a pensar nas dificuldades e no que me falta para ter uma estrutura mínima, no sentido de que viva com mais cidadania e conforto, numa casa que funcione dentro da normalidade. Devo admitir que sou muito atrapalhada no que diz respeito à rotina da minha vida e que não sei administrá-la como devia ser.
Não tem jeito, parece que a cada dia eu tenho mais dificuldade em fazê-lo.Não nasci, como dizia minha saudosa mãe, para ser uma dona-de-casa; ela conhecia de perto minhas limitações e sempre me falava isso. Minha vontade era que tudo fosse mais fácil, que eu tivesse condições de ter uma pessoa ou empresa que administrasse isso para mim, essa organização do lar que para mim é tão difícil.
Acabo sempre atrapalhada e termino não investindo naquilo que preciso de útil e que tem que ser feito de fato. O que a gente deve fazer quando, aos 50 anos, tem a clareza de que não aprendeu a tomar conta de sua própria estrutura doméstica e pessoal?
O trabalho é sempre a minha prioridade maior e toma conta do meu espaço todo. Mas eu poderia ter aprendido a ser as duas coisas: uma dona-de-casa e a ser jornalista e alguém que gosta de pensar e escrever sobre várias situações, sobre a vida; mas infelizmente isso não aconteceu comigo.
Me envolvi tanto em querer dar o melhor de mim, em fazer o que gosto, que esqueci da vida prática e a gora isso me faz falta também. A gente bem que poderia saber administrar isso, pelo menos no meu caso. Não sou uma pessoa normal, isso eu sei.
O mundo real é muito diferente do mundo ideal. O ideal seria que pudéssemos concretizar todos os nossos sonhos, aspirações, desejos e propostas, mas a realidade é bem outra, mais cruel e se a gente não tiver consciência disso, o sofrimento é inevitável e maior.
Eu era assim. Sofria muito diante das adversidades da vida e reclamava muito, por conta de projetos que eu não conseguia tocar para frente, muitas das vezes, por absoluta falta de preparo e inapetência minha mesmo.
Me faltou preparo para a vida. Não me acerquei de informações necessárias, de base, como eu deveria para o cotidiano e hoje eu vejo esses detalhes com leveza, suavidade e humor. Procuro não sofrer mais por isso.
Tento ser mais confiante, até porque meu tempo agora é bem menor que antes, acreditando que sendo um pouco mais otimista eu terei mais chance de ser uma pessoa bem melhor e feliz. De que adianta eu ter vivido tão introspectivamente, triste, com a autoestima baixa, cheia de complexos e limitações se isso não me fez uma pessoa melhor?
O mundo real é muito duro, materialista, competitivo e desumano e se a gente não procurar melhorar nossas ações com o outro e para conosco, a cada dia, a gente só contribui com a baixa qualidade de nossas vidas.
Aprendi que nossas escolhas são necessárias e importantes e vão influenciar muito a nossa vida, até que não tenhamos mais que fazer escolhas.
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Um comentário:
O mundo é realmente muito complicado. Somos vitoriosos.
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