terça-feira, 21 de junho de 2011

A corrupção e suas máscaras

Olívia de Cássia – jornalista

A corrupção está enraizada na sociedade. Infelizmente, quem devia dar os melhores exemplos é quem mais está envolvido em irregularidades, causando decepção, descrédito e muitas vezes influenciando quem já não tem predisposição para ser honesto a fazer o que não devia.

E a gente fica se perguntando: por que a corrupção acontece de forma tão constante em nosso País? Etimologicamente, a palavra significa: deterioração, quebra de um estado funcional e organizado.

Está provado que muita coisa errada acontece pela falta de punição, pelo descrédito em nossas autoridades e outros aspectos mais. Isso já foi dito várias vezes pelos especialistas no assunto.

Em nosso País, a corrupção política corre à solta. Leia-se como corrupção política, “o suborno, extorsão, fisiologismo, nepotismo, clientelismo, corrupção e peculato. Embora a corrupção possa facilitar negócios criminosos como o tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e tráfico de seres humanos, ela não se restringe a essas atividades”.

Segundo pesquisas divulgadas na internet, em todo o mundo, calcula-se que a corrupção envolva mais de um trilhão de dólares por ano. Um estado de corrupção política desenfreada é conhecido como uma cleptocracia, o que literalmente significa "governado por ladrões".

Sabemos que há raríssimas exceções, não são todos os políticos que se classificam nessa escala, mas hoje em dia são raros.

Por aqui, os cargos públicos são sempre ocupados, na maioria das vezes, não por competência técnica, mas por indicação política, para agradar e favorecer os ‘aliados’, sejam eles do mesmo partido político ou aqueles que participaram do vale-tudo das campanhas eleitorais.

E nesse caso, essas pessoas não têm autonomia para se indisporem e se negarem a cometer algum deslize, no caso de serem escalados para isso. E a gente se põe a pensar por que muitas vezes pessoas de boa índole, bom caráter, se deixam levar por esse canto da sereia que é a política.

A corrução nasce daqueles que querem vencer a qualquer custo, por meio de facilidades, sem limites de suas ações. A corrução está em todas as camadas e setores da sociedade, mas é na política que ela tem se sobressaído.

Foi lá no passado, que Maquiavel, um dos pensadores clássicos mais importantes, escreveu sua principal obra, “O principe”, que é um dos tratados fundamentais para quem acompanha o assunto.

‘O Príncipe’ sugere a famosa expressão ‘os fins justificam os meios’, significando que não importa o que o governante faça em seus domínios, desde que seja para manter-se como autoridade, entretanto a expressão não se encontra no texto, mas tornou-se uma interpretação tradicional do pensamento maquiavélico.

Tem gente que se encanta demais com o poder, com o status quo e se deixa levar pelas vantagens que ele proporciona. Seja para ganhar mais dinheiro, seja para se sentir mais poderoso e importante.

Nesse caso, se deixam levar e cometem todo o tipo de besteira, apostando na impunidade para cometer essas irregularidades, das miúdas às mais gritantes e diante do poder do cargo que ocupam começam a cometer pequenos deslizes e daí para frente não param mais, não têm limites.

Platão, em seu livro ‘A República’, um dos maiores clássicos da literatura mundial, descreve em diálogo entre Sócrates e Polemarco que “a justiça se resume em ser útil aos amigos e prejudicial as inimigos”. Na prática é o que a gente observa por aí: ‘aos inimigos os rigores da lei’.

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