sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Roda viva

Olívia de Cássia - jornalista

De vez em quando dá aquela sensação de aperto no peito, vontade de chorar, desabafar, pedir colo. Talvez tenha sido o sonho que tive já hoje de madrugada, com o dia amanhecendo. Sonhei com mamãe. Fazia tanto tempo que eu não sonhava com ela que até estranhei e acordei conversando com dona Antônia.

Estávamos numa casa velha, como se fosse uma escola sem uso para esse fim e ela me perguntava rindo se eu ia para a faculdade hoje, enquanto fazia tarefas domésticas como se estivesse estendendo roupas brancas num varal: era mais ou menos esse o cenário; pelo menos o que me recordo.

No sonho eu havia combinado, não sei se com meus irmãos ou com amigos, que depois da faculdade viajaria para União dos Palmares. Coisa mais estranha essa! Aí eu dizia a mamãe  que não ia mais para a faculdade ou viajar; só depois que ela saísse; pois eu ia ficar ali conversando com ela.

Nessa parte do sonho acordei e passei o dia com uma saudade danada, embora não tenha pensado muito nisso durante o dia todo, assoberbada que estava de trabalho. Quando chego agora à noite em casa, sento em frente à TV e começo a chorar, assim do nada, pedindo a Deus proteção, saúde e coragem para continuar lutando, para ser uma pessoa melhor. Foi aí  que eu retomei a lembrança do sonho.

Ligo o notebook e minha gata deita no teclado, balança o rabinho e começa a brincar, como que para me consolar do sentimento de vazio que tenho. Tem horas que a gente se pega sensível, carente de pai e de mãe, mesmo já tendo a idade de ser avó.

Prometi a Malu e Oto que amanhã me dedico mais a eles: no banho, na arrumação da casa. Bruce Wayne não se conforma com a proximidade da irmã Janis Joplin e fica com ciúmes. É noite de sexta-feira, em outros tempos minha rotina seria diferente da de hoje.

Vida que vai seguindo; não podemos parar. Ouço uma canção romântica e penso em cenas suaves, que poderiam amenizar esse sentimento de aperto. Vou continuar lutando por dias melhores: é justo. Boa noite.

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