sexta-feira, 1 de julho de 2011

Beijei o chão


Olívia de Cássia – jornalista

Literalmente, beijei o solo, o chão da Praça dos Martírios, em frente ao antigo Palácio do Governo, ontem, depois que saí da Agência Rosa da Fonseca, da Caixa Econômica, em Maceió. A sensação não foi das melhores, senti a maior vergonha daquela queda e apenas um senhor veio em meu socorro, para saber se eu estava machucada.

As outras dezenas de pessoas que estavam ao redor comercializando produtos e os pedestres que transitavam no local não se movimentaram para me ajudar e nem esboçaram nenhuma reação, como se nada tivesse acontecido por ali.

Procurei me levantar imediatamente, tal a vergonha e vontade de chorar que senti. O senhor que me ajudou a levantar indagou se estava sentindo alguma coisa, expliquei para ele o problema e fui andando.

Saí dali aos prantos, pensei no meu pai, nas situações que passou em União dos Palmares, quando caia na praça e as pessoas pensavam que estivesse bêbado, da mesma forma que estou vivendo agora, Fiquei toda suja de terra, toda dolorida e com o braço direito levemente arranhado.

Procurei me afastar do local o mais rápido que pude, para que ninguém mais presenciasse a minha reação diante daquela queda. Ainda bem que não vi nenhum conhecido por perto, dei uma rápida olhada, discretamente, antes de me afastar do local.

Tenho observado que o espaço entre uma queda e outra está diminuindo. Agora caio quase que de quinze em quinze dias. Fico toda dolorida e angustiada quando isso acontece. Ainda estou com um hematoma na coxa direita, da última queda em casa.

Mas o machucão maior que fica é na alma da gente que tem esse problema, quando isso acontece, ficamos submetidos à lamentação e dó dos outros, como se a gente não tivesse mais vida própria, nem individualidade, eu sinto isso e a situação muito me angustia.

Ainda faltam alguns dias para fazer o exame de ressonância magnética. Minha sobrinha avisou que foi marcado para o próximo dia 5, só que o prazo da perícia já acabou e terei que começar todo o procedimento de novo. Mas mesmo assim eu vou arriscar. Se não der, paciência, eu continuarei tentando o que tenho direito na Previdência Social.

Não eliminei a possibilidade de eu conseguir outro emprego, outra assessoria para melhorar minha qualidade de vida. Não posso deixar isso assim, sem tentativas, não vou desistir de viver por causa de um problema de saúde, isso nunca.

Eu sou persistente e vou tentar até o fim. Se não for possível, o jeito é a gente se conformar, mas vale a pena tentar. Preciso me engajar em alguma coisa, projeto ou situação para que não fique apenas pensando nesses problemas.

Mas deixando essas coisas da minha rotina de saúde um pouco de lado, vi no noticiário que o vestibular vai acabar na maior universidade do País. Parece um sonho isso. Era o que eu mais desejava quando jovem e estava estudando.

Sonhava em não ter que me submeter àquele estresse diário que eu tinha quando estudava para fazer a prova. Ficava muito nervosa e os problemas pessoais associados ao estresse me embotavam a mente e na hora da prova dava um branco.

Perdi de três a quatro vestibulares por conta do nervosismo e agora, depois de tanto tempo, vejo isso ser possível. Uma prova de que nada na vida da gente é imutável, tudo pode acontecer e mudar. Um bom dia para todos.

Um comentário:

Franco Maciel disse...

Poxa, Olívia. Melhoras...

Aqui dentro tudo é igual

  Olívia de Cássia Cerqueira   Aqui dentro está tudo igual. Lá fora os bem-te-vis e outros pássaros que não sei identificar, fazem a fes...