Olívia de Cássia – jornalista
Estamos no começo do século XXI, numa sociedade pós-moderna, informatizada e aparentemente evoluída. As mulheres conquistaram o mercado de trabalho, depois de séculos de reivindicações por direitos iguais e contra o preconceito de uma sociedade patriarcal e machista.
Foram séculos de indignação contra esses impedimentos e muitas morreram na busca por essa igualdade de direitos; outras conseguiram sobreviver e continuar perseguindo seus objetivos.
Hoje a mulher ocupa muitos lugares de destaque na sociedade, alcançaram diversas profissões que antes eram ocupadas apenas pelos homens e acumularam para si uma sobrecarga de trabalho estafante e muito além de tudo, comandam seus lares dignamente, muitas vezes sozinhas.
No campo dos relacionamentos houve uma ‘evolução’ de comportamentos e pensamentos. Muitas assumiram relações fora dos casamentos, outras casaram e algumas resolveram ficar na solteirice como opção de vida.
Olhando por esse prisma a gente diz que a sociedade evoluiu, mas será que a maioria das pessoas, principalmente os homens, acompanharam essa evolução social feminina, de fato, ou apenas se apropriaram dela para justificarem suas atitudes machistas e seus deslizes morais, tendo como argumento a evolução dos tempos?
Vivo estarrecida com a crescente onda de violência contra jovens mulheres e tenho me perguntado: até onde essa sociedade evoluiu? Até onde o pensamento de propriedade machista foi erradicado da sociedade, se o que vemos a cada dia é a degradação da família, a fragilidade dos relacionamentos e a falta de amor entre as pessoas?
Avalio que uma sociedade não é socialmente evoluída, quando os pais fazem determinadas concessões de permissividade aos seus filhos e filhas, justificando modernidade e a violência das ruas para seus atos. Eu pergunto: esse tipo de comportamento vai proteger os filhos de quê? Não protege.
Não falo aqui de um pensamento machista enraizado apenas na cabeça dos homens. Espantosamente muitas mulheres são tão ou mais preconceituosas que muitos deles. O sentimento de posse de propriedade está dentro de qualquer um: tanto de homens quanto de mulheres.
Não afirmo que a deslealdade seja um mal da sociedade atual, esse comportamento acompanha a humanidade há séculos, desde que o mundo é mundo. Muitos homens não se contentam em ter apenas uma mulher ao seu lado; querem mais, querem mostrar à sociedade e para os amigos que são os super-homens, quando traem suas companheiras, esposas e avaliam que fizeram para si um grande feito.
Nesse caso se comportam como canalhas, enganam duas ou três mulheres ao mesmo tempo e fingem que isso é ter felicidade, até que são descobertos em seus tropeços e destroem mais vidas.
Muitas mulheres conseguem superar o golpe, outras são mais fracas e terminam não suportando tanta dor e acabam fazendo alguma besteira. Às vezes contra si mesmas. Os consultórios de psiquiatria estão cheios de pacientes em depressão, a maioria porque não suportou o golpe da traição e precisa de ajuda médica para se recuperar.
A notícia da morte de uma jovem de 28 anos, no oitavo período do seu curso universitário me levou a várias reflexões: será que estamos realmente vivendo numa sociedade evoluída?
Até onde os jovens estão com cabeças preparadas para enfrentar essa modernidade alardeada nos meios de comunicação? Por que os relacionamentos estão tão deteriorados? Será falta de diálogo, de orientação e maturidade?
Do jeito que estou vendo as coisas caminharem observo que está havendo um retrocesso no mundo de hoje. E como dizia a minha velha professora Salomé, em União dos Palmares, “a humanidade vai evoluir tanto, que vai chegar um momento que vai retroceder ao fogão a lenha”.
sexta-feira, 10 de junho de 2011
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