Olívia de Cássia - jornalista
Preciso de investimentos futuros. Força que é necessária para que a gente aprenda a se valorizar perante a vida. Lá longe ouço a sirene de uma ambulância em velocidade. Alguém está precisando de socorro, nessa noite fria.
Todo dia as ocorrências se avolumam. Muita gente ferida e morta. Parece campo de guerra. Não tem um dia que não haja notícia de violência nas comunidades. É impressionante. A polícia tem muitos casos para investigar.
Casos que vão se avolumando cada um mais complicado que o outro e a sociedade vai esquecendo dos crimes anteriores. Quando a gente acompanha de perto esse trabalho, respeita mais.
Podem dizer que é um jargão ultrapassado, mas a base de tudo é mesmo a família. A minha já dispersou. Não tive filhos e hoje estou só. Não sofro com isso, mas o fato de não ter uma família constituída, com filhos em casa, faz falta para a gente dividir dores e alegrias.
Vivemos um tempo contemporâneo, onde os relacionamentos mudaram, enfraqueceram. A vida mudou. Coisas que vão florescendo assim, do momento visto e vivido, de uma cena de TV, de uma música que eu ouvi, do silêncio que se fez presente.
Situações fora do contexto, embaraçadas e difusas se misturam, num caldo de conteúdos que se avolumam e têm que ser ditos. Quanto mais a gente aprende, mas a gente cresce. Precisamos de quem acredite nesse crescimento interior e invista nisso para que o conhecimento não desapareça ou se dilua pela vida.
Agosto é mês de chuva, dizem os antigos que é mês de desgosto, mas também é o Mês do Folclore, de festa popular, de tradição, a maioria do Nordeste, esse caldeirão cultural. Maracatu, chegança, guerreiro, pastoril, congada, coco de roda.
Em nossa Alagoas são mais de vinte manifestações do folclore . Se houvesse mais investimento nessa área, nas comunidades mais carentes, talvez não houvesse tanta violência. Falta política pública também na cultura.
É o último ponto de pauta em todas as categorias, sempre. E sobra pouca disposição do Poder Público para se debruçar sobre uma análise mais apurada a respeito do investimento na cultura, como forma de inclusão e responsabilidade social.
Minha mãe dizia que vida boa era vida de artista, que estava sempre feliz, sorrindo e em festa. Ela dizia isso quando assistia os programas televisivos, fazendo uma alusão aos programas culturais e musicais da TV e diante dos problemas que enfrentava.
Eu diria que essas pessoas têm mais possibilidades que as demais. E cada um de nós também pode ter a sua chance de construção de um mundo melhor. Basta ter oportunidades e saber aproveitar cada uma delas. Não desperdiçar é a palavra de ordem.
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