Olívia de Cássia – jornalista
Véspera de Natal, um corre-corre danado do povo e meu também. Não me sinto animada para comemorar a noite de hoje, apesar de achar que devo jogar esse peso que estou sentindo e essa angústia pro alto e tocar minha vida pra frente. Como dizem os antigos, “vão-se os anéis e ficam os dedos”, isso quando ficam, não é? Vida pra frente!
Paciência, fiz tudo: trabalhei com afinco até durante doze horas seguidas no dia de ontem, mas no último instante, descobri que tinha deixado passar um erro na chamada do título do caderno de artes do jornal. Não teve jeito, o material já tinha sido rodado e não tivemos como reverter a triste situação.
Meu corpo respondeu tremendo, gelado, até agora, até a alma esfriou. Me senti um lixo por isso, desolada e sem chão. Resultado da ópera: estragou meu Natal, que não seria de tanto brilho, nem de muita empolgação, mas com um pouco de saúde e resto de otimismo, a gente consegue sobreviver e superar tudo.
O certo é que não estou me sentindo muito bem com o fato acontecido. O episódio de ontem (deixar mais um erro na capa de cultura) me fez refletir muito durante toda a noite e madrugada sobre a minha vida. Eu quase não dormi e chorei muito.
Ninguém deixa erros porque quer em uma página ou uma matéria de jornal, mas é um sentimento de derrota,frustrante para uma pessoa que faz esse trabalho. Principalmente quando a gente trabalha com carinho, amor e gosta da profissão que escolheu.
Eu procuro dar o melhor de mim, seja fazendo os meus textos ou outra função qualquer do jornalismo.
Tudo de última hora nesse Natal. Como não recebi em tempo de providenciar alguma coisa para mim ou para a casa, foi a maior correria, nesses últimos segundos que nos separam do dia de Natal, para comemorar o nascimento do Menino Deus.
Não providenciei nada pra mim, fui numa loja ver uma sapatilha, para usar na ceia de Natal que fazemos aqui na rua onde moro em Maceió, com vizinhos e familiares. Tudo muito caro, longe do meu orçamento previsto, mas acabei levando o sapato, foi o jeito, não tive escolha.
Uma senhora ao lado me pede a opinião a respeito de uma sandália que ela queria comprar para usar hoje à noite. Ela estava com duas opções e eu apontei uma delas, aleatoriamente, pois estava com a cabeça no erro que tinha deixado no jornal, mas para ser agradável com aquela desconhecida tão gentil, que me pediu uma opinião, eu apontei minha escolha.
Ela não gostou muito, agradou-se da outra, que também era mais simples e de preço mais acessível e me disse que a que eu tinha indicado “tinha duas bolas brilhantes em cima e ficava muito chamativa”.
Entendi a opção, mas eu tinha indicado a outra, aleatoriamente, também pensando justamente no dia de hoje que é de muito brilho para muitas pessoas.
Então expliquei para a moça que se ela se sentiu melhor com a sua escolha, de menos brilho, que a levasse, para que não se arrependesse depois. E foi o que ela fez: quando eu estava de saída da loja, me disse que já tinha feito sua escolha e que ia levar a mais simples mesmo.
Fiquei pensando nisso quando vinha pra casa. Da mesa forma é a vida da gente: feita de escolhas. Às vezes a gente pede uma opinião alheia, mas o que prevalece é o que a gente quer, o que vai decidir, na maioria das vezes. Feliz Natal para todos os meus amigos de União dos Palmares e de Maceió!
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
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