Olívia de Cássia – jornalista
Querem enquadrar a presidente Dilma; querem que ela faça o jogo do poder e vão pressioná-la muito, até que ela ceda, dê um basta ou consiga contornar a situação. Estão querendo enfraquecer o seu governo, para argumentarem lá na frente que ela não foi competente o suficiente para governar o País.
Admiro a nossa presidente e espero que ela continue firme e não se deixe subverter, não se dobre àqueles que se acham mais poderosos e que faça uma limpeza em seu governo. É verdade que sozinha ela não governará, terá que fazer alguns acordos com esse lado espúrio da política brasileira.
Logo quando Dilma Roussef foi indicada pelo ex-presidente Lula para ser sua substituta, eu me fiz alguns questionamentos, mas como era uma indicação de Lula – sou sua fã de carteirinha – independente de qualquer coisa errada que tenha feito – me engajei na campanha.
Hoje, analisando esses oito meses de governo Dilma e a postura que ela tem assumido até agora, de não se subordinar e ter vontade própria, observo que ela ganhou a minha simpatia e mais pontos na cota de avaliação. Seu governo tem uma cara própria e não é submisso.
Muita gente acreditava e ainda acredita que ela fracassaria, mas Dilma tem mostrado firmeza. Profissionalmente a gente tem que analisar a situação pelos dois lados. Há quem avalie que ela não deva governar só pensando na questão econômica, pois o País não vive só de economia, mas é um dos itens principais.
O afastamento de quatro ministros, desde que assumiu a Presidência do País, há oito meses, gerou alguns entreveros em Brasília. O ministro da Agricultura, Wagner Rossi (PMDB-SP), pediu demissão ontem.
Na carta que entregou à presidente Dilma Rousseff, o peemedebista alegou ser ‘vítima de um complô político cujo objetivo seria atingir a aliança PMDB-PT’, sobretudo em São Paulo. Dilma delegou ao PMDB a escolha do substituto. Ontem à noite mesmo, o vice-presidente Michel Temer sugeriu o nome do líder do governo no Congresso, deputado Mendes Ribeiro (RS), para o cargo.
Rossi é o quarto ministro a cair num prazo de dois meses e dez dias. A primeira queda foi de Antonio Palocci (Casa Civil) na esteira de denúncias de suposto enriquecimento ilícito e aumento do patrimônio em 20 vezes.
Em seguida, Alfredo Nascimento (Transportes) não resistiu às denúncias de corrupção na pasta. O outro foi Nelson Jobim (Defesa), obrigado a se afastar após ter criticado ministras do PT.
Lidar com o poder e com dinheiro não é fácil, principalmente quando na esfera pública, dinheiro alheio, que endoida a cabeça de quem pensa que porque o dinheiro é público pode ser usado e abusado, sem prestação de contas.
Mexer com dinheiro é algo muito frágil. São cargos que devem ser ocupados por gente de muita confiança e probidade, coisa difícil hoje em dia.
Críticas sempre vão existir em qualquer governo e situação. Não há quem agrade a todo mundo, mas é bom que existam observadores e críticos, pois numa democracia, a imprensa e a opinião pública têm que ter liberdade de expressão.
Muito embora a gente saiba que a prática está muito longe da teoria e quem manda “no frigir dos ovos” é o poder econômico e o político também.
Não sejamos ingênuos, o que diferencia é que pelo menos na democracia há essa expectativa de liberdade, que por mais torta, capenga e falha que seja, é infinitamente bem melhor do que um regime totalitário, onde não se pode nem abrir a boca para reivindicar alguma coisa.
Numa democracia, pelo menos a gente pode dizer o que avalia como errado e expressar a nossa opinião, embora ainda haja muitas falhas e quem tem mais se sobrepõe aos que têm menos poder de barganha. Isso é fato. A vontade da maioria, muitas vezes vai de encontro a quem está no comando. É o jogo do poder.
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
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