quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Viagem lírica e sentimental do poeta Lêdo Ivo ao litoral

Fonte: Blog do Carlito Lima

Luminosa manhã, azul, Luiz Carlos me esperava, além de jornalista, historiador, é fotógrafo. Pouco antes das oito horas acostamos no Hotel Ponta Verde. Vieram-me lembranças, anos 70, engenheiro daquela obra eu chegava cedo para contemplar o mar esverdeado e o exuberante coqueiral, prazeroso trabalho.

O poeta Lêdo Ivo apareceu, acabou meu devaneio. Partimos, os três velhinhos, rumo ao litoral norte das Alagoas. Atravessamos a orla urbana, praia da Jatiúca, onde moram, o governador Téo Vilela, o senador Collor e este imodesto escriba, o bairro mais chique da cidade. Logo depois, Cruz das Almas, Jacarecica.

A estrada paralela ao mar nos presenteia uma exuberante vista, elegantes coqueiros, seus troncos não conseguem tapar o verde mar de matizes azuis. Na praia de Guaxuma identificamos a casa de PC Farias envolvida em mortes misteriosamente não resolvidas.

Em Ipioca subimos ao Alto, tirar fotos no local onde um dia foi casa do Marechal Floriano Peixoto. Que bela vista! Continuamos estrada a fora, conversas, muitas lembranças, casos bem humorados, faziam a festa daqueles três senhores de vida bem rodada enquanto o carro rodava no asfalto.

Entramos para conhecer a nova ponte da Barra de Santo Antônio, um paraíso dividido pelo Rio, casas de veraneio e de pescadores. Retomamos a estrada cortando um canavial viçoso, fez lembrar o poema, Trem das Alagoas, de Ascenso Ferreira.

”Adeus morena do cabelo cacheado... Vou danado pra Catende... Com vontade de chegar... Cana caiana, cana roxa, cana fita,... Cada qual é mais bonita... Todas boas de chupar...”

Na Usina Santo Antônio seguimos rumo ao mar, região ondulada de difícil manejo do trator, a cana é cortada à mão pelos cambiteiros. Atravessamos, sem pressa, pequenas fazendas de gados brancos e búfalos pretos, até o Passo de Camaragibe, bucólica cidade, berço de nascimento do mestre Aurélio Buarque de Holanda.

Luiz Carlos fotografou a casa onde morou o maior dicionarista da língua portuguesa. Por cima de uma belíssima ponte, construção do governador Fernandes Lima em 1910, atravessamos o Rio Camaragibe. Novamente entramos entre canaviais e coqueirais, um imenso tapete verde, o verde de Lorca, “Verde que te quiero verde. Verde viento. Verdes ramas. El barco sobre el mar y el caballo en la montaña.”

Chegamos à bela Barra de Camaragibe, o mestre Lêdo extasiado contempla cheio de emoção pequenas jangadas de velas brancas sobre o mar. Continuamos nossa via, a estrada se tornou minúscula entre enormes coqueiros velhos, centenários, altos, altivos como se fossem sentinelas do mar.

Até Porto de Pedras atravessamos oito povoados de casario antigo, há mais de 30 anos o progresso é marcado apenas pelo mar de antenas parabólicas nos baixos e velhos telhados. Marceneiro, Riacho, São Miguel dos Milagres, cidade pequena, o mar, uma piscina, como todo litoral.

É bom que se diga, o banco de coral no mar entre Alagoas e Pernambuco é o segundo maior do mundo perdendo apenas para o da Austrália. Em São Miguel dos Milagres o famoso jornalista Sebastião Nery passa férias de fim de ano na casa de Maurício Moreira. Segundo uma revista de turismo, a água daquele mar é a mais quente dos mares brasileiros. Bom demais para amar dentro d’água!

Seguimos em frente, no povoado do Toque, o Bugarelli construiu a pousada mais charmosa da região, Cacá Diégues não perde dias de descanso naquele paraíso, proibido crianças.

Mais adiante o povoado de Tatuamunha, terra do tatu grande, no Rio um programa ambiental do peixe boi, incrível ver aqueles enormes mamíferos nadando mansamente nas águas escuras. Alguns ricaços de São Paulo encontraram aquele paraíso, há três anos organizam um réveillon encantador, armam tendas, quatro dias de festa no meio do coqueiral,

Afinal chegamos a Porto de Pedras, visitando o velho farol fixação sentimental de Lêdo Ivo, encontramos a simpatia de Fernanda Borghetti, primeira dama do município. Almoçamos em companhia do valoroso prefeito Júnior Boi Lambão. Empanturramo-nos de tanta fritada de camarão, inesquecível como essa viagem do poeta Lêdo Ivo aos mares do Norte das Alagoas.

Nenhum comentário:

Semana Santa

Olívia de Cássia Cerqueira (Republicado do  Blog,  com algumas modificações)   Sexta-feira, 29 de abril, é Dia da Paixão de Cristo. ...