terça-feira, 1 de maio de 2012

Os desafios das mulheres

Olívia de Cássia – jornalista

Este ano as mulheres brasileiras comemoraram a passagem de seu dia destacando algumas conquistas que tiveram: na lei e na vida. Mas apesar dos imensos avanços conseguidos, são muitos ainda os desafios que elas têm pela frente.

Entre essas vitórias conseguidas pelas entidades femininas, há que se falar dos avanços conquistados no governo Lula quando instituiu a Secretaria de Políticas para as Mulheres e sancionou a Lei Maria da Penha.

Essa lei é um instrumento jurídico que ampara hoje uma série de políticas públicas coordenada pelo governo federal, a exemplo do Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra as Mulheres. Todas essas conquistas foram fruto de muita luta e muita reivindicação dos movimentos sociais femininos.

Apesar das críticas que a Lei Maria da Penha recebeu de alguns setores, cada vez mais o Poder Judiciário vem assegurando sua constitucionalidade. Recentemente, uma decisão do Supremo Tribunal Federal fortaleceu essa lei ainda mais, ao decidir que não apenas a vítima, mas qualquer pessoa pode comunicar uma agressão doméstica à Polícia.

A decisão do STF autoriza também o Ministério Público a apresentar denúncia contra o agressor independente da vontade da mulher. Isso porque muitas desistiam da denúncia no dia seguinte, por pena dos maridos, ou por pressão recebida deles.

Com a chegada do século XXI e o avanço da sociedade, a crescente participação das mulheres nos últimos anos no máximo nível de representação governamental é uma amostra dos progressos que elas tiveram em matéria de gênero.

Muito já foi falado e escrito sobre a situação das mulheres, desde as sociedades primitivas, à origem da propriedade privada e do Estado, até os dias atuais, mas em algumas comunidades do País muitas mulheres vivem ainda de forma rudimentar.

Em algumas cidades e povoados do Brasil, vivem como se o tempo não tivesse passado e evoluído, como se ainda vivessem na sociedade primitiva, onde a mulher era considerada como objeto de reprodução e como dona-de-casa.

Nessas sociedades patriarcais elas não tinham o poder de mandar e nem de expressar suas ideias. Inconformadas com essa situação de submissão e dependência, muitas delas se rebelaram, outras tiveram que dar até a sua própria vida em troca de uma posição melhor na sociedade, principalmente no trabalho, na política, e nos direitos sociais.

Centenas de mulheres se destacaram nessa luta, mas ainda assim tiveram que percorrer um longo caminho para isso. Além de assumir cada vez mais um papel central na família e na sociedade, na grande maioria das vezes, os cuidados com a casa e com os filhos ainda ficam sob a responsabilidade das mulheres.

Segundo pesquisa realizada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, o homem brasileiro apoia a ida da mulher para o mercado de trabalho, mas apenas 6,1% dividem as tarefas domésticas com elas.

Segundo a revista Carta Capital, em artigo “Desafios e avanços nos direitos das mulheres”, de Paulo Daniel, apesar de terem avançado no mercado trabalho, em particular na América Latina, com um crescimento notável entre 1990 e 2008 nas zonas urbanas: a taxa de participação econômica das mulheres passou de 42% para 52%.

Segundo o mesmo artigo, isso não quer dizer que as mulheres conquistaram completamente sua autonomia. “Pode-se compreender autonomia, a partir momento em que se tem capacidade de tomar decisões sobre sua própria vida, isto é, a capacidade de decidir sobre sua vida sexual, reprodutiva, de integridade física e econômico-financeira”, diz Paulo.

Muitas trabalhadoras brasileiras, além de enfrentarem a jornada tripla ainda têm que se submeter à brutalidade física de seus parceiros e à falta de compressão deles.
As manchetes dos noticiários estão permeadas de notícias de violências e crimes praticados contra as mulheres; na maioria das vezes, feitos por homens inconformados com o fim dos relacionamentos, como se ainda vivêssemos na barbárie.

Esses homens avaliam que as mulheres são propriedades suas e não querem abrir mão dessa conquista. Tratam mal suas mulheres e ainda querem exigir delas fidelidade, compreensão e carinho como se elas tivessem que abstrair os maus-tratos e as pancadas.

Até que ponto a sociedade brasileira evoluiu e os homens deixaram de ver a mulher como objeto? É um tema que gera muitas discussões ainda e fica aqui a reflexão.

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