Olívia de Cássia – jornalista
Há muitos anos passados, na adolescência e na juventude, eu me desesperava se até essa data do ano eu não tivesse comprado alguma coisa nova para mim, fosse roupa, calçado, ou outro mimo qualquer para a casa. Os anos passam e nos trazem outras direções e propostas, ensinamentos de vida.
Hoje estou tranquila e serena com relação a esse detalhe tão pequeno, mas que para muita gente ainda faz muita diferença. Na minha casa nem parece que estamos vivendo a época do Natal. Talvez porque eu não tenha sido educada para isso.
Não é que eu não ache bonito quem enfeita a Casa e deixa tudo decorado de acordo com a época, pelo contrário. Mas é que nunca tive muito jeito mesmo para isso. Não nasci para ser dona-de-casa, sou desajeitada para tudo e não nasci com o dom maravilhoso de ser uma pessoa ‘normal’.
O Natal para mim sempre foi uma data triste, havia muito sofrimento dentro de mim: baixa autoestima, angústia, ressentimento ou sei lá o quê. Sempre fui um pouco triste desde jovem e passava esse dia pensativa, chorando por algum motivo interior: amores impossíveis, falta de carinho, de apoio, saudade dos mortos da família ou de amigos ou outro motivo.
Perdi muito tempo da vida com esse sentimentalismo exagerando meu e hoje percebo o desperdício que foi essa atitude minha e como diz a música, podia ter aproveitado mais, sofrido menos e ter sido mais feliz no passado. Descobri, talvez um pouco tarde, que tudo depende de como a gente ver a vida.
Eu poderia não ter sofrido tanto e de tal forma com o que não valia a pena. Nessa época do ano eu enviava uma centena de cartões e mensagens natalinas para os amigos e familiares, era um costume meu que aos poucos foi minguando.
Hoje não o faço mais, perdi o costume e ele foi substituído pelos e-mails e redes sociais, escrevo as coisas que sinto no blog, não preciso mais importunar ninguém com meus desabafos e histórias de vida, o blog já faz esse papel e quem não quiser ler, não o faz, passa para outra página.
A internet e o computador enriqueceram a minha vida, admito. De certa forma, foram a substituição das minhas cartas e mensagens para os amigos, quando eu enchia a paciência deles com minhas histórias. Além de o PC ser uma ferramenta de trabalho, uso para manter meus contatos com o mundo.
As famílias da Vieira Perdigão se preparam para a nossa reunião e ceia de Natal. Faz tanto tempo que fazemos isso, que virou uma tradição da rua e não consigo viajar para minha querida União dos Palmares nesse dia. A família daqui aumentou. Teve novos nascimentos de bebês, casamentos e novos vizinhos chegaram também.
Estou tão exausta, cansada. Cheguei mais cedo do trabalho ontem e aproveitei para passar a limpo o texto que comecei a escrever na quinta-feira.
Antigamente, o fato de eu não ter podido ter filhos me entristecia e angustiava; hoje entendo que não era para ser mesmo, como muita coisa que perdi na vida. É só uma constatação, não sofro mais com isso.
Meus gatos e cães já me fazem companhia quando me sinto só. Mas não sei quem disse que os filhos fazem companhia para os pais. Entendo que Deus sabe o que faz e a gente é que não entende os seus desígnios.
Talvez eu não fosse mesmo uma boa mãe, não tivesse essa capacidade da indulgência e a paciência que só as boas mães sabem ter. E eu queria ser uma boa mãe se o tivesse sido. O tempo mostrou que além da pouca saúde eu não teria capacidade para tal.
Nessa época do Natal as pessoas fazem muitas festas de confraternização, já é uma tradição. Na TV passa um programa com Caetano, Gil e Ivete Sangalo. Lembro-me de quando eu morava em União e quando que tinha esses programas na TV eu gostava de chamar os amigos para assistir comigo e tomar um vinho. Minha mãe não aprovava.
A gente não tinha muita opção de diversão e como sempre gostei muito de música boa e de shows, costumava conversar com os meninos sobre o assunto; eles me deixavam inteirada dos movimentos musicais e isso desagradava a minha mãe.
Mamãe não achava correto quando eu mandava meus amigos entrarem lá em casa. Era muito atraso da cabeça dela e eu sempre divergi muito sobre essas questões com dona Antônia. Uma vez um colega (Everaldo Mala Véia) entrou no meu quarto, sentou no baú da minha avó para conversar comigo, de portas abertas, mas quando ele saiu de lá de casa eu levei muito carão e uns tapas de mamãe.
Depois ela ficou amiga desse meu amigo. Eu não entendia esse comportamento agressivo dela, mas foi a forma como ela foi educada que fez com que tivesse uma atitude tão rigorosa comigo. Mas eu sinto tanta falta daquele jeito dela. Se a gente pudesse voltar no tempo e desfazer as besteiras que fez e refazer o caminho, seria muito bom.
Por enquanto vou ficando por aqui. Estou pensando em pautas novas para o blog e quem tiver sugestão pode enviar. Feliz Natal para todos e que Deus ilumine os nossos caminhos.
sábado, 24 de dezembro de 2011
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