segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A nossa violência de todo dia

Olívia de Cássia - jornalista

Um levantamento feito no Instituto Médico Legal, hoje, pelo repórter Breno Airan, do portal Tribuna Hoje, constatou que de sexta-feira até o domingo, só em Maceió, foram 35 corpos que deram entrada no IML. Isso comprova e ratifica os dados do último estudo divulgado pelas Organizações das Nações Unidas (ONU) na semana passada, que aponta Alagoas como o Estado mais violento do País.

No domingo, fiquei de plantão no site Tribuna Hoje e saí para fazer uma matéria sobre um duplo homicídio ocorrido no Conjunto Cidade Sorriso II, no complexo Benedito Bentes. No local estavam dois policias do 5º Batalhão, da Ronda Cidadã, que isolaram o acesso e aguardavam a perícia e o rabecão do IML para fazerem os procedimentos devidos.

Os corpos foram encontrados em local de difícil acesso, num vale, cercado por cerca de arame farpado e numa região íngreme; provavelmente os jovens foram mortos em outro local e jogados lá. No caminho algumas peças de roupas e curiosos chegando para verem a cena.

Os policiais não tinham muita informação, porque eles não tinham identificação, até a hora da nossa entrevista não se sabia quem eram, só que aparentavam ter de 25 a 30 anos e foram mortos um por tiro e o outro por instrumento perfuro-cortante.

Conversando com os policiais a gente tem a comprovação de que é urgente que seja feita uma ação educativa nas ruas e comunidades dos bairros periféricos, principalmente na capital. Programas sociais e de inclusão, unindo vários setores da sociedade como educadores sociais, polícia cidadã, psicólogos, entre outros personagens.

É preciso que os gestores atentem que é preciso introduzir nesses locais o esporte, a cultura e o lazer, ações governamentais que precisam ser feitas com mais policiais nas ruas, também.

O relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes, que coloca o Brasil em terceiro lugar na América do Sul em crimes de homicídio, divulgado na semana passada, já preocupa autoridades brasileiras.

No dia seguinte à divulgação do relatório mostrando Alagoas nessa triste estatística de mais violento, o secretário de Defesa Social anunciou na imprensa uma reunião de urgência para discutir o assunto. Mas é preciso que não fique só nisso, que algo de concreto seja feito, imediatamente.

Segundo o relatório, os três países com os maiores índices de violência na América do Sul são Venezuela, Colômbia e o Brasil. Na Venezuela o índice de violência é de 49 homicídios para 100 mil habitantes, na Colômbia é 33,4 por 100 mil habitantes e no Brasil são 22,7 homicídios por 100 mil habitantes.

Alagoas não precisa criar muito, basta copiar projetos e ações que deram certo em outros estados do País. É preciso mais investimentos na segurança pública e, especialmente, na prevenção, o que exige políticas públicas nas áreas social, habitacional, educacional e de saúde para se garantir o atendimento eficiente da população.

Quem mata e quem morre no Brasil e em nosso Estado são jovens, em sua maioria, homens e mulheres também. O governador Téo precisa olhar a juventude alagoana com mais carinho, ela está se perdendo no mundo das drogas o que a torna mais violenta e vulnerável.

Estamos vivendo uma guerra, talvez pior do que no Iraque. A vida está perdendo para a morte, para o tráfico e isso não pode acontecer.

Não faço aqui o apelo demagógico e eleitoreiro que a gente ver diariamente, nem a crítica destrutiva da maioria. Faço aqui o apelo de cidadã e eleitora, que quer ver o seu Estado crescer e ser visto lá fora pelas suas qualidades, pela hospitalidade seu povo e pela sua beleza.

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