quarta-feira, 27 de julho de 2011
Encantos do cordel
Olívia de Cássia – Repórter
A alagoana Marluce da Silva Torres (foto), professora licenciada em Letras pela Universidade Federal de Alagoas e pós-graduada em Educação Especial é uma apaixonada pela literatura de cordel. Ela diz que gosta de escrever, além de versos dessa vertente da literatura popular, contos, poesias, ‘histórias de Trancoso’ e história da vida real.
Para Marluce Torres, o cordel é uma grande terapia e tornou-se parte de sua vida. “Além de escrever versos de cordel, gosto de fazer paródias, contar piadas e recitar poesias”. Professora aposentada, ela ensinou língua portuguesa durante 33 anos na rede pública de ensino.
Dinâmica e arrojada atuava junto com seus alunos nas apresentações folclóricas e natalinas promovidas pela escola onde trabalhava. “Já me apresentei como um mito folclórico – “a Madame Juju” – vestida de cigana com tenda e tudo”, lembra a professora.
Marluce Torres conta que sempre gostou de escrever versos “e vi que a poesia de cordel é uma terapia para mim. A minha vida já é uma história de amor; de perseverança; de trabalho e muita garra. Gosto de desafio e arregaço as mangas para o que der e vier”, observa.
Ela conta que sua paixão pelo cordel vem desde criança. Herdou de sua mãe, que comprava os livrinhos na feira e, à noite, reunia os filhos na calçada de casa para ler as histórias.
“A minha mãe tinha uma voz melodiosa que dava ênfase à leitura. Eu - como a mais velha dos filhos -, ia brincar de escola e tentava ler os versinhos para meus irmãos mas, não sabia ler com entoação e musicalidade”, destaca.
Marluce é casada e tem duas filhas, posta seus versos e poesias no blog http://sitedepoesias.com e está em redes sociais como Facebook e Orkut, onde divulga seus trabalhos. Abaixo um de seus cordéis: uma “Homenagem ao Cordel Encantado”.
HISTÓRIA
A história da literatura de cordel começa com o romanceiro luso-holandês da Idade Contemporânea e do Renascimento. O nome cordel está ligado à forma de comercialização desses folhetos em Portugal, onde eram pendurados em cordões, chamados de cordéis.
Inicialmente, eles também continham peças de teatro, como as de autoria de Gil Vicente (1465-1536). Foram os portugueses que introduziram o cordel no Brasil desde o início da colonização. Na segunda metade do século XIX começaram as impressões de folhetos brasileiros, com suas características próprias.
Os temas incluem fatos do cotidiano, episódios históricos, lendas , temas religiosos, entre muitos outros. As façanhas do cangaceiro Lampião (Virgulino Ferreira da Silva, 1900-1938) e o suicídio do presidente Getúlio Vargas (1883-1954) são alguns dos assuntos de cordéis que tiveram maior tiragem no passado.
Não há limite para a criação de temas dos folhetos. Praticamente todo e qualquer assunto pode virar cordel nas mãos de um poeta competente.
No Brasil, a literatura de cordel é produção típica do Nordeste, sobretudo nos estados de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará. Costumava ser vendida em mercados e feiras pelos próprios autores.
Hoje também se faz presente em outros estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. O cordel hoje é vendido em feiras culturais, casas de cultura, livrarias e nas apresentações dos cordelistas.
Os poetas Leandro Gomes de Barros (1865-1918) e João Martins de Athayde (1880-1959) estão entre os principais autores do passado.
HOMENAGEM AO "CORDEL ENCANTADO"
MARLUCE CORDELISTA
Caros amigos leitores
Eu trago uma linda história
Um romance de bravura
Força coragem e vitória
Que pra sempre irar ficar
Guardado em vossa memória
Há muitos anos atrás
Existia neste estado
Um rei poderoso e forte
Muito rico e bem casado
Com a rainha Carolina
De um país afastado
O nome deste rei era
Francisco Manoel Valadão
Todo mundo lhe temia
Lá naquela região
Tinha mais de mil soldados
A sua disposição
O rei só tinha uma filha
Pra ser sua favorita
Ela tinha dezoito anos
E se chamava Talita
Das moças daquele lugar
Ela era a mais bonita.
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