Olívia de Cássia – jornalista
A água calma e serena do mar, a imensidão do infinito numa
tarde de muito sol, está convidativa para um mergulho, que vai diluindo aos
poucos meu estado de agitação. Tento uma forma de viver melhor.
Não quero entrar numa seara indolente e paranoica, sem
distinção do que seja tolerância e afetividade, o mundo já está cheio disso. De complicações já me bastam as do cotidiano.
Não posso e nem quero me indispor com meus sentimentos mais
puros, mais profundos, mesmo que o mundo me indique, a cada dia, o quanto pode
ser cruel e intolerante o ser humano. A gente não dimensiona isso e às vezes
perde o foco, a noção da sensatez.
Tem gente que faz questão de ser indelicada, sem razão, sem
ética. Não quero me envolver nessa teia emaranhada de mistérios, nesse mundo de
crueldade e de atrapalhamentos, para não usar uma expressão mais forte; procuro
abstrair isso.
Quero para mim um mundo de esperança e de paz: um mundo de
solidariedade, compreensão e amor. E diante dos enigmas que a vida nos oferece,
vamos tentando decifrar os códigos, ou viver de forma que essas incógnitas não
atrapalhem o nosso cotidiano.
Nesses momentos de dificuldades e alguns perrengues, eu não
poderia deixar de me lembrar da minha mãe, dona Antônia, que dava de dez a zero
nas dificuldades e lutava feito uma leoa para que seus objetivos fossem
alcançados.
Não herdei esse lado forte e determinado dela, mas gostaria
de ter pelo menos um pouco da fibra e da garra de uma mulher que nasceu e se criou
na roça, mas soube lutar por seus objetivos maiores, doesse a quem doesse.
Eu sou uma criatura atrapalhada, mas cheia de esperança de
um mundo melhor que a vida ainda possa me dar, apesar da minha fragilidade. A tarde está quente e abafada, agoniando o
juízo da gente, me impacientando e querendo me dizer alguma coisa que ainda
estou tentando entender.
Há dias de muitas esperanças, mas há momentos de muita inquietude
ainda. Não quero criar para mim expectativas daquilo que não possa se
concretizar, mas procuro uma forma de melhorar o meu desempenho na vida e na
minha profissão.
Ainda posso dar o melhor de mim, aquilo que está sendo subaproveitado. Os fatos que acontecem no nosso
cotidiano de jornalista, às vezes nos tornam endurecidos pela rotina, mas há
atitudes que nos deixam perplexos, indignados e sem chão. Estou tentando
encontrar a calmaria.
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