terça-feira, 2 de agosto de 2011
Sinais de envelhecimento
Olívia de Cássia – jornalista
Olho minhas mãos e vejo os sinais de envelhecimento nelas. Uma amiga da juventude uma vez me disse que é nas mãos onde aparecem os primeiros sinais da velhice. Não sei quando foi que eu comecei a envelhecer, não percebi e nem dimensionei o tempo.
Tive um sonho inquieto quando consegui dormir, um pequeno pesadelo e despertei chamando o meu pai, como faço sempre quando tenho isso e é frequente. Na infância, então, quase todos os dias eu acordava gritando.
Uma vez meu pai entrou no meu quarto, de arma em punho, pensando que fosse um ladrão no meu quarto, mas era um grande sapo que tinha entrado lá em casa e tinha se escondido embaixo da minha cama.
Outro pesadelo da infância, eu lembro que morávamos ainda na Rua da Ponte e sonhava que um mendigo que pedia esmolas na rua vinha me sufocar. Era um sonho muito real e acontecia como se eu estivesse de olho aberto.
Eu tive muitos pesadelos na infância e na fase adulta isso de vez em quando acontece também. Talvez sejam avisos, indícios que eu nunca soube decifrar. Os médicos, no últimos tempos, têm estudos sobre isso e já entrevistei especialista no Hospital Sanatório sobre os transtornos do sono.
O tempo vai passando e a gente vai envelhecendo com muitas das coisas da infância. Comigo foi assim. Muitas vezes ainda me pego pensando e fazendo coisas daquela fase, elas nos acompanham para o resto da vida. Cadê minha saúde, meu bem-estar?
Pelo visto, esse mês que se inicia será outro de muitas pelejas e ansiedades.
Olho para os quatro cantos da casa e vejo que ela precisa mesmo de muitos reparos que não será possível fazer nem tão cedo. Sou um desastre como administradora do lar e da minha vida.
Tenho medo que algo mais grave aconteça com a estrutura do imóvel. Felizmente o tempo melhorou e posso respirar melhor. São tantos os especialistas que preciso ir, além de uma cuidadora que terei que contratar, não sei quando, nem como.
Alguém que saiba administrar uma casa, com competência e disposição e cuidar de uma pessoa que terá muitos impedimentos daqui pra frente e que vai precisar de cuidados específicos.
O tempo passa muito rápido, feito um furacão na vida da gente e quando vamos perceber isso, já passou o instante, o momento já foi. As oportunidades que perdemos não voltam. Não sei se terei outra chance aqui na terra, se vou merecer isso. São muitas as minhas interrogações, continuo com elas.
Tem horas que a oxigenação no cérebro parece que vai falhar de tanta agonia respiratória. Não tenho me alimentado direito. Não faço nada que preste na cozinha e o pouco que consigo fazer tenho que ingerir para não ter inanição. Tem horas que a comida não quer entrar no estômago.
Não sei mais como faço. Desaprendi a cozinhar e se já não fazia uma boa comida, agora é que não sei mais, mesmo. Atrapalho-me toda e decididamente, cozinhar não é arte para mim.
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