Constatações

Olívia de Cássia - jornalista

Boa noite, Diário, em primeiro lugar tenho que agradecer a Deus pelo dia de hoje, pelo meu caminhar ainda que cambaleante. Hoje deu vontade de fazer poesia, instante de saudade, sem sofrimentos. Saudade da vida, do amor interrompido bruscamente, aquele que pensei tivesse conquistado para toda a vida.

Quem nunca chorou de saudade, por amor? Quem já não sentiu aquele nó na garganta, aquele aperto no peito e de repente se viu com lágrimas nos olhos pensando na vida? Quem já não chorou ao ouvir uma bela música, que lhe remete a algum momento vivido?

É bom a gente sentir saudade. Depois de caso passado nos dá a certeza de que temos histórias para contar para os mais moços. Saudade de bons instantes e passagens da juventude.

A vida dá muitas voltas e surpreende a cada passo que a gente dá. Um dia por acontecimentos positivos, alegres e que nos fazem otimistas e outros nem tanto assim.

Sou de um tempo em que por falta de opções culturais na querida União dos Palmares, a gente ficava na pracinha com nossos gravadores ouvindo as nossas músicas preferidas, falando de cultura e dos nossos sonhos pessoais.

Era um tempo de inocência aquele nosso e quando aprendíamos alguma coisa séria, ou ensinamento da vida, tomávamos aquilo como um ensinamento profundo, uma vivência aprofundada.

Não sei se toda aquela ingenuidade nossa nos preparou para a vida, mas é quase certo que deixou boas lembranças e mais suavidade para os enfrentamentos que vieram. Teve momentos que foram de muito sofrimento, dói crescer, mas até isso nos deixou grandes ensinamentos.

Sabe, Diário, eu não tenho vergonha de falar de sentimentos, eu sinto muita falta da minha juventude, porque naquela época parece que a gente não tinha noção de quanto a vida é curta e frágil.

Quando a gente é jovem acha que pode tudo, que se sabe da vida e no fim a gente não sabia era de nada e fomos levados a aprender com a vida o necessário para o dia-a-dia e as labutas.