Olívia de Cássia – Jornalista
Descobri, depois de muitos anos de vivência e
amadurecimento, alguns meses de terapia, muito sofrimento e crises existenciais
constantes que o medo é uma prisão para a alma e um portal para a destruição
pessoal. O medo sufoca, nos subjuga e nos deixa com um grau de insegurança tão
grande que passamos a duvidar da nossa capacidade profissional e intelectual e
da capacidade de superar obstáculos.
Com o medo em nossas vidas podemos perder a personalidade, a
saúde e até a vida se não tivermos força e ajuda externa para superá-lo. Vivi a
juventude cheia de medos e tabus, tentando ser feliz, me rebelando contra
modelos pré-estabelecidos, indo de encontro aos meus pais, principalmente a
minha mãe, e sendo contrária a quase tudo o que eles me ensinavam com relação a
certos assuntos que consideravam importantes. Coisas de adolescente rebelde,
sem causa.
Nasci e me criei em uma família religiosa, de tradição
católica, com todos os dogmas e ensinamento que a Igreja proporcionava e ainda
hoje proporciona e apesar de tudo, de todos os preconceitos, da hipocrisia que
está embutida na religião, de todas as críticas que faço a essa minha crença
posso dizer que agradeço a Deus, agora, pela educação que eu tive e pelos
ensinamentos que me foram passados pelos meus pais. Se não tivesse tido essa
orientação e muita fé em Deus talvez hoje não tivesse superado tantos
obstáculos que agora me parecem tolices.
Em 2003, depois de muita turbulência em minha vida, veio
revelação das minhas fraquezas interiores e da minha fragilidade emocional que
abalaram a minha saúde. Nessa época eu precisei de ajuda médica profissional
para conseguir superar aquele momento, pensava que fosse ficar louca e fui
fazer terapia aconselhada por minha amiga Bleine Oliveira, também jornalista.
Ela me indicou a doutora Lourdgleid Soares, a melhor em
terapia e psiquiatra renomada no Estado. Naquela época acho que Lourdgleid
avaliou que eu estivesse ficando doida mesmo, diante das besteiras que eu dizia
e fazia e acho que estava pirando mesmo.
Precisei tomar remédios controlados pois não conseguia
dormir, comer, nem me controlar, eu chorava o tempo todo. Eu estava chegando ao
fundo do poço, quase perdi minha personalidade, minha individualidade e achava
que tivesse perdido também a minha felicidade. Avaliava naquele momento que
aquela moça tinha me tomado o bem que eu achava fosse mais precioso e a culpava
pela minha separação e por tudo aquilo que eu estava passando. Eu estava
errada.
Errei em muita coisa na vida, inclusive na maneira como eu
estava conduzindo a minha rotina: sendo submissa e contrária a tudo o que
sempre tinha pregado na minha curta vida de militância feminista. Aquilo que eu
havia aprendido na faculdade e nos movimentos sociais eu tinha esquecido e
estava pregando tudo ao contrário.
Hoje eu sei que muita coisa que aconteceu comigo foi por
conta da minha insegurança, da fragilidade, dependência e do medo. O medo de
ser feliz. Não tem coisa melhor do que a maturidade para nos dar discernimento
e coragem. Coragem para lutar, enfrentar a vida e ser feliz. E é o que estou
fazendo e vivendo agora. Tentando ser feliz, tanto na vida pessoal quanto
profissional e isso me permite ter mais uma chance diante de Deus a de ser
avaliada por tudo o que fiz até agora.
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