Olívia de Cássia – Jornalista
A gente cria laços ao longo do tempo. Relações do nosso convívio que passam a ser importantes na nossa vida. Quando a gente é criança essas ligações começam na família, nos amigos que estão no nosso convívio, na primeira escola, na vizinhança e aí vamos formando a nossa personalidade, crescendo e construindo os nossos alicerces. Os laços das amizades são os mais edificantes, além dos que são fortalecidos no âmbito familiar.
Minha família não era muito de fazer festas lá em casa, nem no Natal, mas mamãe fazia questão de fazer um almoço natalino com todo mundo chegando na hora certa para saborear aquelas guloseimas deliciosas que ela fazia. Quando a gente perde isso fica sem chão por muito tempo, ainda hoje eu sinto a falta daqueles momentos que foram tão importantes para minha vida, do convívio com minha família, mesmo que terminássemos brigando por qualquer besteira depois.
No Natal e em outras datas também, minha mãe fazia comidas simples, mas muito saborosas e era nesses momentos, do almoço em família, que aproveitava para passar lições de vida para os filhos; de contar muitos fatos acontecidas e tomá-los como exemplos e era nessas horas também que a gente se divertia com as histórias de vida do meu pai. Muitas delas engraçadas, folclóricas, humanas e de uma simplicidade e humanismo incomparáveis.
Meu pai, meu alicerce, meu exemplo de homem honesto, religioso, caridoso e humanista. Sempre faço minhas reflexões diariamente, mas é no Natal e Ano-Novo ou nas datas específicas da igreja, embora eu não a freqüente mais com assiduidade, que tantas lembranças dos meus saudosos pais me veem com mais clareza, saudade e densidade.
Ontem foi nossa ceia de Natal aqui na Vieira Perdigão, fundos da Estação Ferroviária, um momento de confraternização entre a família nossa daqui e os moradores da nossa rua. Festa que fazemos há mais de vinte anos, desde que fixei residência em Maceió. Faz tempo que não comemoro o Natal em União dos Palmares e hoje acordei com saudade dos nossos almoços caseiros natalinos e dos laços da nossa família quando morava por lá.
Me vejo muito mais frágil nesse tempo; quando a gente era criança ia pra Missa do Galo, na Praça Basiliano Sarmento, a Praça da Igreja, como a gente chamava na infância, com nossas melhores roupas, compradas especificamente para a data. Depois de cumprimentar os amigos e conhecidos, meus pais ‘batiam em retirada’ para casa e nós imos dormir.
Não tinha árvore de Natal, nem Papai Noel lá em casa e os enfeites de Natal só chegaram, muito poucos, depois que a gente saiu de casa e mamãe se dedicou mais à decoração e aos cuidados com meu pai adoentado.
Minha descrença no Bom Velhinho chegou logo cedo e entendi que quem nos dava algum presente ou regalia eram nossos pais mesmo, ou meu irmão Petrúcio quando eu era criança, mas acho muito encantado a lenda do Papai Noel. Hoje em dia as decorações de Natal são muito bonitas, iluminadas e deixam a gente mais sensível diante de tanta beleza, pelo menos eu sou assim: “Uma manteiga derretida”, como diriam os amigos.
Uma pena que as pessoas, ao invés de cultuarem os ensinamentos do Menino Deus de humanidade, fraternidade, amor e solidariedade, se põem menos afetivos, menos fraternos, esquecendo da importância dos laços, sejam eles de família ou de amizade. Laços esses que nos tornam mais fortes diante das nossas fraquezas.
sábado, 25 de dezembro de 2010
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