Olívia de Cássia – jornalista
Em União dos Palmares, nessa época do ano, católicos
palmarinos homenageiam sua padroeira, Santa Maria Madalena, há 178 anos. A festa começou com
o erguimento do mastro no dia 20 e as comemorações vão até o dia 2 de fevereiro,
com a procissão das charolas.
A gente aprendeu na escola que toda a gleba de União dos
Palmares pertence a Santa Maria Madalena, doada por fazendeiros. Mas foi o português
Domingos de Pino quem construiu a primeira capela do local dedicada a ela e a povoação
teve como primeiro nome o da padroeira.
União dos Palmares é o único município que se conhece onde
as terras pertencem a uma santa. Muita gente só conhecia e só conhece a
história de Madalena pelo o que nos foi passado na tradição católica: que era teria
sido uma prostituta arrependida, seguidora de Jesus Cristo.
Maria Madalena teria nascido em Magdala, cidade localizada
na costa ocidental do Mar da Galileia. A vida de nossa santa padroeira é um
mistério e sei que depois desse artigo muita gente vai me criticar.
Segundo alguns historiadores, o rótulo de prostituta não
existia até o século VI, “quando sua memória começou a ser, digamos,
desconstruída por uma Igreja que não queria saber de mulheres”.
A imagem de Madalena só teria sido reconstruída pelo
Vaticano em 1969. O que a gente conhece é uma história preconceituosa a
respeito dela, repassada por documentos escritos por homens que não queriam
dividir o poder da igreja e nem repassá-lo para uma mulher.
Maria Madalena é uma das personagens mais enigmáticas do
Novo testamento e existem poucas citações a seu respeito lá. Muita gente só
despertou para sua história a partir do livro “O Código Da Vinci”, onde Dan
Brown, o autor da obra, despertou enorme curiosidade, desagradando à igreja e a muitos seguidores.
Segundo esses estudiosos, que de um tempo para cá se debruçam
sobre a história dessa misteriosa mulher, a Igreja Católica, por ser patriarcal,
teria espalhado o boato da prostituição,
para omitir a importância de Maria Madalena na história.
Os Evangelhos de Maria Madalena são outro mistério que foram
omitidos da história e pouco se sabe a respeito.
Na resenha de apresentação do livro ‘A verdadeira história
de Jesus e Madalena’, romance de Margaret George, o site Geração Book, no link http://www.geracaobooks.com.br/releases/?id=27,
diz que “Os livros gnósticos (que a Igreja Católica não aceita) revelaram que
Maria Madalena, além de ser a discípula (ou apóstola) preferida de Jesus,
possuía dons espirituais que Jesus respeitava, motivos que a tornaram especial
e muito próxima a ele”, observa o texto.
Nasci e me criei na Igreja Católica, não sou praticante e não
sou tola ao ponto de acreditar em algumas lendas que a igreja tratou de
espalhar aos fiéis. A igreja continua pregando o celibato, mas está perdendo
fiéis por conta de posturas conservadoras e intransigentes que assume e faz vista grossa,
muitas vezes, para os casos de pedofilia e de sexo clandestino, denunciado há
tantos anos.
A gente não pode deixar de observar essas questões polêmicas
e discutíveis no nosso meio, bem como os equívocos cometidos pela igreja ao
longo dos séculos. Eu tenho minha visão crítica a respeito de muitas questões
ainda, mas também não aceito que pessoas de outras religiões faltem com o
respeito às nossas crenças, pois costumo respeitar todas as religiões.
Santa Maria Madalena merece todo o nosso respeito e nossa
devoção, muito mais agora que começamos a descobrir o quão forte ela era e tão
importante na vida de Jesus Cristo. Salve nossa padroeira, salve Santa Maria Madalena!
Nenhum comentário:
Postar um comentário