terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Em busca da calmaria


Olívia de Cássia – jornalista

A água calma e serena do mar, a imensidão do infinito numa tarde de muito sol, está convidativa para um mergulho, que vai diluindo aos poucos meu estado de agitação. Tento uma forma de viver melhor.

Não quero entrar numa seara indolente e paranoica, sem distinção do que seja tolerância e afetividade, o mundo já está cheio disso.  De complicações já me bastam as do cotidiano.

Não posso e nem quero me indispor com meus sentimentos mais puros, mais profundos, mesmo que o mundo me indique, a cada dia, o quanto pode ser cruel e intolerante o ser humano. A gente não dimensiona isso e às vezes perde o foco, a noção da sensatez.

Tem gente que faz questão de ser indelicada, sem razão, sem ética. Não quero me envolver nessa teia emaranhada de mistérios, nesse mundo de crueldade e de atrapalhamentos, para não usar uma expressão mais forte; procuro abstrair isso.

Quero para mim um mundo de esperança e de paz: um mundo de solidariedade, compreensão e amor. E diante dos enigmas que a vida nos oferece, vamos tentando decifrar os códigos, ou viver de forma que essas incógnitas não atrapalhem o nosso cotidiano.

Nesses momentos de dificuldades e alguns perrengues, eu não poderia deixar de me lembrar da minha mãe, dona Antônia, que dava de dez a zero nas dificuldades e lutava feito uma leoa para que seus objetivos fossem alcançados.

Não herdei esse lado forte e determinado dela, mas gostaria de ter pelo menos um pouco da fibra e da garra de uma mulher que nasceu e se criou na roça, mas soube lutar por seus objetivos maiores, doesse a quem doesse.

Eu sou uma criatura atrapalhada, mas cheia de esperança de um mundo melhor que a vida ainda possa me dar, apesar da minha fragilidade.  A tarde está quente e abafada, agoniando o juízo da gente, me impacientando e querendo me dizer alguma coisa que ainda estou tentando entender.

Há dias de muitas esperanças, mas há momentos de muita inquietude ainda. Não quero criar para mim expectativas daquilo que não possa se concretizar, mas procuro uma forma de melhorar o meu desempenho na vida e na minha profissão.

Ainda posso dar o melhor de mim, aquilo que está sendo subaproveitado. Os fatos que acontecem no nosso cotidiano de jornalista, às vezes nos tornam endurecidos pela rotina, mas há atitudes que nos deixam perplexos, indignados e sem chão. Estou tentando encontrar a calmaria.

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