Olívia de Cássia – jornalista
Está cada vez mais difícil para eu andar de ônibus em
Maceió. Minhas pernas não têm mais firmeza para me segurar e às vezes o
cobrador e algum motorista me olham enviesados.
Subi no Graciliano via Trapiche com destino à Tribuna Independente, nesta quarta-feira, 23 e me enrolei toda na hora de tirar o dinheiro da carteira.
Subi no Graciliano via Trapiche com destino à Tribuna Independente, nesta quarta-feira, 23 e me enrolei toda na hora de tirar o dinheiro da carteira.
Muito atrapalhada, pedi ao cobrador para passar e pegar o
dinheiro sentada numa cadeira que estava vaga, em frente a ele. O moço me olhou com uma
cara de desconfiança danada e eu falei: ‘Homem me deixa pegar o dinheiro sentada
que estou atrapalhada das pernas’.
O rapaz me liberou com ares de quem não acreditou e ficou me
olhando. Entreguei o dinheiro e fui procurar um lugar para me acomodar no
coletivo e fiquei pensando o que será de mim se eu não tiver mais condições de
me locomover para resolver meus problemas pessoais e trabalhar.
Peço a Deus a cada dia um pouco mais de chance, calma, tolerância, força e
desprendimento. Nessas horas não digo que é normal e nem natural o meu
comportamento. Dá uma agonia, um nervoso, o sangue entra em ebulição, mas
felizmente estou aprendendo a controlar meus impulsos.
O autocontrole é fundamental, embora que por dentro a gente
fique moída , a cabeça estourando de dor e às vezes a tremedeira de raiva se
faz presente. Não é fácil conviver com isso.
Tenho gratas surpresas com meu trabalho e o reconhecimento
de pessoas que têm me encontrado e dizem que têm lido o que escrevo é salutar. Algumas
pessoas têm se manifestado, de uma forma ou de outra.
Não nego que traz uma satisfação saber que consigo chegar
aos corações das pessoas. Mas o problema não é esse, é a total desorganização na
minha vida financeira que me causa preocupação. Muita conta a pagar e falta de
perspectivas de melhora e resolução dos problemas, do caos que se estabeleceu em
minha vida.
O cobrador me olha de lá de onde estava, interrogativo ao me perceber
escrevendo. O que estará pensando esse jovem ao meu respeito?
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