domingo, 26 de junho de 2011

Crônica junina


Olívia de Cássia – jornalista


No dia de São João, a única coisa que lembrou que era festa junina foi a programação da televisão, que depois da novela das nove exibiu o programa Globo Repórter sobre esse tema, que por sinal foi excelente. Afora isso, tudo era silêncio na rua onde moro.

Foi muito pior do que na véspera de São João. Os moradores se recolheram logo cedinho em suas casas. Certamente no interior foi diferente. Ouvi um barulho à meia noite, era o vigilante que gritava para uma vizinha abrir a porta para o gatinho.

Liguei o rádio na Rádio Educativa FM, como faço todos os dias e ouço gostosas músicas regionais. Pelo menos os bons forrós me levaram à Praça Basiliano Sarmento e em pensamentos vou lá, revejo os queridos amigos se divertindo, batendo gostosos papos e saboreando guloseimas diversas.

E vou mais longe nos forrós do Santa Maria Madalena, às nossas quadrilhas estilizadas, as fogueiras na Barriguda, Rua da Ponte, o forró da Palmarina e volto para a Praça Basiliano Sarmento.

Alceu Valença me remete mais uma vez ao meu amigo que já se foi e que tanto apreciava suas músicas. Fosse em Campina Grande onde estudava, fosse em União, nas farras e brincadeiras que fazia.

Quanta beleza tem a nossa música nordestina, nossa região. Da agricultura, à culinária e às manifestações culturais é uma riqueza só.

O Globo Repórter mostra a fartura da agricultura nessa época do ano, no Sertão. Muito milho, feijão de corda, carne de bode e outros produtos mais. Vendo essa linda matéria a gente fica pensando que poderia ser assim o ano todo, com muita fartura para o povo da roça.

Assim, não existiria o êxodo rural para as grandes cidades e talvez a miséria e a violência no País não fossem tão acentuadas.

A reportagem também contou a história de uma família da Paraíba, cujo o pai migrou para São Paulo e há 20 anos não voltava à terra natal. Os filhos do moço não conheciam nada da terra do pai. E viajaram para conhecer e rever familiares no Nordeste.

Esta é uma história que remete à vida de muitos nordestinos que, em busca de uma vida melhor para si e a família, embarcaram para São Paulo, Rio, Paraná e outros estados do País; uma história de vida que nem sempre dá certo, mas que faz parte do roteiro de muitas vidas no Brasil.

Tenho exemplos na minha família de muitos parentes que fizeram isso. Felizmente, a maioria conseguiu dar um rumo à vida, diferente de muita gente que se aventurou e não deu certo.

Eu sempre tive o temperamento de criar raízes à terra, nunca tive vontade de me aventurar nessas jornadas para tentar a vida lá fora. Apenas uma vez aos 20 anos, quando fui ao Rio de Janeiro.

Fiquei lá por quatro meses, depois de uma reprovação no vestibular, em busca de novas perspectivas de vida, mas precisei voltar por motivo de saúde de uma prima e lá não voltei mais.

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