sexta-feira, 29 de julho de 2011

Fuga


Olívia de Cássia – jornalista

Fujo do apego a um sentimento qualquer, diferente de antes. Fujo agora de um sentimento qualquer, que me bloqueie a liberdade. A minha liberdade de viver.

Não quero e não vou mais me arriscar, isso eu não farei, se depender da minha vontade.

Além de não ter mais idade para querer, não me interessa mais me envolver com amores inconstantes e distantes, para evitar sofrimentos futuros. Quero me poupar e para isso eu fujo. Fujo de mim.

A vida é feita de perdas, ganhos e renúncias. Renunciei a uma vida normal. Não sou normal. Renunciei pela minha profissão, por meus sonhos, por não querer dar satisfação sobre meus atos. Mas eu não posso fugir da normalidade, apesar da vida sem horários que levo.

O ônibus para no sinal, estou indo ao trabalho novamente. Ultimamente só tenho feito isso na vida, E graças a Deus que ainda tenho isso e posso trabalhar. O trabalho me completa, me faz sentir uma pessoa melhor, útil, produtiva, viva.

Fujo de mim, não procuro mais me decifrar, saber quem eu sou. Quem sou eu? Um arremedo de vida, alguém que quer ser feliz. Eu quero ser feliz, hoje e sempre. Mas a vida é dura.

Tenho a idade de ser avó e nem tive filhos, assim como aquele personagem da obra de Machado de Assis. Não terei a quem deixar nenhum legado, nenhum fruto. Tudo o que sou, o que gosto, o que vivo, morrerá comigo.

Nenhum ensinamento que eu tenha aprendido na vida deixarei como herança para alguém, se é que eu tenha aprendido algo. Tudo morrerá comigo.

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