Olívia de Cássia Correia de Cerqueira
Não posso continuar minha vida em cima de lembranças de situações passadas. Quando a gente ama, a dor da partida é imensa, seja ela por abandono ou por morte. Partir dói. Dizem os poetas que fere mais a quem se vai do que a quem fica.
Não tive a primeira experiência, mas posso afirmar que a partida é como a dor morte: só quem já passou por isso sabe como é. Para quem está apaixonada, a ausência do ente querido ou a saída brusca dele da nossa vida nos fere de morte.
É uma sensação de vazio, de pancada forte na cabeça, de perda profunda. A gente fica sem chão. É imprescindível chorar. A gente chora, se maltrata e demora a se refazer ou não se refaz nunca mais.
Quando o ente querido sai da nossa vida bruscamente, leva um pedaço da gente, demora para que a gente se refaça, se recomponha e toque a vida normalmente. Não quero mais essa experiência na vida.
Eu quero a felicidade encantadora de uma criança. A felicidade é um estado de espírito. Quando a gente está feliz avalia que nada pode mudar aquela situação. Pode até parecer egoísmo diante de tantas mazelas da vida, mas para que a gente se sinta confortável tem que abstrair algumas coisas do cotidiano.
A vida tem dificuldades e desafios a serem vencidos por etapa e cada degrau que a gente vai subindo vai superando esses entraves, de uma forma ou de outra. Rememorar cada momento vivido é matar um pouco a saudade da presença daquilo que achávamos ser para sempre, mas para sempre é um lugar que não existe.
Não tem felicidade eterna aqui nesse plano, temos algumas falhas, resultado das nossas atitudes, que sem que percebamos, vão nos afetar lá na frente. Eu queria ter mais sensibilidade para compreender algumas situações, de ver o depois, o a seguir.
Mas esse dom não foi dado a todo mundo. Cada um de nós tem os seus privilégios e limites. A gente pensa um reencontro de vez em quando com o passado, mas o passado não volta, é fato. O que será de mim, o que será de nós?
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