terça-feira, 8 de maio de 2012

A respiração

Olívia de Cássia-jornalista

Estou cansada, a respiração curta e falha e essa asma alérgica que me incomoda a vida. Coisas que a idade avançada traz. Desço até a cozinha e esquento água para fazer um chã de limão com gengibre e hortelã. Coloco os saquinhos e aguardo uns minutos. A tosse misturada a um chiado no peito me maltratava na infância e agora, na velhice, está de volta.

Só quem é alérgico sabe como isso incomoda e maltrata a gente. Afora esse chato incômodo, vou levando a vida. Tive um ótimo fim de semana. No sábado à noite, aniversário dos 43 anos da minha amiga Carla Regina, da Tribuna Independente. A festa retrô foi impecável e fiz até uns versinhos para Carlinha.

Domingo em casa, descansando e baixando fotos e músicas no computador. Chegou a hora de dormir, mas aguardo a respiração se normalizar. Coloco travesseiros altos para facilitar a respiração e ficar mais acomodada. Ontem à noite tive sonhos, mas quando acordei já não lembrava o que tinha sonhado.

O chã de limão com gengibre e hortelã começou a fazer efeito no organismo e transpiro muito agora. Quando ficava assim na infância, mamãe fazia muitas beberagens caseiras para que eu melhorasse e ficasse sadia. Pisava mentruz no pilão, tirava o sumo e coava no paninho branco e depois batia com leite no liquidificador e dava pra gente beber.

Mamãe fazia chãs; todo remédio que seu Zé Flor ensinava ela fazia e eu tomava tudo sem reclamar, mesmo que o gosto daquilo fosse horrível, mas era para minha melhora, tudo bem. Eu só dava escândalo para tomar injeções e quando precisava usar o Mertiolate nos ferimentos, pois, naquela época doía muito, não era como agora que inventaram uma substância indolor.

Uma vez levei uma topada numa pedra na Rua da Ponte, quando ainda era de barro, e para mamãe colocar remédio no dedo sem a unha foi preciso que minha comadre Lili, mulher do compadre Aristeu, me segurasse juntamente com outra vizinha da rua.

Que dor miserável parece que ficou na alma e dei o maior escândalo em casa e acho que toda a Rua da Ponte escutou os meus gritos. O Rio Mundaú, se falasse, teria muito o que contar ainda.

O peito ainda esta chiando, mas a respiração está se normalizando. O sono não será tão tranquilo hoje, como tem sido nos últimos dias. Muitas atividades estão vindo pela frente e preciso estar bem esperta e ativa para participar de todas elas. Firme e atenta.

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