De vez em quando dá aquela sensação de aperto no peito,
vontade de chorar, desabafar, pedir colo. Talvez tenha sido o sonho que tive já
hoje de madrugada, com o dia amanhecendo. Sonhei com mamãe. Fazia tanto tempo
que eu não sonhava com ela que até estranhei e acordei conversando com dona
Antônia.
Estávamos numa casa velha, como se fosse uma escola sem uso
para esse fim e ela me perguntava rindo se eu ia para a faculdade hoje,
enquanto fazia tarefas domésticas como se estivesse estendendo roupas brancas
num varal: era mais ou menos esse o cenário; pelo menos o que me recordo.
No sonho eu havia combinado, não sei se com meus irmãos ou
com amigos, que depois da faculdade viajaria para União dos Palmares. Coisa
mais estranha essa! Aí eu dizia a mamãe que não ia mais para a faculdade ou viajar; só
depois que ela saísse; pois eu ia ficar ali conversando com ela.
Nessa parte do sonho acordei e passei o dia com uma saudade
danada, embora não tenha pensado muito nisso durante o dia todo, assoberbada
que estava de trabalho. Quando chego agora à noite em casa, sento em frente à
TV e começo a chorar, assim do nada, pedindo a Deus proteção, saúde e coragem
para continuar lutando, para ser uma pessoa melhor. Foi aí que eu retomei a lembrança do sonho.
Ligo o notebook e minha gata deita no teclado, balança o
rabinho e começa a brincar, como que para me consolar do sentimento de vazio
que tenho. Tem horas que a gente se pega sensível, carente de pai e de mãe,
mesmo já tendo a idade de ser avó.
Prometi a Malu e Oto que amanhã me dedico mais a eles: no
banho, na arrumação da casa. Bruce Wayne não se conforma com a proximidade da
irmã Janis Joplin e fica com ciúmes. É noite de sexta-feira, em outros tempos
minha rotina seria diferente da de hoje.
Vida que vai seguindo; não podemos parar. Ouço uma canção romântica
e penso em cenas suaves, que poderiam amenizar esse sentimento de aperto. Vou
continuar lutando por dias melhores: é justo. Boa noite.
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