segunda-feira, 6 de junho de 2011

Onde foi?

Olívia de Cássia – jornalista

Em qual lugar do passado foi que comecei a perder a felicidade que eu imaginava ter? Em quê caminho eu me desencontrei de mim mesma e com essa tal de paz interior que eu tanto persigo e insisto em procurar?

Às vezes não entendo isso, é uma confusão só na minha cabeça. As lembranças se confundem com saudade, com amor e desesperança.

Nosso bem maior na vida é a saúde, a paz interior, o amor pela vida e a vontade de se fazer melhor. Tudo na vida é uma questão de escolha. Tudo depende do que fazemos delas.

Só nós somos os únicos responsáveis por tudo aquilo que angariamos para nossas vidas, de bom e de ruim. É a lei do retorno. Às vezes alguém dá uma força para que seja melhor, ou ao contrário, mas o resultado final depende de nós.

Nunca tive muito pulso forte, sempre fui muito frágil, me deixei levar pelos outros e como resultado perdi algumas batalhas por não saber diferenciar o bom do prejudicial para minha vida.

Tenho as minhas culpas, não estou isenta delas. Não adianta, agora, a essa altura da minha vida, querer achar culpados. Nesse momento eu me pergunto: vai adiantar alguma coisa isso? Vai afazer alguma diferença? Vai mudar alguma situação na minha vida? Não, não vai.

Nada será como antes, tudo está diferente. Sinto um grande vazio dentro de mim. Uma saudade de um tempo que já se foi, que não volta, não tem retorno. E tento me conformar com isso.

Onde andará aquela juventude, a rebeldia, a vontade de mudar o mundo, de ser diferente, aquela força de vontade de enfrentar a vida?

Até parece que algo ou alguém matou dentro de mim uma parte daquela menina tola, ingênua e confiante nas pessoas e na vida. Sou agora aquele restinho de esperança. Quem dera tudo fosse diferente, da forma como a gente imagina e sonha para si.

Minhas lembranças afetivas, em sua maioria, estão todas ali, na minha terra natal.
Vou em busca de encontrá-las, mas quando chego lá, em União dos Palmares, não estão mais ali, foram embora como a maioria dos amigos de antes.

Amo minha terra, sinto-me presa ali, tenho muitas raízes. Ainda tenho muitos amigos por lá: familiares, parentes próximos e distantes. Quando estou fora tenho vontade de voltar, quando estou na cidade fico procurando na memória o que quero encontrar, mas aquilo que eu quero não encontro mais ali.

Essas lembranças tão doces, a maioria, já se perderam no tempo, ‘o senhor da razão’, o senhor da vida. O tempo que destrói, que acaba e que mata qualquer possibilidade, a possibilidade do ser.

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