sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

À beira do caos

Olivia de Cássia - jornalista

Mortes com requintes de crueldade, assassinatos diários nas ruas, roubos, assaltos, violência urbana, espancamentos e mortes às mulheres, maus-tratos aos idosos, corrupção e improbidade administrativa. Estamos vivendo em uma sociedade doente; dizem os sociológos que isso está acontecendo por conta da crise profunda do capitalismo, pode ser.

A gente acorda de manhã para ir ao trabalho e não tem segurança nas ruas, as pessoas já amanhecem o dia mal-humoradas. Se você dá uma esbarrada é capaz de apanhar mesmo pedindo desculpas, não existe tolerância com o outro. Tenho vivido com medo ultimamente, já que meu equilíbrio está tão comprometido.

No trânsito é uma loucura total, muitos carros nas ruas, engarrafamentos quilométricos e um perigo. Tem gente que descarrega toda a sua raiva e adenalina de avenida afora. Essa semana um motorista matou um motoqueiro por conta de desentendimentos, enquanto trafegava na rua.

A gente escuta as pessoas xingarem umas às outras, a mãe do outro, sem nem conhecer quem está ofendendo; esbravejam e saem por aí destilando toda a raiva que sentem do mundo. São pessoas de mal com a vida.

A sociedade precisa ser repensada, estudada e encontrada soluções para tanta impaciência. Há estudos para isso. Se eu não respeito a pessoa que está próxima de mim, como posso exigir que eu tenha um tratamento cordial?

O mundo mudou. Estamos no século XXI, de altas tecnologias, tudo informatizado, ou quase tudo, mas parece que estamos esquecendo do nosso interior. Começa pelo local de trabalho; se eu não me comporto de forma harmoniosa e amável, como posso exigir respeito e consideração por parte das outras pessoas?

O mundo caminha cada vez mais para a excelência na área de descobertas cientíticas, mas a humanidade não foi sábia, ainda, para resolver as questões de conflitos que desencadeiam em guerras.

O poder transforma as pessoas; tem gente que não sabe lidar com isso e basta subir um degrau mais elevado na pirâmide social, se torna arrogante e insuportável. Tudo besteira. Assumir o poder, seja ele qual for, não é para qualquer pessoa. O poder é efêmero, quem está por cima hoje pode cair a qualquer momento e vice versa.

Estamos às vésperas de uma nova eleição, embora seja uma eleição municipal, o pleito envolve todo mundo: deputados, senadores, governadores e muitos outros atores. Os conchavos, as negociações e alianças já começam a aparecer na mídia, mas no frigir dos ovos, os diretórios municipais dos partidos não têm autonomia para uma decisão definitiva.

Os partidos vivem subordinados ao comando estadual. É aquele dito popular “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”. No interior do Estado essa briga é mais feia e as coisas acontecem de acordo com o que rezam os caciques dos partidos. A briga é de titãs, mas espero que aconteça de forma amistosa, obedecendo as regras do bom convívio. Que a pena nos seja leve!

Um comentário:

Ladorvane Cabral disse...

Uma bela crônica, opinião inteligente e bastante equilibrada. Tenho certeza que é o problema de milhares de pessoas que não tem sequer direito de um veículo de comunicação para pedir ajuda ou desabafar como eu também tenho feito.

Parabéns Cássia.

Ladorvane Cabral

A lavadeira Maria Rosa e a Rua da Ponte

Foto: José Marcelo Pereira  Olivia de Cássia Cerqueira Nos anos 1960, na Rua Demócrito Gracindo, conhecida como Rua da Ponte, viviam a lav...