Olívia de Cássia - jornalista
Falta de políticas públicas, balas e fuzis, o consumo de drogas e dívidas com o tráfico estão levando meninas e meninos a serem mortos precocemente no País, nos últimos anos. Atribui-se a isso à falta de perspectivas, à morte dos sonhos muito cedo, ou a permissividade dos próprios pais e da sociedade, avaliam os especialistas.
Meninos e meninas estão perdendo as referências de valores e de limites, o que resulta em gravidez precoce e mais crianças perpetuando a mesma tragédia, ou o envolvimento com pessoas ligadas ao tráfico. Alagoas é um dos estados mais violentos da nação e essa é uma triste estatística.
O desaparecimento de mais duas meninas do município de Coruripe, cujos corpos foram encontrados no último sábado, 19, dão o tom da realidade nua e crua nas comunidades alagoanas, seguindo as estatistas do restante do País.
O caso da menina Eloá Pimentel, morta aos 15 anos pelo ex-namorado, disparou um alerta às famílias para que não permitam a sexualização precoce de crianças e adolescentes, declarou a ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos), à época do julgamento do acusado.
Segundo a ministra, em todos os noticiários nós vimos que aquele que matou a menina Eloá, entrou na sua casa e pediu autorização para a sua família, quando ela tinha 12 anos, para ter uma relação com ela.
“Será que é possível que os pais e mães não estejam atentos que, com 12 anos, não é possível que meninas e meninos estejam sexualizados precocemente?", indagou a ministra, durante ação da campanha de Carnaval contra exploração e abuso sexuais de crianças e adolescentes.
Segundo Maria do Rosario, em declaração ao jornal Folha de São Paulo, não basta que governos estejam de olho a casos de violações dos direitos de crianças. “Estamos tentando fazer nossa parte, mas precisamos de pais e mães mais atentos, cuidadores mais atentos, sociedade mais atenta", disse ela.
Neste fim de semana, o relatório do Instituto Médico Letal Estácio de Lima (IML), de Maceió, aponta 18 homicídios no Estado. Segundo a Secretaria de Defesa Social, 12 casos foram registrados no interior e a maioria das vítimas assassinada por disparos de arma de fogo.
Há que se considerar que a maioria dessas mortes é de jovens e entre essas vítimas os corpos das meninas de 15 anos de Coruripe, desaparecidas há uma semana e mortas a tiros, dando sinais de execução. Os corpos foram encontrados em estado de decomposição, com pertences, inclusive celulares.
O caso dessas meninas é muito semelhante ao acontecido em março de 2011, quando Samara dos Santos, de 14 anos, e sua meio-irmã Cícera Beatriz, de 12 também foram encontradas mortas após desaparecem em Coruripe.
Como disse a ministra Maria do Rosário, em declarações à Folha, não é uma questão de falso moralismo ou puxão de orelha em pais e mães, mas é o caso de eles ficarem mais atentos e antenados sobre o que estão fazendo os filhos no dia-a-dia e com quem estão se envolvendo.
"A família não é responsável pelo sujeito que apertou o gatilho, mas uma atenção maior com uma criança de 12 anos acho que todos nós devemos ter no Brasil", disse a ministra. Esse é um tema que merece muito mais a reflexão de pais, educadores, cuidadores e gestores públicos.
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