sábado, 25 de agosto de 2012

Não quero perder minhas referências...

Olívia de Cássia – jornalista

A gente nasce no seio familiar e vai aprendendo com nossos pais os valores que formam a nossa personalidade. Aqueles que a gente leva para o resto da vida: a religiosidade, a personalidade, o caráter e nossa formação cidadã, pessoal e ‘educacional’.

Tem fase da juventude que nos rebelamos contra alguns desses ensinamentos que nos foram passados, aqueles carregados de preconceitos e de rancores.

A gente quer fazer uma ‘revolução’, lutar contra isso, mas quando a gente evolui e se torna adulto percebe o quanto foram importantes todos os ensinamentos passados pelos nossos pais e familiares, mesmo aqueles que tenham sido com ranços e rancores, pois eles nos fazem refletir sobre a vida.

Até aquele aprendizado do que é bom e do que ruim para nós que não concordamos é importante para a nossa formação. Existem muitas verdades na vida. Nem sempre a verdade que nos ensinaram é aquela cheia de princípios.

No meu caso, eu tive a felicidade de ter tido na terra dois seres que passaram para os filhos o melhor de si. Com sacrifício e determinação, seu João Jonas e dona Antonia (a Toinha), transmitiram o melhor de si para os filhos. Seja no campo religioso ou seus conceitos sobre a ética e a vida no geral.

Tem pai e mãe que não têm exemplo bom para passar para suas crias e mesmo assim, quando eles erram não se conformam. Eu não tive filhos, mas avalio que a gente quando decide colocar alguém no mundo tem que ter responsabilidades; saber que a partir dali sua vida será outra pois a missão de criar e educar um filho é sublime.

Nos dias de hoje a sociedade está perdendo os laços familiares; a gente já não vê famílias ao redor da mesa fazendo as refeições e os pais contando suas histórias e experiências de vida para os filhos. Meus pais nos contavam muitas vivências e foram elas que nos deram o aprendizado que tenho hoje.

Meu pai narrava os fatos de forma engraçada, falava da sua vida como uma aventura, dizia versos embolados, feito literatura de cordel que nos faziam rir de tão engraçadas que eram aquelas histórias. Mesmo inválido meu pai não reclamava da vida.

Minha mãe era mais cética e contava reclamando as aventuras amorosas do meu pai, que mesmo depois de casado levava namoradas para casa para, segundo ele, ‘brincar no paiol do milho, ou nas sacas de algodão do armazém.

Hoje amanheci com uma saudade danada dos meus pais, de todos os ensinamentos que eles me passaram; das brigas que tive com mamãe por conta da minha rebeldia sem causa e de tudo aquilo que eles significaram e significam para mim.

Quando a gente perde pai e mãe e está carente e frágil, sente falta de um colo, de um abraço apertado, de uma palavra de conforto e ensinamento, de um exemplo de vida. Sente falta da comidinha feita na hora e de todo aquele amparo que tivemos.

Há muitas verdades na vida e cada um de nós tem a sua. Cabe a cada um saber distinguir qual a melhor verdade, qual aquela que te fará um ser mais consciente, melhor e mais justo. Não quero perder minhas referências.

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