quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Contrastes da vida

Olívia de Cássia - jornalista

A paisagem é de contrastes: de um lado vejo o mar de águas aparentemente cristalinas e convidativas para um banho morno e do outro, vejo moradores de rua deitados no chão da calçada da praia, pobres miseráveis sem cidadania sem nada que possa lhes dizer que são pessoas.

Famintos, eles  perambulam pelas ruas indolentemente, sem rumo, anestesiados pela fome e pelas drogas, sem direção. Da janela do ônibus, sempre ela, percebo essa imensidão que se choca com meu estado de angústia e revolta diante das injustiças sociais que presencio no meu cotidiano.

A tarde vai caindo e eu sigo no coletivo com destino ao meu trabalho, esperançosa;  procurando respostas dentro de mim.  Quero explicações para as contrariedades que a gente tem no dia-a-dia e não vejo razão para tanto.

Os passageiros sobem no coletivo, sôfregos. Estou cansada de lutar contra dragões; a cabeça vai pesando e a gente vai procurando as melhores explicações, incansavelmente. Palavras que possam atenuar a nossa decepção com o ser humano.

Aquilo que nos causa indignação e revolta diante dos constrangimentos que a gente, de vez em quando, é obrigada a passar. E muitas vezes fingimos que não é conosco, tentando  abstrair tudo para não entrar em parafuso. Eu não consigo viver serena num ambiente assim.

Procuro um mundo que seja bom para viver, não costumo desejar mal a ninguém, pois o mal por si se destrói. Sonho com um mundo em que a gente não possa ter medo, medo de ter medo. O tempo da escravidão e da ditadura já passou. Precisamos nos indignar diante das injustiças.

Palavras soltas no ar que nos ativa a memória, nos encanta e nos seduzem. A palavra tanto pode construir como também pode destruir um ser humano: tem gente que se perde pelo o que diz. É verão e o sol está tinindo no horizonte escaldante. Tenho torpor, sonolência e preciso me acalmar.

Busco me aliviar e desviar o pensamento de fatos que não sejam positivos e construtivos, daquele sufocamento exagerado e dolorido, uma dor da alma provocada por uma palavra mal pronunciada e mal colocada em um momento inoportuno. Um ato insano.

Dizem que a dor da alma é a pior de todas as dores. Mas eu quero o infinito onde possa existir a paz, a harmonia e a delicadeza do ser humano.  A minha direção. Há um mundo lá fora de muitas guerras insanas, onde só inocentes são degolados. Os grandes e poderosos negociam o que entendem melhor para si.

Há luz no meu caminhar incerto e cambaleante e tenho esperança de me permitir um mundo melhor. Neste domingo  tem procissão das charolas dos santos e de Santa Maria Madalena. O dia mais importante da festa de nossa padroeira, 2 de fevereiro.

Para os palmarinos o ano começa efetivamente a partir de segunda-feira, 3.  Vamos pedir a interseção de nossa padroeira por um mundo de paz, harmonia, afetividade e solidariedade. Fiquem com Deus.

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