Olívia de Cássia – jornalista
Neste domingo, 12 de agosto, comemora-se o Dia dos Pais. Para quem ainda tem o privilégio de tê-lo ao lado, ainda que bem velhinho, é uma sorte, uma dádiva divina. Quem me dera que eu pudesse ainda tê-lo presente, lá na nossa antiga casa de União dos Palmares, na Rua Tavares Bastos, para visita-lo, abraçá-lo e contar-lhe todos os meus segredos e aflições.
Há 14 anos o meu querido velho se foi deixando uma lacuna na minha vida, uma saudade incontida e uma dor enorme no peito. A lembrança do meu pai ainda é muito presente e para mim essas datas comemorativas têm sabor de saudade.
Meu pai foi para os filhos um exemplo de homem: generoso, religioso, temente a Deus e que deixou para os seus muitos ensinamentos. Ele era solidário quando alguém, algum amigo passava dificuldade, procurava sempre ajudar, indistintamente, fosse pobre, rico ou necessitado.
Sem formação escolar quase nenhuma, meu pai sabia apenas escrever o seu nome, mas lia muito, gostava de ficar informado; fazia contas de cabeça, melhor que eu e meus irmãos estudantes e foi formado na universidade da vida.
Nascido e criado na roça, órfão de pai e mãe muito cedo, meu pai teve que dar muito duro na vida para cuidar de todos nós. Quando saiu da Baixa Seca, vendeu as terras para morar em União, montou um pequeno hotel que não deu certo, depois comprou a mercearia da Rua da Ponte e o armazém de compra e venda de cereais e deles tirou o nosso sustento.
Quando eu e meus irmãos saímos de União para estudar em Maceió para cursar o antigo científico (hoje ensino médio) ele e minha mãe tinham duas despesas. A educação dos filhos era mais importante. Só deixou que eu começasse a procurar emprego quando terminei o segundo grau e já estava com 18 anos.
Namorador quando moço, a gente sabe muito pouco dessa época da vida do meu pai, a não ser que era muito festivo (isso eu também herdei dele) e que chegou a noivar com outra moça antes de casar com minha mãe.
Algumas das aventuras amorosas do meu pai ficávamos sabendo por que quem contava era minha mãe. Mas papai era apaixonado por dona Antônia e na primeira oportunidade, deixou a moça que estava noivo e finalmente casou com a mulher amada.
Meu pai era um homem de fé, apaixonado por eleições, jogar nos bingos da festa da padroeira, dos bingos do Trapichão e jogar na loteria; era diversão do meu pai, além da festa de Santa Maria Madalena.
Eu tinha uma afinidade enorme com seu João Jonas, ficávamos conversando longamente, principalmente quando a gente enveredava pelo lado da política e herdei dele o gosto de votar.
Mas se meu pai estivesse por aqui ainda hoje, certamente estaria decepcionado com o que estamos vendo nas disputas eleitorais: xingamentos, traições, deslealdades e falta de propostas reais dos candidatos.
Quando estou assim, fragilizada, necessitando de um colo de pai e mãe, de conselhos, sinto infinitamente a falta dele para me dar firmeza e da fortaleza da minha mãe para me orientar. Ela era quem comandava tudo, inclusive queria reger a vida da gente.
Tive a felicidade de tê-los até depois dos 70 anos, mas quando a gente perde vê o quanto era feliz e como Deus foi tão bom em tê-los destinado a cuidar de nós aqui na terra. Onde estiverem mamãe e papai, que estejam num lugar sossegado, de paz e de luz. Fiquem com Deus.
sábado, 11 de agosto de 2012
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